Políticos e entidades lamentam a morte de Marielle Franco
Assassinato da vereadora e ativista de direitos humanos gerou comoção nacional
As redes sociais foram tomadas por mensagens lamentando a morte da vereadora Marielle Franco, 38 anos. Ativista dos direitos humanos, ela foi assassinada na noite de quarta-feira (14) no centro do Rio de Janeiro enquanto voltava de um evento em que foi discutido o aumento da violência contra contra mulheres negras. O motorista Anderson Pedro Gomes, 39 anos, que conduzia o veículo, também foi assassinado.
Coluna da Zaidan: Nenhuma Marielle a menos
Entre diversas publicações de civis ressaltando a importância do trabalho de Marielle, políticos e entidades também expressaram seu pesar com o ocorrido por meio de notas oficiais. A polícia trabalha com a hipótese de execução, uma vez que os criminosos não roubaram nada e atiraram no exato local em que a vereadora estava sentada, mesmo o veículo tendo vidros escuros.
O governador do estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e o presidente da República, Michel Temer, garantiram reforços nas investigações do ocorrido e afirmaram que o crime não ficará impune. Torquato Jardim, ministro da Justiça, disse que o acontecimento não põe em xeque a intervenção federal. Já o PSOL, partido de Marielle, ressaltou que “Não podemos descartar a hipótese de crime político, ou seja, uma execução. Marielle tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari.”
Marcelo Crivella, prefeito do Rio de Janeiro
“É com profundo pesar que lamentamos o brutal assassinato da vereadora Marielle Franco cuja honradez, bravura e espírito público representavam com grandeza inigualável as virtudes da mulher carioca. Sua trajetória exemplar de superação continuará a brilhar como uma estrela de esperança para todos que, inconformados, lutam por um Rio culto, poderoso, rico, mas, sobretudo, justo e humano. Em cada lar uma prece, em cada olhar uma lágrima e em cada coração um voto de tristeza, dor e saudade. É assim que hoje anoitece a cidade desolada e amargurada pela perda de sua filha inesquecível e inigualável. Que Deus a tenha!”
Luiz Fernando Pezão, governador do Rio de Janeiro
“Lamento profundamente esse ato de extrema covardia contra a vereadora Marielle Franco, uma mulher admirável, guerreira e atuante, de liderança inequívoca, que tanto lutou contra as desigualdades e violência da qual acabou sendo vítima. Solidarizo-me com familiares e amigos, e acompanho, com as forças federais e integradas de Segurança, a apuração dos fatos para a punição dos autores desse crime hediondo que tanto nos entristece.”
Michel Temer, presidente da República
“Lamento esse ato de extrema covardia contra a vereadora Marielle Franco. Solidarizo-me com familiares e amigos, e acompanho a apuração dos fatos para a punição dos autores desse crime. Pedi ao ministro Raul Jungmann para colocar a Polícia Federal à disposição para auxiliar o interventor do estado do Rio de Janeiro, general Walter Braga Neto, na investigação. Esse crime não ficará impune”.
Confira: AO VIVO: Notícias sobre a morte de Marielle Franco
Dilma Rousseff, ex-presidente da República
“Lamento e repudio a morte da ativista Marielle Franco, vereadora pelo PSOL, e de Anderson Pedro Gomes, seu motorista. Um ato covarde praticado contra uma lutadora social incansável. As circunstâncias dessas mortes – baleados dentro do carro, no Centro do Rio –, são absolutamente chocantes e podem indicar que foram executados. Estou profundamente chocada, estarrecida e indignada. Espero que as investigações apontem os responsáveis por este crime abominável. As mortes violentas de Marielle e de Anderson precisam ser apuradas com o rigor da lei. Tristes dias para o país onde uma defensora dos direitos humanos é brutalmente assassinada. Ela lutava por tempos melhores, como todos nós que acreditamos no Brasil. Devemos persistir e resistir nesse caminho. Minha solidariedade e votos de pesar às famílias de Marielle e Anderson, seus companheiros e amigos, também aos militantes do PSOL. Suas mortes não serão em vão”.
PSOL
“O Partido Socialismo e Liberdade vem a público manifestar seu pesar diante do assassinato da vereadora Marielle Franco e de Anderson Pedro Gomes, motorista que a acompanhava. Estamos ao lado dos familiares, amigos, assessores e dirigentes partidários do PSOL/RJ nesse momento de dor e indignação. A atuação de Marielle como vereadora e ativista dos direitos humanos orgulha toda a militância do PSOL e será honrada na continuidade de sua luta. Não podemos descartar a hipótese de crime político, ou seja, uma execução. Marielle tinha acabado de denunciar a ação brutal e truculenta da PM na região do Irajá, na comunidade de Acari. Além disso, as características do crime com um carro emparelhando com o veículo onde estava a vereadora, efetuando muitos disparos e fugindo em seguida reforçam essa possibilidade. Por isso, exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!”
Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres
“A Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres vem a público manifestar sua solidariedade aos familiares e amigos da vereadora Marielle Franco neste momento de dor. Marielle foi morta a tiros na noite de ontem (14), no centro do Rio de Janeiro, no auge dos seus 38 anos de vida. A vereadora era presidente da Comissão da Mulher, líder do movimento negro e defensora dos direitos humanos. A SPM pede apuração rigorosa do caso as autoridades competentes e segue acompanhando a apuração.”
Leia sobre: Atos marcados após morte de Marielle Franco, vereadora assassinada
Ministério dos Direitos Humanos
“Com indignação profunda, o Ministério dos Direitos Humanos expressa tristeza e pesar pela morte da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, e do motorista Anderson Pedro Gomes. Liderança significativa e símbolo do ativismo em direitos humanos, Marielle teve atuação decisiva na defesa dos direitos de todos os cidadãos, com lutas expressivas na área de segurança pública e nas causas das mulheres, negros e população LGBT.
O ministro Gustavo Rocha e o ObservaRIO vão se reunir nesta quinta (15) com o interventor federal, General Braga Netto, e reforçar o pedido de rigor nas investigações do crime. Todo o aparato do ObservaRIO e a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos estão mobilizados para acompanhar o caso. O Brasil e o Rio de Janeiro não podem mais aceitar o estado de barbárie que leva a crimes como o que vitimou Marielle. Neste momento, governo e sociedade civil precisam estar unidos para buscar soluções concretas de segurança, sem perder de vista o fundamento indispensável do respeito aos direitos humanos.”
Torquato Jardim, ministro da Justiça
“Foi uma tragédia, mais uma tragédia diária do Rio de Janeiro. Lamentável. É preciso conhecer bem as razões e encontrar os responsáveis. Isso não põe em xeque a eficácia da intervenção federal [na segurança do Rio de Janeiro]. […] O fato de ontem é uma tragédia em si, isso é uma tragédia, é mais uma tragédia inomeável das centenas que estão ocorrendo no Rio de Janeiro há muito tempo, milhares se vocês contarem vários anos. Mas vamos por partes, vamos atuar com cuidado e investigar o caso, caso a caso”.
Rodrigo Maia, presidente da Câmara
“O assassinato da vereadora Marielle Franco, do Psol, e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, no centro do Rio, significa um trágico avanço na escalada da barbárie que deve ser contida custe o que custar. Solidarizo-me à sua família, à família do Anderson, e exijo junto com eles: justiça e paz. Justiça para conter os autores dessa execução, paz para a sociedade carioca e brasileira”.
Marcelo Freixo, deputado estadual (PSOL)
“Não havia qualquer ameaça sobre ela. O (vereador) Tarcísio (Motta) convivia na câmara com ela. Eu tinha contato diário com a Marielle, ela trabalhou 10 anos na minha equipe, não tinha qualquer ameaça. A irmã dela está aqui com a gente. A gente vai cobrar com rigor, todas as características são características de execução. Evidente que vamos aguardar todas as conclusões da polícia, cabe à polícia fazer a investigação, mas a gente, evidentemente, não vai nesse momento aliviar isso. As características são muito nítidas de execução, a gente quer isso apurado de qualquer maneira apurado o mais rápido possível. Não é por cada um de nós, é pelo Rio de Janeiro. Isso é completamente inadmissível, uma pessoa cheia de vida, cheia de gás, uma pessoa fundamental para o Rio de Janeiro, brutalmente assassinada. Marielle foi uma cria nossa. Conheci a Marielle muito jovem, saindo dos pré-vestibulares comunitários. Trabalhou 10 anos na minha equipe. É uma figura extraordinária. Isso é inadmissível.”
Anistia Internacional
“O Estado, através dos diversos órgãos competentes, deve garantir uma investigação imediata e rigorosa do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro e defensora dos direitos humanos Marielle Franco. Marielle foi morta a tiros na noite desta quarta feira, 14 de março, no bairro do Estácio na cidade do Rio de Janeiro. Marielle Franco é reconhecida por sua histórica luta por direitos humanos, especialmente em defesa dos direitos das mulheres negras e moradores de favelas e periferias e na denúncia da violência policial. Não podem restar dúvidas a respeito do contexto, motivação e autoria do assassinato de Marielle Franco”.
OAB-RJ
“Assim que tomou conhecimento dos bárbaros assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista, Anderson Pedro Gomes, ocorridos na noite desta quarta, no bairro do Estácio, região central do Rio, o presidente da OAB/RJ, Felipe Santa Cruz, entrou em contato com a Chefia de Polícia para cobrar uma imediata e rigorosa apuração do crime. “A OAB/RJ não vai descansar enquanto os culpados não forem devidamente punidos. Os tiros contra uma parlamentar eleita e em pleno cumprimento do mandato atingem o próprio Estado democrático de Direito”, afirmou Felipe.
Marielle foi a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016 (46.502 votos). Nascida no Complexo da Maré, era socióloga, com mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tendo feito sua dissertação sobre o funcionamento das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) nas favelas. Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Também coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, ao lado do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). Neste primeiro mandato, Marielle era presidente da Comissão Mulher da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro.”