Por que homens e mulheres pintaram os lábios nas eleições de Portugal
A campanha foi marcada por uma tensa polarização, que se tornou palco para inadmissíveis ofensas sexistas
Com mais de 60% dos votos, Marcelo Rebelo de Sousa, de centro-direita, foi reeleito neste domingo, 24, como presidente de Portugal.
Os dias que antecederam a eleição foram marcados por uma tensa polarização entre direita e esquerda, na qual a candidata da esquerda, Marisa Matias, foi vítima de ofensas sexistas feitas pelo oponente da extrema direita, André Ventura.
Com o apoio do movimento antifascista, Marisa viu seus lábios ganharem mais destaques, para o oponente, do que suas próprias propostas governamentais. André criticou a candidata, que usava batom vermelho, por pintar os lábios “como boneca”.
Em entrevista à TV portuguesa, Marisa apontou que “o insulto que André Ventura fez às mulheres não diz nada sobre as mulheres, mas diz tudo sobre esse homem”.
A resposta da população veio por um bombardeio de fotos de mulheres e homens com lábios vermelhos e a hashtag #VermelhoEmBelém, uma alusão à residência do presidente de Portugal, o Palácio de Belém. O intuito do movimento era questionar as condutas machistas da extrema direita.
Entre as personalidades que endossaram a campanha #VermelhoEmBelém, a ministra espanhola da Igualdade, Irene Montero, se destacou ao lembrar de insultos sexistas frequentemente ditos a mulheres.
“’Você se maquia como uma boneca’; ‘Fala como uma menina’; ‘É uma histérica’; ‘Está aí [nesse cargo] porque foi para a cama com seu namorado.’ Vá em frente, Marisa Matias. Viva a luta das mulheres.”
Na Espanha, o movimento também ganhou força com a participação de políticas e ativistas, como a própria Irene Montero, a delegada do Governo contra a Violência de Gênero, Maria Victoria Rosell e o deputado Gerardo Pisarello, integrante da coalizão En Comú Podem e membro da Mesa do Congresso.
O que falta para termos mais mulheres eleitas na política