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Exercícios físicos no tratamento do câncer de mama: por que se movimentar faz parte da cura

Atividade regular ajuda a reduzir efeitos colaterais, melhora a resposta ao tratamento e pode até diminuir as chances de recidiva, apontam oncologistas

Por Marina Marques Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
1 out 2025, 14h05
Importância de praticar exercícios físico durante tratamento de câncer de mama
Evidências mostram que a atividade física regular pode reduzir as chances de recidiva e até a mortalidade relacionada ao câncer de mama (stefamerpik/Freepik)
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A prática de exercícios físicos durante o tratamento do câncer de mama tem impacto direto na qualidade de vida e até nos desfechos clínicos das pacientes. Segundo a oncologista clínica Débora Gagliatto, manter-se ativa durante quimioterapia, radioterapia ou terapia endócrina contribui para reduzir sintomas como fadiga, insônia, ondas de calor e cansaço — efeitos comuns associados ao tratamento.

“Está bem documentado que pacientes que se exercitam regularmente durante a quimioterapia sentem menos fadiga, apresentam menos complicações e conseguem manter o tratamento com mais frequência e na dose adequada”, afirma.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), manter o corpo em movimento é um aliado poderoso tanto na prevenção quanto no tratamento do câncer de mama. Estudos apontam que níveis mais altos de atividade física no lazer podem reduzir em cerca de 10% o risco da doença. Além disso, estimativas do órgão indicam que até 13% dos casos em mulheres acima de 30 anos poderiam ser evitados com a prática regular de exercícios, associada a outros fatores como aleitamento materno, redução do consumo de álcool e controle do peso.

Durante o tratamento, os benefícios também são evidentes. Pacientes que se exercitam apresentam menos fadiga, melhoram a qualidade do sono e ganham disposição para enfrentar as etapas da quimio ou radioterapia. “A atividade física ajuda a reduzir sintomas e aumenta a tolerância ao tratamento, além de melhorar a qualidade de vida”, reforça o INCA.

Além do alívio dos efeitos colaterais, estudos recentes sugerem que a atividade física também pode influenciar na sobrevida das mulheres diagnosticadas com câncer de mama. “Ou seja, há indícios de que praticar exercícios reduz a chance da doença retornar e melhora a sobrevida”, completa a médica.

Entre maratonas e quimioterapia: a jornada de Raquel Castanharo

A importância do exercício físico durante o tratamento do câncer de mama
Raquel Castanharo é fisioterapeuta, maratonista e atualmente está em tratamento para o câncer de mama (@crissantoro/Instagram/Reprodução)

Fisioterapeuta, mestra pela USP e maratonista, Raquel Castanharo sempre fez do movimento uma parte essencial de sua vida. Mas foi ao receber o diagnóstico de câncer de mama que percebeu, de forma ainda mais profunda, a importância do cuidado com o corpo. “Eu estava fisicamente muito saudável, com os exames de sangue perfeitos, correndo uma maratona. Então não adianta esperar se sentir doente, porque você não vai se sentir doente e o câncer pode estar lá”, afirma.

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“Não adianta eu pregar ‘faça exercício’ para todo mundo, porque há tratamentos em que a pessoa realmente não consegue sair da cama. O importante é sempre conversar com o oncologista e entender o que é possível”

Raquel Castanharo, fisioterapeuta

Durante o tratamento, a profissional encontrou nos exercícios uma estratégia de enfrentamento, mesmo nos dias mais difíceis. “Na quimio vermelha eu ficava bem baqueada, então fazia musculação e um pouco de cardio. Correr me dava enjoo, mas mantive o que era possível. Agora, na quimio branca, intensifiquei a musculação, porque músculo é sinônimo de qualidade de vida”, conta. Para ela, adaptar a rotina foi essencial: “Meu objetivo não era ficar mais forte ou correr mais, mas apenas me manter saudável.”

Raquel também destaca o impacto emocional desse processo. “Teve um dia que eu estava muito mal, mas decidi dar uma voltinha com meu cachorro no quarteirão. Aquilo já me deixou exausta, mas me fez bem. Aos poucos entendi que a quimio tinha um ciclo, e aprendi a dançar conforme a música dela.” Hoje, sua experiência pessoal reforça também sua visão profissional: a atividade física pode não só trazer qualidade de vida, mas ajudar pacientes a tolerarem melhor o tratamento oncológico.

Além disso, ela faz questão de lembrar que cada caso é único. “Não adianta eu pregar ‘faça exercício’ para todo mundo, porque há tratamentos em que a pessoa realmente não consegue sair da cama. O importante é sempre conversar com o oncologista e entender o que é possível para cada paciente”, explica. Para Raquel, o essencial é não se comparar: “Eu nunca deixei a distância me definir como corredora. Hoje corro 5 km e isso é ótimo. O que importa é se mover dentro do que seu corpo permite.”

