Primeiros cuidados para 10 emergências típicas de verão
O que fazer em casos de queimaduras de sol, desidratação, intoxicação, picadas de insetos, micoses e estragos nos cabelos
Além das temperaturas mais altas, do sol e da possibilidade de curtir praia e piscina com uma bebida geladinha para refrescar, o verão traz alguns problemas bem típicos da estação. São questões referentes aos efeitos do sol na pele, à hidratação, à alimentação e até à atenção que se deixa de dar aos cabelos.
Conversamos com um time de especialistas – Bruno Topis (clínico geral do Hospital Villa-Lobos), Cíntia Guedes (dermatologista), Helena Camasmie (dermatologista do Hospital Rios D’Or), Marcelo Carrato (visagista e cabeleireiro do Studio Miscellanea) e Paulo Rocha (clínico geral e coordenador do Pronto-Socorro do Hospital Santa Paula) – para saber quais devem ser os cuidados imediatos quando esses problemas ocorrem e como evitar que eles retornem.
Desidratação
Por que ocorre: Pela falta de equilíbrio entre a perda de líquidos do corpo e a ingestão de água. Ou seja, a reposição de líquidos no corpo não é suficiente; não se bebe água o bastante.
Quais são os sinais de alerta: Dor de cabeça, queda de pressão, palpitação, diminuição das idas ao banheiro para fazer xixi, xixi concentrado demais (em um tom amarelo escuro)
O que fazer: Repor os líquidos do corpo. Em um quadro de desidratação, o indicado é beber, por dia, de 60 a 80 ml de água por quilo do peso (ou seja, uma pessoa que pese 70 kg deve beber de 4,2 l a 5,6 l de água por dia) até os sintomas sumirem. Não é raro a própria desidratação causar vômitos quando a pessoa tentar beber água, impedindo a reposição de líquidos; nestes casos, é importante ir ao pronto-socorro para fazer a hidratação intravenosa, o popular soro na veia.
Como evitar: Mantendo a hidratação do organismo adequada, bebendo água o dia todo. Sem estar com desidratação, deve-se beber cerca de 3 l de água por dia. Se precisar, coloque um alarme no seu celular para lembrar de beber um copão d’água a cada hora.
Intoxicação alimentar
Por que ocorre: Por uma reação do organismo a toxinas geradas por vírus e bactérias nos alimentos ingeridos. Alimentos expostos por muito tempo em espaços abertos (em restaurantes por quilo, por exemplo) ou mal acondicionados em cozinhas (fora de geladeiras ou congeladores) estão mais sujeitos a causar intoxicação alimentar.
Quais são os sinais de alerta: Dor de barriga, cólica, diarreia, sudorese, palidez, desidratação, queda de pressão, aumento da frequência cardíaca, sangue nas fezes.
O que fazer: Se os sintomas forem fracos e diminuírem com hidratação, apenas esperar que eles desapareçam. Caso haja diarreia aguda e sintomas fortes que não diminuam em um dia, deve-se ir ao pronto-socorro para investigar se trata-se de um caso viral ou bacteriano e tratar com medicamentos, além de tomar soro na veia.
Como evitar: Não comendo em restaurantes cuja higiene seja suspeita; mantendo os alimentos da sua casa bem acondicionados em geladeiras e congeladores.
Queimadura de sol
Por que ocorre: Por falta de uso de protetor solar ou de reaplicação dele, e também pela exposição ao sol sem proteções físicas (chapéus, bonés), especialmente nos horários de maior incidência de raios ultravioletas (das 10h às 16h).
Quais são os sinais de alerta: Ardor na pele, vermelhidão (vale para todos os tons de pele, viu?), dor ao toque na pele.
O que fazer: Hidratar muito a pele com cremes, evitando hidratantes com perfume, que podem causar irritação neste estado delicado. Fazer compressas de água ou de chá de camomila gelados ajuda a aliviar o desconforto. Em geral, não é necessário ir ao pronto-socorro; só faça isso quando houver desidratação severa associada.
