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Qual é o tipo de psicoterapia ideal para você? Entenda as premissas de cada um

Como anda a sua saúde mental?

Por Giovana Feix
Atualizado em 21 jan 2020, 05h07 - Publicado em 13 set 2016, 12h07
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Se é fato que a tristeza e a angústia fazem parte da vida de qualquer pessoa saudável, também é verdade que os diagnósticos de transtornos psíquicos têm aumentado significativamente no Brasil e no mundo. Segundo a Previdência Social, em 2014 mais de 200 mil brasileiros receberam auxílio-doença por conta de transtornos mentais e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o suicídio é atualmente responsável por uma morte a cada 40 segundos no mundo. Um relatório recente feito pelo Market Analysis concluiu que frequentar um psicoterapeuta ainda é inacessível no país, seja por questões financeiras ou simplesmente por ainda ser um tabu: só 2% dos brasileiros recorrem à psicoterapia para resolver seus problemas, ao mesmo tempo em que 30% afirmam ter interesse em frequentar um terapeuta. Então, qual seria o motivo dessa discrepância? 

Quando o impedimento é financeiro, é possível recorrer aos universitários (com o perdão do trocadilho), que têm disponibilizado centros de atendimento gratuitos para a população de baixa renda. É só procurar pela universidade mais perto de você. Qual é o tipo de psicoterapia ideal para você? Entenda as premissas de cada um 

Mas também existem aqueles que, independente do valor, ficam perdidos em meio as tantas abordagens existentes para esse tipo tratamento. Montamos um guia das principais vertentes, mas é sempre importante lembrar: o ideal é experimentar e ver, de perto, com qual você se identifica mais. No fim das contas, é a “conexão” que se consegue estabelecer (ou não) com o(a) terapeuta que faz diferença.

DragonImages/Thinkstock
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Psicanálise

Parte da premissa de que o ser humano não controla tudo conscientemente: há uma parte de sua psique que fica “escondida” dele, o famoso inconsciente. O tratamento busca entender as representações contidas nesta instância. A ideia é que, através do que Freud chama de “associação livre”, o paciente consiga dizer qualquer coisa que vier à telha, enquanto o analista ouve e faz algumas pontuações. Conforme lembra a psicanalista lacaniana Paula Salomão, “é o sujeito que decide qual será a direção de seu tratamento”. Existem ainda diferentes leituras da teoria psicanalítica, como é o caso da Lacaniana, da Kleineana e da Winicottiana, por exemplo.

Psicoterapia comportamental e cognitivo-comportamental

Criador da psicologia comportamental, Burrhus Frederic Skinner acreditava que todo e qualquer comportamento humano é condicionado. Essa linhagem de terapia não acredita no inconsciente, e é justamente por isso que estuda de forma sistemática as ações humanas, comparando-as com o comportamento animal. A terapia comportamental é voltada à previsão, ao controle e à modificação de comportamentos. Já a Cognitivo-Comportamental, comumente chamada de TCC, se difere do comportamentalismo clássico por entender que o sujeito desenvolve padrões na forma de pensar – e que seus comportamentos “externos” são guiados por isso. O trabalho, mais do que uma mera reprogramação do comportamento, consiste aqui em uma reprogramação dos pensamentos.

Wavebreakmedia Ltd/Thinkstock
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Psicologia analítica

Como Freud, Jung acreditava no inconsciente – e chegou a ser, inclusive, cotado pelo pai da psicanálise para ser um de seus mais brilhantes sucessores. O tipo de inconsciente no qual Jung acabou embasando sua clínica, no entanto, é um pouquinho diferente: é o inconsciente coletivo. “Diferente do freudiano, que carrega as marcas da experiência de vida daquele único sujeito, o inconsciente coletivo carrega marcas ancestrais, anteriores à vida do sujeito”, explica Rafael Alves Lima, mestre em psicologia clínica pela USP e autor de Por uma historiografia foucaultiana para a psicanálise: o poder como método. Jung descreveu 12 arquétipos e acreditava que cada pessoa se encaixava em um deles. Esse tipo de terapia também trabalha com associação livre.

Psicoterapia humanista / fenomenológica

Diferente das demais, nesse tipo de terapia o paciente é chamado de cliente. “A proposta fundamental me parece ser a do encontro, a possibilidade de criação de empatia entre terapeuta e cliente”, opina Lima. “O tratamento por si só não tem uma direção programática como os comportamentais, nem está pautado pelo inconsciente como nas psicanálises – é como se a própria relação terapeuta-cliente trouxesse em si mesma uma espontaneidade curativa“. Segundo o especialista, o que está em jogo aqui não é o sentido oculto do sintoma de quem sofre, mas sim o sentido da vida.

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Psicoterapia sistêmica

“Existe uma percepção interessante na abordagem sistêmica, que é a de que não bastaria tratar um indivíduo sem dar atenção à dimensão relacional, ao que se dá no laço com os outros”, explica Lima. As sessões podem acontecer individualmente, mas também em família ou em casal.

Gestalt-terapia

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É um tipo de terapia humanista. Criada por Fritz Perls, crítico do método freudiano, propõe uma terapia voltada para o “aqui-agora”. Nela, são centrais o corpo, as sensações, emoções, sentimentos, pensamentos, fantasias e TUDO o que está presente naquele momento. “Gestalt” em alemão significa “configuração”. A modalidade tem certa influência do budismo.

Psicodrama

A proposta é catártica: que o sujeito consiga encenar suas angústias e, por meio da dramatização, expurgar o que faz mal. “É um exercício de alteridade inspirado no teatro, de se colocar no lugar do outro e se perceber outro”, completa Lima.

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Esquizoanálise

Baseia-se nos escritos de Deleuze e Guattari, teóricos da Filosofia da Diferença e críticos à psicanálise. “Ela é provavelmente a mais insubordinada das psicoterapias à dimensão técnica, sendo quase impossível descrever como uma esquizoanálise se dá: ela é determinada radicalmente no caso a caso, evitando se submeter às circunstâncias ou regras gerais de conduta”, esclarece Lima. Uma de suas ferramentas de trabalho é o esquizodrama, que, como o psicodrama, aposta no teatro para a reinvenção de formas de existência.

Terapia corporal e bioenergética

Apesar de ser um brilhante psicanalista em início de carreira, Wilhem Reich acaba por desenvolver uma linha própria de terapia. “Ele desenvolve conceitos como Caráter e Couraça para descrever suas teses”, conta Lima. A Couraça ilustra a ideia do corpo aprisionado – seria a carcaça sintomática que o sujeito veste no próprio corpo. Ele desenvolve a bioenergética e cria uma série de técnicas voltadas ao equilíbrio da força vital, que ele chamava de orgone.

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