O que é a vaporização vaginal, modinha em spas
No exterior, procedimento foi divulgado pela atriz Gwyneth Paltrow, mas médicos não comprovam eficácia
Um novo procedimento virou modinha em salões de beleza e spa do exterior, a vaporização vaginal. Esse tipo de banho, no entanto, tem gerado controvérsia quanto aos seus supostos benefícios.
A prática consiste em sentar-se sobre um recipiente com água quente misturada com ervas aromáticas, permitindo que a região da vagina receba um banho de vapor.
De acordo com a BBC, inicialmente, o procedimento foi divulgado pela atriz Gwyneth Paltrow, que possui um site de estilo de vida, onde dá dicas sobre tendências de saúde _nem sempre comprovadas cientificamente.
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A atriz Claire Stone começou a ver o procedimento como um negócio e passou a oferecê-lo em um SPA no Reino Unido. Ela afirma que a prática tem “propriedades desintoxicantes, de tonificação, de limpeza do útero e de reequilíbrio hormonal”.
Na Nigéria e na Coreia do Sul, por exemplo, esses banhos já são bem comuns. Depois de sua divulgação, passaram até a ser oferecidos em salões de beleza pelo mundo.
Médicos e pesquisadores, no entanto, ao estudarem a vaporização de perto, afirmam não terem encontrado nenhuma evidência científica de que esse processo traga algum benefício para a saúde. Dependendo do caso e da forma como for efetuado, pode até fazer mal.
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À BBC, a médica Virginia Beckett, do Royal College de Obstetras e Ginecologistas, explicou que “não há evidências que demonstrem que as vaporizações vaginais tenham algum benefício”. Também observou que a suposta tonificação por meio do vapor não é possível, já que “tonificação vem dos músculos”.
Uma segunda especialista, Suzy Elneil, afirma que “a vagina e o útero se mantêm limpos sozinhos”. A médica é especialista de urinoginecologia do hospital do University College, em Londres. Além de todos esses fatores, a genitália também possui uma quantidade enorme de bactérias benéficas e naturais ao corpo, essenciais para o bom funcionamento desse sistema feminino.
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“Eu não consigo pensar em nenhuma circunstância em que inserir água em qualquer estado na vagina seja positivo, porque ela simplesmente leva tudo embora – incluindo as boas bactérias”, explica o professor Ronnie Lamont, do Royal College de Obstetras e Ginecologistas.
Nesse aspecto, é importante não confundir a vagina (que consiste na parte interna que liga o útero com a parte externa) com a vulva e os lábios. Esses dois precisam de limpeza frequente – procedimento que, de acordo com os médicos, deve ser feito, de preferência, com água e um sabonete neutro.
Outro suposto benefício da vaporização, o reequilíbrio hormonal, de acordo com os médicos, também não faz sentido. Nossos hormônios são substâncias produzidas por glândulas no cérebro e em órgãos como o pâncreas e os ovários. Depois de produzidos, eles viajam pela corrente sanguínea e têm efeitos específicos nos órgãos.
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De fato, os especialistas explicam que existem algumas substâncias que afetam a sua produção, mas não podem ser absorvidas pelas paredes da vagina quando entram em contato com o vapor.
Há também riscos ao esquentar a vagina com o vapor da água. Normalmente, o órgão é mantido na temperatura do corpo (37º C), perfeita para seu funcionamento saudável. Ao esquentá-la, aumenta-se o risco de proliferação de bactérias maléficas e fungos, que podem até causar candidíase.
Por mais que ainda não tenham sido encontradas quaisquer evidências sobre os benefícios da prática, as mulheres alegam ter melhorado em muitos aspectos com a vaporização. Para especialistas, esse julgamento é causado pelo conhecido efeito placebo. Por ser um efeito psicológico muito comum, as mulheres acabam acreditando que melhoraram, mesmo passando pela terapia inerte, graças à crença que têm no procedimento.
Ainda não aprovadas por agências de saúde britânicas por suas dualidades, a vaporização pode custar 35 libras (R$ 185). Nos EUA, onde também não é aprovada, custa em torno de US$ 50 (R$ 200). Por aqui, os kits de ervas para a vaporização custam cerca de R$ 10.
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