Como evitar: Não se expondo ao sol novamente sem protetor solar e reaplicando-o a cada duas horas ou depois de um longo mergulho no mar ou na piscina; usando chapéu ou boné quando se expuser ao sol; evitando a exposição ao sol entre as 10h e as 16h.
Queimadura de sol com bolhas
Por que ocorre: Pela exposição exagerada ao sol sem protetor solar ou proteções físicas, especialmente nos horários de maior incidência de raios ultravioletas (das 10h às 16h).
Quais são os sinais de alerta: Pele muito vermelha, ardor, dor ao toque e bolhas. Trata-se de uma queimadura de segundo grau.
O que fazer: Tomar os mesmos cuidados relacionados às queimaduras simples de sol e ir ao pronto-socorro para fazer um tratamento medicamentoso específico para os sintomas e, possivelmente, fazer hidratação com soro na veia. Na primeira oportunidade, consultar-se com uma dermatologista para fazer um tratamento que garanta a cicatrização uniforme da pele e evite o surgimento de manchas.
Como evitar: Da mesma forma que em relação às queimaduras simples de sol: não se expondo ao sol novamente sem protetor solar e reaplicando-o a cada duas horas ou depois de um longo mergulho no mar ou na piscina; usando chapéu ou boné quando se expuser ao sol; evitando a exposição ao sol entre as 10h e as 16h.
Reação da pele a produtos inadequados
Por que ocorre: Porque a pele precisa de produtos desenvolvidos especialmente para as suas características e reage quando isso não é respeitado. Vale para cremes, protetores solares, pomadas, géis e maquiagem.
Quais são os sinais de alerta: Mudanças negativas nas características da pele, coceiras, manchas, inchaços. Produtos para peles oleosas usados em peles secas, por exemplo, podem causar um ressecamento exagerado, assim como produtos destinados a peles secas podem deixar o sebo das oleosas ainda forte.
O que fazer: Lavar a região com água corrente em abundância, fazer compressas com água ou chá de camomila gelados e, em casos extremos, tomar um antialérgico sob a recomendação de um farmacêutico ou de um médico. Ir à dermatologista para tratar os sintomas e evitar manchas e cicatrizes.
Como evitar: Usando apenas produtos desenvolvidos para seu tipo de pele. Se tiver dúvida sobre qual é seu tipo de pele, consulte uma dermatologista para ela fazer esse diagnóstico.
Picada de inseto que inflama
Por que ocorre: Porque o organismo reage às toxinas deixadas na pele por pernilongos, borrachudos, marimbondos ou abelhas.
Quais são os sinais de alerta: Coceira, vermelhidão local, inchaço, dor, surgimento de pus na ponta da picada
O que fazer: Aplicar pomadas com corticoides para aliviar os sintomas e, se necessário, tomar um medicamento antialérgico sob a recomendação de um farmacêutico ou de um médico. Não é necessário ir ao pronto-socorro, a não ser que a inflamação comece a crescer descontroladamente ou que haja uma reação alérgica forte (mais comum nos casos de picadas de abelhas).
Como evitar: Usando repelentes e reaplicando-os a cada duas horas.
Picada de aranha
Por que ocorre: Porque as aranhas gostam de “sair” no verão e, assim, ficamos mais expostos a elas. Aranhas de jardim e caranguejeiras não são motivo de preocupação. As picadas perigosas são as de aranha marrom (comum no Sul do país), viúva negra (comum no Nordeste do país) e armadeira (comum em todo o país).
Quais são os sinais de alerta: O local da picada fica com dois pontinhos (diferentemente da picada de insetos alados, que deixa um pontinho apenas) e em poucas horas fica vermelho e roxo, indicando que a pele está em processo de necrose. A picada da armadeira dói bastante, a da marrom e da viúva negra nem tanto, podendo nem doer.
O que fazer: Não coçar e ir ao pronto-socorro o mais rápido possível, de preferência em no máximo 12 horas. Se possível, levar a aranha para o médico saber exatamente qual foi a origem da picada. Se você a tiver estraçalhado (nós lhe entendemos!), tentar pelo menos saber qual tipo de aranha era, para poder descrevê-la. Serão prescritos medicamentos antibióticos para conter a inflamação da pele e fazer a picada regredir. Em casos mais avançados, em que a ajuda médica seja procurada só depois de um ou dois dias, é possível precisar aplicar um soro. Isso dependerá da avaliação do médico.
