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Depressão: meditação é aliada no alívio dos sintomas

A servidora pública Lorena Rausch conta como driblou a tristeza e encontrou o equilíbrio da mente

Por Cristina Nabuco
Atualizado em 16 abr 2024, 13h04 - Publicado em 29 jan 2018, 01h58

A depressão é uma doença que atinge uma em cada cinco pessoas no mundo; 11,5 milhões de brasileiros, duas vezes mais mulheres do que homens.

A Organização Mundial da Saúde havia anunciado que em 2020 a depressão seria a primeira causa de adoecimento e de afastamento do trabalho, superando as complicações cardiovasculares. O prognóstico foi antecipado; isso vai acontecer em 2018. A razão é simples. “Muitos permanecem sem diagnóstico, com culpa ou medo do estigma e, pior, sob risco de suicídio”, afirma a psiquiatra Giuliana Cividanes, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

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Ela aponta a conturbada rotina e os hábitos contemporâneos como responsáveis pelo crescimento do número de casos. “As pessoas estão adoecendo menos pelos fatores genéticos e mais pelo jeito de viver”, explica a psiquiatra. Alimentação rica em produtos industrializados, sedentarismo, obesidade e stress desgastam as células, que liberam toxinas inflamatórias capazes de prejudicar várias partes do corpo, inclusive o cérebro.

DEPRESSÃO

Quanto mais cedo a depressão for detectada, mais rápida é a recuperação. Giuliana ressalta que nem sempre o deprimido consegue dar um passo sozinho para buscar tratamento. “Não adianta dizer a ele para ir ao médico. Um amigo ou familiar precisa marcar a consulta e levá-lo quando ele não tem forças para fazer isso.” A mesma recomendação se estende às outras estratégias não convencionais.

“Vá junto a uma aula de ginástica, por exemplo. Não espere a pessoa ter vontade”, sugere. A psiquiatra acredita que, se ela for levada a romper a dificuldade, a vontade aparece depois. “A repetição e o condicionamento ativam o cérebro, criando novas vias de comunicação entre os neurônios, o que pode ser transformador para quem se vê no fundo do poço.”

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A ciência tem demonstrado que as atividades que põem o corpo em movimento e colocam a alma em conexão com o bem-estar, aberta para ajudar o outro, podem funcionar como remédio auxiliar. Evidentemente, só podem ser obtidos bons resultados quando esse tipo de ação está associado à prescrição correta de medicamentos, que corrigem a química cerebral, e à psicoterapia, que atua no sentido de modificar a forma de agir. É preciso recorrer a todos esses recursos para combater a doença.

(Daniela Paoliello/CLAUDIA)

A servidora pública Lorena Rausch, 33 anos, de Belo Horizonte, viu seu casamento ruir depois de 12 anos. Os últimos meses haviam sido desgastantes. Com o marido desempregado, ela cuidava da casa, do filho pequeno, do trabalho, pagava as contas, não tinha vida social. A gota d’água foi descobrir que ele estava tirando dinheiro de casa já prevendo a separação. Lorena resolveu pedir o divórcio.

“De repente a família que eu tinha construído ia por água abaixo. Eu não tenho parentes em BH, estava sozinha, decepcionada e sem energia para reagir a tudo aquilo. E sentia um enorme vazio quando meu filho ia visitar o pai.” Chorava sem parar. Um psiquiatra receitou-lhe antidepressivos. Um mês depois da consulta, foram mais três remédios. “Vi que seria uma bola de neve e que precisava tomar uma atitude. Mas não sabia exatamente qual seria.”

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Naquela época, ela recebeu um e-mail convidando-a para participar de um círculo de meditação semanal. Era um motivo para sair de casa, uma alavanca que poderia resgatá-la do escuro sombrio que enxergava dentro de si. Foi para ver como era e gostou. “A meditação me ensinou a observar meus pensamentos sem julgar ou me identificar com eles”, afirma Lorena. “Naveguei pelo luto, pela dor e frustração. E encontrei em mim mesma os recursos para lidar com o mal-estar e a melancolia”, recorda. Aos poucos, conseguiu reduzir os remédios – sob a supervisão do médico. Faz um ano que frequenta o círculo de meditação. “Adquiri autoconhecimento, estabilidade emocional e leveza no olhar. Onde eu me achava vulnerável, hoje sei que está a minha força.”

A ação positiva da meditação na depressão está bem documentada, diz a médica Giuliana. Uma análise de 47 estudos realizada na Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, e publicada em 2014 no Jama Internal Medicine, mostrou que a meditação alivia os sintomas de ansiedade e depressão. “O doente fica ruminando, recontando o passado, enquanto o ansioso vive de olho no futuro. A meditação põe você no aqui e agora. Ensina a relaxar, o que melhora a oxigenação do cérebro e traz consciência de si próprio.”

Pesquisadores das universidades Coventry, na Inglaterra, e Radboud, na Holanda, examinaram 18 trabalhos com 846 participantes e concluíram que a meditação, assim como a ioga e o tai chi chuan, reverte os danos ao DNA produzidos pelo stress, protegendo o corpo e a mente contra doenças. O resultado foi divulgado em junho de 2017 no jornal científico Frontiers in Immunology.

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