O alarmante crescimento da obesidade infantil que preocupa o mundo
Estudo da Unicef mostra que 169 milhões de crianças e adolescentes têm excesso de peso, superando pela primeira vez os casos de desnutrição
A obesidade infantil não para de crescer. Pela primeira vez na história, há mais crianças e adolescentes com excesso de peso do que com desnutrição — são 169 milhões contra 166 milhões. Os dados foram divulgados em setembro pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). E o futuro não é nada animador.
As projeções indicam que, se nada for feito, o número de crianças com excesso de peso no mundo poderá ultrapassar 250 milhões até 2030, segundo a Organização Mundial da Saúde. Esse cenário já foi bem menor um dia. Em 1975, eram 16 milhões de crianças e adolescentes com obesidade.
E, se você pensa que esse aumento se deve apenas ao crescimento da população infantil, vale a reflexão: enquanto o número de crianças e adolescentes aumentou cerca de 45% nesse período, os casos de obesidade dispararam mais de 900%.
“É na primeira infância que ocorre o maior aumento do IMC entre as crianças que desenvolverão obesidade. Não é uma ‘gordurinha inocente’. Se uma criança tem obesidade aos três anos de idade, há mais de 90% de chance de ela continuar obesa na adolescência, e depois, na vida adulta”, diz Antje Körner, cientista pediatra e professora na Universidade de Leipzig, durante o congresso EASD 2025, na Áustria.
Mais do que alimentação: as verdadeiras causas do problema
Tratar o excesso de peso apenas como consequência da má alimentação já foi comum no passado. Hoje, as evidências científicas mostram que o problema é mais complexo: fatores genéticos, sociais, econômicos e psicológicos também estão envolvidos.
Um estudo publicado na BMC Public Health revelou que o estigma do peso faz com que crianças e adolescentes evitem ambientes de atividade física ou esportes organizados, por exemplo. Quando a prática de exercícios se torna um desafio, a perda de peso também fica mais difícil — o que cria um ciclo difícil de romper.
Outro fator decisivo é o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. No passado, os brasileiros faziam mais refeições à base de alimentos naturais ou minimamente processados.
Hoje, muitas famílias recorrem a comidas industrializadas por falta de tempo ou de recursos para cozinhar. Um estudo da USP mostra que a população mais pobre é a que mais consome ultraprocessados.
As consequências da obesidade infantil e os desafios do tratamento precoce
As consequências da obesidade infantil são graves. Há maior risco de diabetes tipo 2, hipertensão, problemas ortopédicos, prejuízos à saúde mental, mortalidade precoce e entre outros.
Mas também existe uma janela de oportunidade. “Se conseguirmos reverter a obesidade infantil, podemos também reverter o risco cardiometabólico na vida adulta. É uma fase crítica, mas também uma oportunidade de ouro”, comenta Antje.
O pilar de qualquer tratamento para obesidade infantil é aconselhamento comportamental e psicológico. “É essencial trabalhar não apenas o peso, mas o comportamento e o ambiente”, afirma a especialista. Adquirir hábitos mais saudáveis faz parte do processo.
Fármacos para obesidade infantil
No Brasil, crianças a partir de 12 anos podem receber medicamentos contra a obesidade com a semaglutida. “A primeira abordagem deve ser sempre dieta, exercícios e acompanhamento. Mas, para alguns adolescentes, o tratamento também pode incluir agonistas do GLP-1, como a semaglutida”, afirma Emil Larsen, vice-presidente executivo de operações internacionais da Novo Nordisk, na EASD 2025.
“Isso é essencial porque crianças com obesidade têm grande probabilidade de se tornarem adultos obesos. E sabemos, por estudos, que adultos obesos vivem em média quatro anos a menos. A intervenção precoce pode mudar essa trajetória”, acrescenta Larsen.
Os estudos que embasaram a aprovação da semaglutida para adolescentes mostraram resultados inéditos: os jovens tratados tiveram uma redução média de 18% no IMC — algo nunca visto antes na pediatria.
“Além disso, houve melhora nos marcadores cardiometabólicos, nas enzimas hepáticas, na pressão arterial e na glicemia, além de um impacto significativo na qualidade de vida, especialmente no conforto físico”, diz a professora.
Cerca de 80% dos participantes apresentaram eventos adversos, a maioria leves e gastrointestinais, como náusea, diarreia e desconforto abdominal, semelhantes aos observados em adultos. “Poucos precisaram interromper o tratamento”, observa Antje.
Tratamento da obesidade infantil é para sempre?
Mas esses pacientes precisam do medicamento pelo resto da vida? “Por enquanto, parece que sim, como acontece com muitos tratamentos crônicos. Mas um ensaio clínico está avaliando se é possível reduzir gradualmente a medicação em adolescentes que atingiram IMC normal, sem que haja reganho de peso”, responde a pesquisadora.
Para ela, o mais urgente é colocar a obesidade infantil no centro da agenda médica e de saúde pública. “Ela começa cedo, já vem acompanhada de fatores de risco cardiovasculares e metabólicos e exige uma intervenção estruturada. Hoje, temos opções eficazes e seguras, tanto comportamentais quanto farmacológicas.”
*A jornalista viajou a convite da Novo Nordisk
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