Como evitar: Sempre cheque nos cantos dos cômodos da casa se há aranhas escondidas (elas adoram cantos); quando for tomar banho ou colocar sapatos fechados, cheque se há aranhas nas toalhas ou dentro dos sapatos; se encontrar uma armadeira no jardim (é o lugar de que elas mais gostam), não tente matá-la de muito perto, porque ela ataca e ganha essa briga – é melhor ir com algo que possa acertá-la de longe.
Micoses
Por que ocorre: Porque fungos se proliferam especialmente bem em ambientes quentes e úmidos, que é como fica a nossa pele no verão se não nos secarmos bem.
Quais são os sinais de alerta: Manchas brancas ou vermelhas entre os dedos dos pés (frieiras) ou em áreas de dobras (virinha, axilas e pescoço) e intensa coceira nesses locais.
O que fazer: Ir a uma dermatologista para ter certeza de que se trata realmente de micose e receber a orientação de que medicamentos usar para eliminá-la. Não passar antifúngicos até ter essa certeza, pois eles podem modificar a lesão e dificultar o diagnóstico e o tratamento específico para o caso.
Como evitar: Tendo o cuidado de manter a pele seca; enxugando o corpo ao sair da piscina ou do mar e não ficando por muito tempo com roupas de banho molhadas; dando preferência a roupas de tecidos como algodão e linho, que deixam a pele respirar e não acumulam suor entre o tecido e a pele.
Cabelos esverdeados por causa da água da piscina
Por que ocorre: Por causa do sulfato de cobre usado no tratamento da água da piscina – isso mesmo, o culpado não é o cloro! Ele penetra na queratina, se deposita nos fios e dá aquela coloração esverdeada. Pode ocorrer em qualquer tom de cabelos, mas é muito mais visível nas loiras. Cabelos tingidos são mais suscetíveis, por geralmente serem mais porosos.
Quais são os sinais de alerta: Os cabelos ficam realmente esverdeados.
O que fazer: Molhar os fios com leite, deixar agir por cerca de 30 minutos e enxaguar. Ou pode ser usado o vinagre de maçã: fazer uma mistura de ½ copo de vinagre de maçã para um litro de água, aplicar nos cabelos por cerca de 10 minutos e enxaguar. Xampus antirresíduos também auxiliam na retirada do sulfato de cobre dos fios.
Como evitar: Mantendo os fios hidratados e saudáveis, para que eles não fiquem porosos; molhar os fios antes de entrar na piscina – os fios molhados dificulta a entrada do sulfato de cobre; em caso de cabelos ressecados, aplicando um leave-in nos fios – ele formará uma película ao redor dos fios, ajudando na proteção.
Cabelos excessivamente ressecados
Por que ocorre: Porque o sal do mar e os produtos usados para manter a água das piscinas limpa e segura causam ressecamento dos cabelos; o sol e o vento contribuem na retirada da hidratação dos fios.
Quais são os sinais de alerta: Pontas duplas, pouco brilho, frizz, fios quebradiços e difíceis de pentear.
O que fazer: Hidratar muito os fios, escolhendo cremes cujo pH não ultrapasse 4,0 (quanto mais baixo o pH, mais ele sela as cutículas). Para cabelos secos, o recomendado é usar cremes com bases de mandioca, macadâmia ou coco; cabelos oleosos se dão bem com bases de abacate e cacau; para cabelos tingidos são indicados cremes à base de manteiga de karité ou camomila.
Como evitar: Se estiver na praia, passando o condicionador antes do xampu na hora da lavagem, para retirar os grãos de areia que ficam presos nos fios, e em seguida lavando os cabelos normalmente e hidratando-os uma vez por semana; lavando os cabelos com água morna, já que a água quente abre as cutículas dos fios, danificando-os e deixando-os mais expostos ao ressecamento.