Números de mortes por Covid-19 na região sudeste supera nascimentos
Na primeira semana de abril, foram mais de 15 mil óbitos contra mais de 13 mil nascimentos
Pela primeira vez na história, o número de mortes ultrapassou o de nascimentos na região sudeste do Brasil. Na primeira semana de abril foi registrado mais de 15 mil óbitos contra mais de 13 mil nascimentos na região. São quase dois mil óbitos a mais que nascimentos.
Os dados preliminares foram divulgados pela Associação dos Registradores de Pessoas Naturais, os cartórios têm 10 dias para realizar os novos registros e foram concedidos pelo Portal da Transparência.
Segundo o último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), foram contabilizados mais de 212 milhões de brasileiros. Nos 120 anos em que o índice de nascimentos e mortos no Brasil é estudado, a população só cresceu. Na virada do século 20, o Brasil contabilizava 17,4 milhões de brasileiros.
O IBGE esperava que as linhas de óbitos e nascimentos apenas se cruzassem em 2047. Mas a pandemia da Covid-19 pode adiantar em décadas esse fenômeno. Em um mês, o Brasil como um todo, e não só a região sudeste, poderá registrar mais mortes em relação a nascimentos.
Recorde de mortes diárias
Nesta quinta-feira (8), o estado de São paulo registrou 1.229 mortes por Covid, chegando a 80.742 vidas perdidas para a doença desde o início da pandemia.
Airton Stein, epidemiologista e professor da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre, explica que a pandemia foi refletida de forma mais grotesca em países com mais desigualdade, como o Brasil.
“É uma situação muito complexa, mas isso ficou mais exposto nos países onde tem falta de estrutura de bem-estar social – não apenas sistema de saúde, mas de apoio para aquelas populações vulneráveis e, principalmente, com um número muito grande de vulneráveis”, aponta.
“A epidemia deixou mais em evidência essa interação social com a saúde. As pessoas estão mais expostas a circularem por terem trabalhos em que precisam circular e, também, por não terem acesso a serviços de saúde adequados”, afirma Stein.