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8 fatos que você precisa saber sobre candidíase vaginal

75% das mulheres já tiveram ou terão em algum período de sua vida um episódio de candidíase vaginal. Saiba como prevenir, tratar corretamente:

Por Débora Stevaux Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 abr 2023, 12h49 - Publicado em 5 Maio 2017, 22h33
 (Voyagerix/ThinkStock)
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Um recente estudo publicado em um periódico inglês estimou que 75% das mulheres já tiveram ou terão em algum período de sua vida um episódio de candidíase vaginal. A infecção fúngica que atinge a região vaginal, tanto masculina quanto feminina, é extremamente comum, podendo ocorrer nas mais diversas faixas etárias, e por uma série de motivos. As maneiras de identificá-la e preveni-la são simples, como explica o Dr. Ricardo Luba, ginecologista e obstetra a CLAUDIA, além de expor 8 questões fundamentais relacionadas à doença. Confira:

CLAUDIA: Como surge a candidíase e quais são suas causas?

Dr. Ricardo Luba: O fungo candida albicans vive no ambiente vaginal, seja no da menina, da mulher adulta. É responsável também por causar infecções orais. Há também outros tipos de cepas e fungos vivendo no nosso organismo que podem desencadear essas doenças, mas esta é a mais comum. É tão frequente que cerca de três em cada quatro mulheres terão pelo menos um episódio de candidíase no decorrer de suas vidas.

O motivo mais recorrente é o início da vida sexual, que acaba gerando um desequilíbrio no pH da vagina por alterar a incidência de bactérias e fungos que coexistem neste ambiente. No caso da primeira relação, o que ocorre também com bastante regularidade é a infecção urinária. Outro fator que pode ser desecandeante da candidíase é a alteração da temperatura desta parte do corpo humano, que pode acabar favorecendo o crescimento ou a morte de algum organismo. A umidade também ser outro agente causador da infecção. Essas três constantes — pH ou acidez, temperatura e umidade — precisam estar numa constante adequada.

Por exemplo, se você utiliza uma calcinha de lycra num dia superquente, a temperatura e a umidade da vagina certamente serão elevadas. Ou então se você fica de biquíni molhado o dia inteiro na praia, ou também se tem muitas relações sexiais. São atitudes corriqueiras que a maioria das mulheres já tomaram alguma vez na vida e são altamente prejudiciais para a saúde da região vaginal. Mas a candidíase não pode ser considerada uma DST porque a mulher pode desenvolver mesmo sem ter tido relação sexual, mas quando há, é sempre interessante que tanto a parceira ou o parceiro sexual também façam o tratamento. Há pessoas que têm uma tendência maior de desenvolver a infecção, o que chamamos de candidíase de repetição, isto é, mais de duas vezes em seis meses ou mais de três no período de um ano.

Leia mais: 5 perguntas para entender a epidemia de sífilis no Brasil

Quais são os sintomas?

Os sintomas são sempre muito claros: dor, coceira, vermelhidão, corrimento branco, que se assemelha a nata de leite, sensação de secura vaginal etc.

Como o diagnóstico pode ser feito?

Na maioria das vezes as pacientes relatam as queixas e então examinamos através do papanicolau. Mas há também a possibilidade de realizar uma cultura de secreção vaginal junto com uma pesquisa de fungos, para descobrirmos qual tipo de cândida a mulher apresenta.

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Há uma série de receitas caseiras para tratar a candidíase? Como saber qual delas funciona?

Como o pH ideal da vagina é geralmente um pouco ácido, ou seja, em torno de 4,5; algumas pessoas recomendam fazer banho de assento com vinagre ou com leite fermentado, este último por ter lactobacilos vivos, organismos também presentes na vagina para tentar regularizar a flora vaginal. O problema de fazer receitas caseiras é que não há uma exatidão no diagnóstico, então, se você tiver com uma infecção bacteriana, no caso do leite fermentado, estará colocando mais bactérias na região.

O mais indicado, portanto, é procurar um médico ou até mesmo farmacêuticos que estejam aptos a auxiliar. Medicamentos com cloridrato de benzidamina, cremes especializados, antifúngicos de via oral também são indicados. Mas é fundamental que exista a prescrição e o acompanhamento médico porque algumas mulheres podem ter desenvolvido uma cândida mais resistente, ou outro tipo de infecção mista, isto é, bacteriana e fúngica, e não sair procurando coisas na Internet porque corre o risco de se prejudicar ainda mais com isso. Em alguns casos, diminuir a ingestão de carboidratos e chocolate pode ser uma das maneiras de diminuir a incidência da infecção. Em outros, pode ser uma deficiência do sistema imunológico.

Quais são as formas mais efetivas de prevenção?

O ponto-chave da prevenção é a higiene vaginal. Não se lavar corretamente e lavar a região demais são duas atitudes prejudiciais, porque algumas bactérias são fundamentais para o bom funcionamento da região, então se você mata muitas bactérias pode favorecer o crescimento de fungos. Muita gente também se queixa da ação de sabonetes íntimos, que acabam usando e sentindo coceira etc. Se você não apresenta problemas com esses produtos, então pode continuar usando, mas é sempre importante estar atenta às substâncias presentes porque você ser alérgica ou desenvolver uma infecção.

Muitas pacientes preferem usar sabonete glicerinado inodoro e incolor por serem neutros e não alterarem drasticamente o pH vaginal. Outra forma de prevenir é usar sempre calcinhas de algodão, evitar peças muito justas com lycra e outros materiais que não trocam umidade. Até mesmo aquelas roupas íntimas que tem forro de algodão. Neste caso, não adianta muito porque se o revestimento é feito de um desses tecidos, o calor e umidade permanecem. Roupas escuras em dias quentes também devem ser evitadas.

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O que são fatores facilitadores para o surgimento da candidíase?

São fatores que favorecem condições propícias para o surgimento da infecção. Doenças imunodepressivas, como o HIV, diminui a imunidade. Diabetes e tratamentos com medicamentos como anticoncepcionais, antibióticos e corticoides alteram o pH da vagina. Tudo isso favorece o surgimento de infecções fúngicas também chamadas de micoses.

A depilação e o uso de absorventes podem promover o surgimento da candidíase?

Acredito que a depilação não, mas o uso de absorvente íntimo sim porque pode deixar a vagina muito abafada por longos períodos. É importante respeitar a intensidade do fluxo que você tem. Se for menor, usar absorventes íntimos mais finos, se for maior, usar mais grossos, mas sempre lembrar de trocar com a frequência ideal. Protetores de uso diário abafam mais e aumentam a temperatura. Alguns novos modelos revestidos de outros materiais têm um maior respiro, mas ainda são raros no mercado. O coletor é uma excelente opção neste caso e vem ganhando maior visibilidade no Brasil. Mas é necessário saber qual modelo é ideal para você através da medida do colo de útero, além de higienizá-lo corretamente, ferver depois do fim do ciclo etc.

Veja também: Estudo encontra maior incidência de DSTs em quem se depila

Algo muito curioso que percebo nas mulheres brasileiras é que, apesar de se depilarem e usarem muitos produtos específicos para a região vaginal, têm pouca tranquilidade de se tocar, não têm essa cultura. Na França, por exemplo, as mulheres têm uma educação sexual voltada para se conhecerem melhor, se manipularem sem dificuldade.

A candidíase pode estar associada a outras DSTs?

A micose pode aparecer com outras infecções vaginais como clamídia, gonorreia etc. Porque o desequilíbrio do pH favorece o crescimento de fungos e bactérias, mas somente pela questão imunológica.

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