Orientação deve ser personalizada

Câncer de mama
Uma em cada oito mulheres pode desenvolver câncer de mama ao longo da vida. (Thirdman/Pexels)
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De acordo com a especialista, a recomendação do oncologista deve sempre levar em conta a condição de cada paciente. “Se uma mulher é sedentária, não vai começar com atividades intensas. Mas é fundamental quebrar o padrão do sedentarismo. Exercícios de equilíbrio, força e resistência, com acompanhamento adequado, já trazem benefícios importantes”, explica. O suporte de profissionais como educadores físicos também pode ajudar na adaptação e segurança da rotina de treinos.

Segundo Gabriela Prior, diretora médica da Daiichi Sankyo Brasil, a indústria farmacêutica tem adotado uma abordagem cada vez mais multidisciplinar no tratamento do câncer de mama, reconhecendo que o cuidado vai além dos medicamentos. A especialista explica que o exercício físico, por exemplo, vem sendo incorporado em protocolos clínicos dos estudos pivotais de medicações investigacionais e programas de suporte ao paciente.

“Estudos mostram que atividades como caminhada, pilates e treinamento aeróbico ajudam a reduzir a fadiga, melhorar a autoestima e diminuir sintomas como depressão e ansiedade durante o tratamento oncológico. É fundamental que as pacientes se sintam confortáveis e felizes em suas rotinas do dia a dia para obterem as melhores respostas em seus tratamentos”, afirma Gabriela.

O papel complementar (e fundamental) dos cuidados não farmacológicos

A especialista da Daiichi Sankyo Brasil destaque que as terapias-alvo representam avanços importantes na precisão e eficácia do tratamento oncológico. Segundo Gabriela Pior, apesar de altamente modernos e específicos, esses tratamentos podem agregar eventos adversos indesejáveis para as pacientes.

“Um olhar mais amplo, com foco em cuidados não farmacológicos como o exercício físico, entre outros, são fundamentais para fortalecimento da paciente. Além de reduzir o estresse e melhorar a disposição, essas estratégias garantem que as pacientes possam tolerar com mais qualidade e por mais tempo seus tratamentos farmacológicos, o que é altamente favorável à resposta terapêutica”, explica a especialista da empresa farmacêutica.

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Poucas contraindicações

Ao contrário do que muitos pensam, as contraindicações são raras. Mesmo pacientes em estágios avançados, como no caso de metástases ósseas, podem se exercitar após avaliação médica adequada.

“Se a doença está controlada e o ortopedista aprova, é possível praticar atividade física. Se a paciente corre, pode continuar correndo. Se faz musculação ou pedala, também está liberada”, diz Gagliatto. O único cuidado especial é com atividades ao ar livre: “Recomendamos sempre o uso de protetor físico, já que a pele pode ficar mais sensível durante o tratamento”.

Exercício como prevenção da recidiva

Para além do impacto imediato, as evidências mostram que a atividade física regular pode reduzir as chances de recidiva e até a mortalidade relacionada ao câncer de mama. “É uma prática ganha-ganha: melhora a tolerância ao tratamento e ainda contribui para diminuir o risco de morte pela doença”, resume a oncologista.

Gabriela Prior destaca ainda sobre a importância de ouvir as pacientes: “é essencial para compreender suas reais necessidades e expectativas”.  Segundo ela, essa escuta ativa permite construir políticas e programas mais sensíveis, personalizados e humanizados, promovendo um cuidado que respeita a individualidade e valoriza a experiência de quem vive o tratamento.

Casa Clã Mama

Imagem de card com o nome de Casa Clã Mama 2025
A edição de 2025 já tem data para abrir o mês do Outubro Rosa (Flávio Santana/CLAUDIA)
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A Casa Clã Mama, evento de CLAUDIA e VEJA SAÚDE que amplia a discussão sobre câncer de mama, reúne especialistas e pacientes para falar sobre conscientização, inovação e diagnóstico.

“Exercício e qualidade de vida no tratamento oncológico” será um dos temas abordados durante o evento. A conversa, que acontece das 14h15 às 15h15 (é necessária inscrição prévia no evento – veja aqui), terá participação da fisioterapeuta Raquel Castanharo, junto com as médicas Débora Gagliato e Gabriela Prior. As especialista irão explicar como movimentar o corpo é essencial para ampliar a qualidade de vida das pacientes.

O encontro acontece na Casa Higienópolis, em São Paulo, no dia 3 de outubro. Os ingressos são gratuitos e abertos ao público. Confirme sua presença gratuitamente pelo Sympla. Confira aqui a programação completa.

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