Solitário e alcoólatra: a dolorosa e trágica vida do verdadeiro Dumbo
O elefante que inspirou o filme da Diney foi tirado de sua mãe e vendido para circos onde foi explorado até a morte
A Disney acaba de lançar no Brasil ‘Dumbo‘, animação que conta a história de um elefante que aprende a voar. Dirigido por Tim Burton, a versão é um remake de um dos maiores clássicos do cinema infantil. Mas você sabia que Dumbo foi inspirado em uma história real?
O verdadeiro elefante se chamava Jumbo e foi capturado na região da atual Etiópia em 1862. Quando foi pego, o elefantinho tinha apenas 2 anos e meio e foi separado de sua mãe (tudo indica que ela foi assassinada pelos caçadores). De sua terra natal, ele foi levado até Paris para se apresentar em um circo, mas, machucado, foi trocado por um rinoceronte.
Ele foi encaminhado então para um zoológico em Londres. O ano era 1865 e ter um animal desses era uma façanha e tanto para esse tipo de parque. Um elefante africano, considerado rebelde, era ainda mais valioso do que os asiáticos, tidos como menores e dóceis. Só que o estado de saúde de Jumbo não era nada bom. Ele ficou sob os cuidados de Abraham Barlett, diretor do zoo.
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O diretor encarregou Matthew Scott, funcionário do parque, para ser o tutor de Jumbo. Solitário, Scott passou a dormir na jaula com o animal e não demorou para que os dois se entrosassem e criassem um vínculo emocional: o cuidador conseguiu curar o elefante e o animal era incapaz de ficar muito tempo longe de seu amigo humano.
Veio então a popularização da fotografia e muitos artistas começaram a retratar Jumbo. Assim, o elefante ganhou fama em Londres e muitas pessoas queriam o ver bem de pertinho. Em 1880, porém, ele começou a desenvolver uma espécie de dupla personalidade.
De dia, era dócil, mas à noite, tinha explosões de raiva e destruía o armazém onde vivia. Barlett, diretor do zoo, criou a hipótese que de Jumbo estava chegando aos 20 anos e por isso estava com os hormônios alterados. O único capaz de controlá-lo era Scott. A maneira como o fazia, porém, era controversa: ele dava uísque ao animal, que ficava bêbado e se esquecia dos acessos de raiva.
Hoje se tem mais claro os motivos que levavam o elefante a destruir tudo o que via pela frente. Richard Thomas, arqueólogo da Universidade de Leicester, no Reino Unido, analisou os restos mortais de Jumbo e constatou que, na verdade, ele sofria com dores de dente por causa das tortas que ganhava dos visitantes.
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Com medo de uma repercussão negativa, o diretor do zoológico vendeu o elefante ao um circense americano P. T. Barnum. Os ingleses não gostaram nada do negócio e, quando Jumbo se recusou a entrar numa caixa para ser levado aos Estados Unidos, a ação foi considerada patriótica pela nação.
Ele acabou indo mesmo assim e na América do Norte foi vendido como “o maior animal do mundo”. Tudo acabou quando a trupe do circo estava saindo de uma cidade canadense. Jumbo e um bebê elefante estavam cruzando uma linha férrea quando uma locomotiva apareceu de surpresa. Iria pegar o bebê em cheio, não fosse Jumbo tê-lo protegido com seu corpo. O preço foi a morte, contou o dono do circo.
Outro relato mais crível existe. “[Barnum] nos fez acreditar que a morte foi um grande ato heroico, em que Jumbo se sacrificou para salvar o filhote. Mas não foi assim”, disse o Sir David Attenborough, diretor do documentário Attenborough and the Giant Elephant. Segundo ele, enquanto subia em um trem, outra locomotiva que vinha no sentido contrário acertou Jumbo, que tinha 24 anos.
A mentira faria Barnum lucrar mais mesmo com a morte do elefante. Ele ainda venderia os restos mortais e dissecaria o cadáver para que Jumbo rodasse com o circo de qualquer forma.