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No Brasil, 80 pessoas trans morreram apenas no primeiro semestre

"Nunca houve um momento tão vulnerável e violento", afirma Bruna Benevides, co-autora do boletim realizado pela Antra

Por Da Redação
7 jul 2021, 18h44
trans
Bandeira do orgulho transexual (AlexLMX/ThinkStock)
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No primeiro semestre deste ano, o Brasil teve 80 pessoas transexuais mortas, segundo um relatório realizado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). “Nunca houve um momento tão vulnerável e violento para pessoas trans como o que estamos vendo agora”, afirmou Bruna Benevides, uma das autoras do levantamento, ao G1.

A vítima mais jovem foi a adolescente Keron Ravach, de apenas 13 anos, assassinada a pauladas no início do ano no Ceará por um homem de 17 anos, de acordo com a polícia. Ela é a vítima mais nova na história do monitoramento feito pela Antra há quatro anos.

Em um dos casos mais recentes de transfobia, que aconteceu no último mês, outro menor de idade foi indicado como suspeito de atear fogo em Roberta da Silva, 33 anos, em Recife. A vítima está internada em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e já teve um braço amputado.

Keron Ravach

Keron Ravach é a vítima mais jovem segundo relatórios da Antra. Os números não são exatos, já que não há um levantamento oficial, por isso a associação acredita que o número de mortes nos primeiros seis meses do ano pode ser maior.

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O Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo e, ao longo de 2020, ocorreram mais de 175 assassinatos. Do total, 100 foram registrados no primeiro semestre do ano. Se comparado com 2021, há uma queda que, segundo Bruna, precisa ser analisada com o escopo pandêmico, já que a pandemia não estava estabelecida no país no início de 2020.

Para ela, a crise agravada pela Covid-19 piorou também a vida de pessoas trans, principalmente para aqueles que sobrevivem por meio da prostituição, que é o caso da maior parte das vítimas.

Assim como nos relatórios anteriores, o deste ano também confirma que as mortes violentas são mais recorrentes entre mulheres trans e travestis negras. Os estados com mais números de casos são Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo.

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Expectativa de vida

A expectativa de vida da população trans e travesti no Brasil não passa de 35 anos. A maioria das vítimas do levantamento tinha menos do que isso. O caso de Keron, 13, é um grande exemplo de que a morte atinge cada vez mais os jovens.

Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia
(MarijaRadovic/ThinkStock)

A ativista adverte ainda sobre o futuro de pessoas trans: “Isso dá um recado muito violento para a nova geração. Essas pessoas passam a não mais enxergar um futuro promissor”.

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Além das mortes, o levantamento, que é assinado por Bruna e por Sayonara Nogueira, a presidente do Instituto Brasileiro Trans de Educação (IBTE), indica também que, neste período, 33 tentativas de assassinato, como o caso de Roberta, e 9 casos de suicídios também foram contabilizados.

As mortes são caracterizadas por muita violência e crueldade. “São casos de estupros coletivos, corpos incendiados, vítimas de tentativas de execução, pessoas atiradas de dentro de veículos em movimento, espancamento, sequestros, desaparecimentos”, explicou Bruna.

A violência reorganizada

Bruna explica que as agressões contra a população trans foram organizadas de outras formas, como o projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa de São Paulo proibindo pessoas LGBTQIA+ em propagandas.

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“Houve o surgimento de um levante antitrans que incorpora uma suposta proteção de crianças e adolescentes, mas que, na verdade, está se organizando para impedir o acesso a cuidados e a um ambiente acolhedor”, conta ela, que relaciona esse apagamento da população com o perfil de seus assassinos. “Que juventude estamos formando ao ver esse cenário que está organizado para tentar impedir que pessoas trans sejam trans?”, indagou Bruna.

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