Skincare vaginal é procura de mulheres que desejam a ‘vulva perfeita’
Mais da metade delas está insatisfeita com a própria vulva e muitas usam produtos para mudar a aparência da região; Será que os efeitos disso são positivos?
As mulheres estão mais preocupadas com a flacidez, o cheiro e a cor de suas vulvas. Não à toa, o Brasil é campeão em cirurgias íntimas e oferece cada vez mais produtos para alterar a aparência e o aroma dessa região. As adeptas do skincare vaginal estão dispostas a mudar seus hábitos na busca da ‘vulva perfeita‘, mas o que tem de saudável nesse fenômeno e quais são os cuidados necessários para a região íntima feminina?
Maioria das mulheres está insatisfeita com a própria vulva
As brasileiras estão descontentes com suas regiões íntimas. É o que aponta o estudo “Os Estigmas da Vagina”, realizado pela Nielsen Brasil, Intimus e Troiano Branding em 2020: cerca de 68% das entrevistadas possuem alguma insatisfação com a genitália.
A pesquisa ainda revela que 15% das participantes não olham para a região diariamente, 25% não costumam tocá-la e metade confunde a imagem da vulva com a da vagina.
Esse cenário, junto do ideal da ‘vulva perfeita’ – depilada, lisa, clara e cheirosa – explicam os motivos para a procura crescente de produtos e procedimentos que prometam a aparência desejada.
O problema é que, além de cada pessoa possuir sua própria vulva, com cores, formatos e tamanhos diferentes por natureza, muitas vezes tentar mudar essas características causa problemas à saúde da vulva – caso do uso de fragrâncias na região íntima. Pensando nisso, separamos os cuidados indispensáveis para a região.
Skincare vaginal começa pela higienização adequada
A higienização da região íntima deve ser feita pelo menos uma vez ao dia, com água água morna e sabonete íntimo com pH balanceado.
“Também é preciso secar bem a região depois do contato com a água, para prevenir o crescimento de bactérias e fungos, usar roupas de algodão e evitar peças apertadas para prevenir irritações e infecções”, acrescenta a médica Loreta Canivilo, especialista em estética íntima feminina.
Muitas mulheres cometem o erro de fazer a ducha vaginal sem recomendação médica. Essa atitude pode desequilibrar a flora natural e aumentar o risco de infecções: “A vagina possui um sistema de autolimpeza que mantém o equilíbrio da flora bacteriana e o pH adequado, portanto a limpeza deve ser limitada à vulva, a parte externa da genitália”, explica.
Outro ponto é que a limpeza deve ser feita de frente para trás depois da evacuação, impedindo a contaminação por bactérias fecais.
“Durante a higienização, é preciso lavar suavemente, evitando esfregar com força e sem usar esponjas abrasivas”, indica a médica. Após a higienização, é essencial secar bem a área com uma toalha limpa para evitar a umidade, que pode favorecer o crescimento de fungos.
Não use fragrâncias na região íntima
O uso de fragrâncias na região íntima pode causar irritações, alergias e desequilíbrio na flora vaginal. “As fragrâncias podem alterar o pH natural da vagina, o que pode levar a infecções bacterianas e fúngicas, como a vaginose bacteriana e a candidíase”, de acordo com Loreta. Por isso, é recomendado evitar produtos perfumados na genitália.
A vulva vai envelhecer
Assim como outras partes do corpo, a vulva pode mostrar sinais de envelhecimento. “Com o tempo, pode haver mudanças na elasticidade, na cor e na textura da pele”, diz a especialista.
Práticas que ajudam a prevenir ou retardar esses sinais incluem a hidratação regular da área com produtos adequados, proteção solar, evitar fumar, manter uma dieta equilibrada e fazer uma boa higienização.
Além disso, a prática regular de exercícios pélvicos pode ajudar a manter a tonicidade dos músculos da região. Os exercícios são conhecidos por “abre e fecha”, em que a pessoa faz uma leve força para fechar e abrir a vagina em série.
Cuidados antes e depois da relação sexual
Antes da relação sexual, é importante garantir que a área íntima esteja limpa e seca, mas sem excessos de higienização que irritem a pele, conforme Loreta.
“Após a relação, recomenda-se urinar para expulsar quaisquer bactérias que possam ter entrado na uretra durante a relação e prevenir infecções urinárias.”
Também é indicado lavar a área externa com água morna e, se necessário, um sabonete íntimo suave. “É importante também usar preservativos para prevenir infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e escolher lubrificantes à base de água pode ajudar a evitar irritações e desconfortos”, finaliza a ginecologista.