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Câncer de mama: vinho realmente aumenta o risco da doença?

Relatório apontou que a ingestão de meia taça de vinho ajuda no desenvolvimento do câncer de mama. Veja o que dizem os médicos

Por Maria Beatriz Melero Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 15 abr 2024, 15h36 - Publicado em 29 Maio 2017, 17h22
 (Rprodução/ThinkStock)
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Um estudo publicado pelo Fundo Mundial Para Pesquisa com Câncer (WCRF, sigla em inglês) e o Instituto Americano Para Pesquisas Com Câncer (AICR) virou notícia ao afirmar que mulheres que ingerem meia taça de vinho – ou um copo pequeno com a bebida ou cerveja – por dia estão mais sujeitas a desenvolver câncer de mama do que as que não têm esse hábito.

O que o relatório Dieta, Nutrição, Atividade Física e Câncer de Mama (em tradução livre) mostrou, na realidade, é a incidência de tumores na mama associada à ingestão diária de bebidas alcoólicas — principalmente em mulheres na fase da pós-menopausa.

Foram analisados os efeitos da dieta, do peso e dos exercícios físicos no desenvolvimento de câncer em 119 pesquisas feitas com 12 milhões de mulheres em mais de 260 mil casos.

A conclusão apontou que mulheres que entraram na menopausa e que que bebiam 14 gramas de álcool por dia apresentavam 9% mais predisposição no desenvolvimento do câncer de mama do que as que não costumam consumir a substância. Já quem estava no período pré-menopausa apresentou 5% mais chances de desenvolver tumores malignos quando consumiam 10g da substância.

A ingestão de álcool e seus efeitos no organismo das mulheres para o desenvolvimento do câncer de mama, contudo, ainda não tem uma conclusão definitiva, de acordo com os especialistas ouvidos por CLAUDIA. Uma das hipóteses levantadas por Fabiana Baroni Makdissi, cirurgiã oncologista e diretora do Departamento de Mastologia do A.C. Camargo, é que o consumo de álcool está relacionado com a produção hormonal. “A suspeita é de que o álcool eleva os níveis de estrógeno na mulher”, explica.

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Leia mais: Câncer de mama crônico: conheça a histórias de mulheres que vivem com a doença

Estilo de vida

O câncer de mama é o segundo tipo mais recorrente entre as brasileiras — o primeiro é de pele do tipo não melanoma. De acordo com estimativa divulgada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), 57.960 mortes ocorridas, em 2016, foram causadas por ele.

Por aqui, o fator comportamental deve ser levado em conta, argumenta Carlos Frederico Lima, oncologista e diretor do Hospital Fundação do Câncer. “Se você observar a população norte-americana, que é apresenta altos índices de câncer de mama e elevado consumo de álcool, verifica-se uma proporção de 200 casos para 100 mil habitantes. No Brasil, a taxa é de 65/100 mil. Analisando internamente, é possível ver que há menos casos de câncer de mama nas mulheres da região norte do que nas mulheres do sul e sudeste, que costumam reproduzir comportamentos dos Estados Unidos”, conta.

Mas e aquela história de que o vinho, por exemplo, auxilia o sistema cardiovascular? “A resposta para isso está no bom senso. Se eu tomei três taças de vinho vou ter câncer? Se eu não tomei a mesma quantidade, vou ter infarto? Não. O interessante é saber que o uso rotineiro de álcool faz mal“, afirma.

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Leia mais: Câncer infantil cresce 13% nas últimas duas décadas, aponta OMS

Prevenção

De acordo com o Inca, cerca de 28% dos casos novos da doença a cada ano. Para que esse cenário não seja uma realidade recorrente e que ele possa ser revertido, os médicos são categóricos: a prevenção do câncer de mama não é totalmente possível porque há muitos fatores relacionados ao surgimento da doença – e muito deles não são modificáveis, como os fatores hereditários.

O que se recomenda é o controle dos fatores de risco e os chamados fatores protetores, considerados modificáveis. “A mulher deve ficar atenta se há casos de câncer na família e fazer testes genéticos. Se preciso, entrar no programa de vigilância – realizando mamografia e ressonância – e fazer cirurgias de prevenção, como o da atriz Angelina Jolie“, detalhou Max Mano, oncologista titular centro de oncologia do Sírio-Libanês.

Outro ponto importante é não perder a esperanças de solução para a doença, caso ela seja confirmada. “É recomendável que ela faça os exames ginecológicos com frequência. A ausência de casos de câncer na família não a blinda de ter a doença. Além disso, caso ela venha a desenvolver o câncer, que não se culpe. Câncer tem cura”, conclui Fabiana.

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Leia mais: Estudo comprova que a mastectomia de Angelina Jolie ajudou a conscientizar mulheres

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