Como não perder o controle das finanças
Para finanças mais equilibradas, ainda dá tempo de experimentar práticas como essencialismo, minimalismo e capitalismo consciente
Alerta ligado! O fim do ano chegou, época de sermos bombardeadas por estímulos para gastar dinheiro, muitas vezes além daquilo que de fato necessitamos. É tempo também do risco de estourar o cartão de crédito, queimar a reserva financeira e fazer dívidas. Portanto, mais do que nunca, é hora de trazer para a prática algumas teorias que já vimos aqui e ter critério seletivo para o destino do seu recurso. Estabelecer e adotar, nesse momento, um novo padrão de consumo pode ser uma alternativa para atravessar essa fase e começar um 2023 diferente.
Ter consciência nas decisões de compra também tem impacto direto nas suas finanças pessoais
No livro Essencialismo: A Disciplinada Busca por Menos (Sextante), Greg McKeown traça a mentalidade básica da pessoa essencialista, aquela que consegue eliminar o que não é essencial para ela mesma. Ele estabelece aspectos do viver bem consigo mesmo, trazendo para jogo cuidados com o nosso mais valioso patrimônio, o nosso corpo, envolvendo a saúde física e mental. A narrativa passa por como eliminar as muitas coisas que são triviais (“a liberdade de estabelecer limites”) e como reduzir esforços para as poucas necessidades vitais (“a genialidade da rotina e do foco”).
Como o autor faz questão de ressaltar ao longo do livro, existem muito mais atividades e oportunidades no mundo do que tempo e recursos para investir nelas. “Não basta incluir entre as resoluções de ano novo dizer ‘não’ mais vezes, limpar a caixa de entrada de e-mails ou dominar alguma nova estratégia de administração do tempo. É necessário parar constantemente para se perguntar: estou investindo nas atividades certas?”, questiona. Vale, pelo menos, o exercício da reflexão.
Assim como o essencialista, o estilo minimalista também se popularizou. Ele está relacionado a um indivíduo que se dedicou ao autoconhecimento para concentrar os seus esforços ao mínimo que importa em sua vivência, — levando em consideração sonhos e desejos, vale ressaltar. Qual é a diferença? Na lista do que você considera essencial, corte ainda mais para chegar ao mínimo confortável para o contexto da sua vida.
O essencialismo e o minimalismo são práticas seletivas e não individualistas. Ambos favorecem você e o planeta, uma vez que a sociedade consome mais do que a Terra é capaz de produzir. Em 2022, o Dia da Sobrecarga da Terra foi registrado em 28 de julho: nesta data o planeta esgotou os recursos que os ecossistemas naturais conseguem renovar ao longo de todo o ano. Isso quer dizer que precisamos de 1,7 Terra para sustentar os padrões atuais de produção e consumo da população mundial. Os dados são da Global Footprint Network.
O movimento do Capitalismo Consciente tem a intenção de mudar o jeito de sermos capitalistas. É polêmico, uma vez que o sistema econômico está historicamente baseado na exploração de recursos naturais e mão de obra e na acumulação de capital nas mãos de poucos. Ainda assim, a proposta é que negócios “possam fazer muito mais do que apenas ganhar dinheiro”, como destaca o Instituto Capitalismo Consciente Brasil (ICCB). Portanto, a ideia que podemos maximizar aqui é buscar comprar de marcas que promovam resultados positivos na sociedade, no meio ambiente. e/ou diretamente para pessoas e comunidades. Você sabe de onde vem o que você consome? Quem fez aquele produto? Qual é a matéria-prima?
Já há muitos que fazem esses questionamentos. Um estudo da consultoria Nielsen mostrou que 42% dos consumidores brasileiros estão mudando seus hábitos para reduzir seu impacto no meio ambiente, 58% não compram produtos de empresas que realizam testes em animais e 65% não compram de empresas associadas ao trabalho escravo.
Independentemente do rótulo, ter consciência nas decisões de compra também tem impacto direto em suas finanças pessoais, uma vez que evita gastos desnecessários e além do orçamento. É viver bem dentro do seu limite e do limite do planeta.