Atenção pode ajudar a evitar ter dor de cabeça com compras online
A frequência de golpes na Internet cresceu muito durante o período de isolamento. Aqui vão 5 dicas para evitar chateações
Desde o início das medidas de isolamento adotadas no Brasil, uma parte considerável da população brasileira passou a fazer uso da Internet para ter acesso a bens e serviços, ao mesmo tempo em que muitas empresas migraram de forma mais intensa para o mercado digital, havendo também o crescimento das fraudes online.
Dentre as fraudes online, é possível destacar a criação de sites falsos com o objetivo de obter dados de terceiros para a prática de ilícitos ou para instalar aplicativos malignos que monitorem o computador de suas vítimas. Referidos sites usualmente se utilizam de marcas conhecidas e respeitadas pelo mercado para induzir os usuários a se sentirem seguros o suficiente para fornecerem suas informações.
Apesar de tal conduta já existir na Internet, a frequência com que passou a ocorrer cresceu muito durante esse período de isolamento. Assim, os fraudadores passaram a criar promoções falsas e postagens sobre assuntos relacionados à pandemia, para atrair os clicks.
Assim, diante deste cenário, com o objetivo de auxiliar os usuários, neste momento tão sensível, compartilhamos algumas dicas importantes para identificar e combater fraudes na Internet:
1.Analise de forma crítica as informações recebidas
É muito importante manter sempre um pensamento crítico a respeito do que está sendo oferecido. Os fraudadores costumam oferecer de forma gratuita, ou por valores bem abaixo do mercado, objetos que são muito desejados pela população (desde iPhones a álcool em gel). Buscam criar assim, um interesse automático dos usuários impactados que muitas vezes deixam de lado a cautela pela chance de se beneficiarem de uma oportunidade.
É comum, ainda, haver algum tipo de incentivo para o compartilhamento do conteúdo com um número expressivo de contatos ou até exigir o compartilhamento como pré-requisito para o recebimento do mencionado benefício, exatamente para aumentar a sua propagação. Ainda, costumam informar que há uma limitação de contemplados, a fim de induzir os usuários a agirem rapidamente por impulso, minimizando as chances de que verifiquem previamente a veracidade das informações.
Embora não seja impossível que grandes empresas lancem campanhas sociais ou façam promoções de seus produtos, é sempre bom que qualquer anúncio neste sentido que seja analisado de forma crítica e cautelosa.
2. Verifique a informação em meios oficiais da empresa
Ao se deparar com uma oferta que possa interessar, e que ao mesmo tempo pareça “boa demais para ser verdade”, é sempre válido fazer buscas pela Internet e se certificar de entrar nos meios oficiais de contato da empresa (site oficial, redes sociais, e-mail) para se certificar da veracidade do conteúdo.
As iniciativas sociais de distribuição de bens de forma gratuita são, em regra, anunciadas pelas empresas por meio de veículos de comunicação, assim como promoções e descontos.
3. Verifique com atenção o domínio da página
As grandes empresas possuem seus próprios sites, geralmente com a marca da empresa na composição do domínio. Assim, uma grande dica para evitar fraudes é analisar o domínio vinculado à oferta suspeita com cuidado.
Para demonstrar as práticas mais comuns adotadas por fraudadores na Internet, usaremos o exemplo da empresa fictícia BELEZA, cujo site fictício oficial seria o www.beleza.com.br:
Extensão que não seja “.com.br”: É comum que as empresas registrem o nome de domínio no país em que atuam. Assim, muitos fraudadores contratam as marcas das empresas como domínios no exterior (por exemplo: https://www.beleza.com, https://www.beleza.com.fr, https://www.beleza.com.io, https://www.beleza.com.it, etc), criando a falsa sensação de que o usuário estaria em contato diretamente com a marca.
Typos mal intencionados: Outra prática comum pelos fraudadores é a criação de um domínio com a composição muito semelhante, mas com um erro de grafia discreto, que pode passar batido pelos usuários (por exemplo: www.deleza.com.br, https://www.belesa.com.br, https://www.beiesa.com.br, etc).
Oferta vinculada a outro site: Em regra, as grandes empresas utilizam seus próprios sites para divulgar iniciativas comerciais ou sociais. Então, desconfie fortemente de qualquer iniciativa que esteja vinculada a sites terceiros, com a marca da empresa sendo indicada com subdomínio (por exemplo: https://www.economia.beleza.com.br) ou como extensão da página (por exemplo: https://www.economia.com.br/beleza).
4. Cuidado com os links patrocinados
Os links patrocinados são anúncios contratados junto aos canais de pesquisa – como Google e Bing – para que sites apareçam em primeiro lugar quando os usuários fazem buscas, surgindo antes mesmo dos resultados orgânicos (classificados de acordo com a relevância e acesso do site à busca realizada).
Considerando o local de prestígio oferecido pelas plataformas, fraudadores muitas vezes contratam links patrocinados usando marcas de grandes empresas ou de produtos com elevado interesse público, de modo que as páginas fraudulentas apareçam entre os primeiros resultados nas pesquisas por referidas empresas e produtos feitos diretamente pelos usuários, induzindo-os em erro. Preste muita atenção antes de acessar o site, para se certificar de que é um conteúdo oficial.
5. Denunciar as fraudes para as empresas
Um outro ponto importante para o combate às fraudes é informar as empresas proprietárias das marcas utilizadas pelos fraudadores, para que possam adotar as medidas necessárias para a exclusão do conteúdo ilícito e identificação dos responsáveis, a fim de evitar a continuidade da prática e que haja novas vítimas.
Assim, podemos não apenas cuidar da nossa segurança na Internet, mas também contribuir para que ela se torne um ambiente mais seguro para todos.
* Gisele Amorim Zwicker é advogada da equipe do contencioso do Opice Blum, Bruno, Abrusio e Vainzof Advogados Associados.
**Renata Yumi Idie é coordenadora da equipe do contencioso do Opice Blum, Bruno, Abrusio e Vainzof Advogados Associados.