Músicos lamentam a morte do produtor Carlos Eduardo Miranda
Responsável por lançar nacionalmente talentos como Skank e Gaby Amarantos, seu rosto ficou conhecido principalmente ao se tornar jurado do 'Ídolos'
O produtor musical Carlos Eduardo Miranda morreu na noite desta quinta-feira (22), em São Paulo, aos 56 anos. Segundo amigos próximo, ele teria sentido uma forte dor de cabeça e ido para o quarto, onde sentou-se na cama e veio a falecer, informa o UOL. Entre diversos trabalhos de relevância na música brasileira, Miranda foi jurado do reality musical “Ídolos” em 2006 e 2007, no SBT, e responsável por revelar bandas como Skank, Raimundos, O Rappa e Gaby Amarantos.
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Bastante querido no meio, o produtor foi homenageado nas redes sociais pelos artistas que lançou.
O perfil oficial do Skank relembrou a importância que Miranda teve na trajetória da banda mineira:
“O grande Carlos Eduardo Miranda foi uma figura seminal na nossa história. Foi ele quem chamou a atenção da imprensa do eixo Rio-SP sobre um quarteto que vinha de Minas Gerais e misturava reggae, pop, ska. Foi a chave que abriu a porta pro que viria depois.
Ele teria ainda grande contribuição ao longo da nossa carreira, especialmente no disco Maquinarama. Estamos muito tristes com a notícia de seu falecimento. Que sua travessia seja tão leve e divertida quanto a vida que ele levou aqui. Nossos pensamentos estão com sua filhinha Agnes e sua companheira, Bel. Vá em paz, amigo.”
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Além dessa mensagem, os membros da banda também lamentaram o falecimento do amigo. Em seu perfil, o vocalista Samuel Rosa expressou sua gratidão ao produtor e reforçou a importância que ele teve para o rock nacional, principalmente nos anos 1990:
“Triste ter que se despedir desse cara. Se não existisse Miranda talvez a história do rock brasileiro a partir dos anos 90 fosse completamente outra. Foi ele quem literalmente descobriu e trouxe a cena várias bandas daquela geração, inclusive o Skank.
Se fôssemos falar da primeira metade da década de 90 então, diria sem pestanejar que praticamente todas as bandas que se tornaram conhecidas tiveram o seu crivo. Nos o conhecemos ainda como editor chefe da revista Showbizz, espécie de bíblia pra quem curtia música e cultura pop naquela época. Conhecia de música como poucos.
Foi nessa mesma revista que ganhamos nossa primeira capa em 1992 ainda como banda independente. Tudo pelas mãos desse querido amigo que ainda viria a trabalhar como produtor em Carrossel 2016 e seria uma espécie de consultor musical de cargo vitalício dentro do Skank. Sem suas críticas e suas sugestões não teria existido Maquinarama e Cosmotron, álbuns revolucionários na discografia da banda.
Posso dizer sem nenhum exagero, e sem me contaminar pela emoção do momento, o que também não seria um pecado, que esse grande amigo que partiu hoje, foi uma das figuras mais importantes da história do Skank e por certo do rock brasileiro dos 90. Vá em paz querido Miranda, sua missão foi cumprida com louvor. Eterna gratidão.”
O tecladista Henrique Portugal utilizou o mesmo texto publicado no perfil oficial da banda para expressar seus sentimentos. Já o baixista Lelo Zaneti relembrou pontos positivos da personalidade de Miranda e pediu que os “céus estejam em festa” para recebê-lo:
“Triste perda para a cena Musical Brasileira. Nosso Amigo, Mestre e Grande Produtor Carlos Eduardo Miranda!!!!! Ele sempre incentivou as bandas novas, e dentre elas o Skank e todas do selo Banguela ao qual somos contemporâneos da cena dos anos 90. No nosso Disco Maquinarama, ele nos mostrou com maestria novos caminhos de referências musicais que também nos deixaram extasiados!!!! Em 2006, tivemos a alegria do Miranda produzir conosco uma parte do Disco Carrossel. Obrigado por toda amizade e companhia!!!!! Que os Céus estejam em festa para receber você assim sempre divertido, sábio e cheio de boas novas !!!!”
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O perfil oficial d’O Rappa também prestou sua homenagem a ele e agradeceu Miranda por sua importância na trajetória da banda e de tantas outras:
“Acabamos de saber da passagem de um grande cara. Esse aí da foto, cercado por discos foi responsável por algumas das coisas mais legais que já aconteceram na música brasileira contemporânea.
Carlos Eduardo Miranda era antes de tudo um amante da arte. Jornalista, músico, produtor e mais do que tudo, um grande agitador cultural com uma grande importância na nossa carreira e de tantas outras bandas da nossa geração.
Produziu o nosso Acústico MTV, um dos discos do qual temos mais orgulho e era grande parceiro do nosso também saudoso Tom Capone, com o qual já deve ter esbarrado noutro plano e deve estar pondo o papo em dia. Vai em paz, irmão, força pra sua família e fique com a certeza de que você não veio a este mundo a passeio, sua obra por aqui é eterna!”
A cantora Gaby Amarantos publicou uma foto ao lado do amigo, também diretor do seu disco de estreia Treme, e contou que conversou com ele no telefone no dia anterior à sua morte, para parabenizá-lo por seu aniversário:
“GRATIDÃO VELINHO, a gente se falou ontem, foi aniversário do Miranda e esse cara me ensinou muito sobre ser artista. Ele sempre acreditou na música do Pará, eu vou lembrar do seu coração amoroso, do seu lado manteiga derretida e do paizão nosso que ele sempre será. A vida é um sopro, por isso aproveitem as amizades verdadeiras e o Mi era assim, um AMIGO GIGANTE.”
A ousadia e criatividade de Miranda foram exaltadas pela banda Cansei de Ser Sexy:
“O Miranda foi um dos maiores responsáveis pelo Cansei acontecer. Ele não só assinou a gente com a Trama, nossa primeira gravadora, como foi fundamental em vários aspectos da parte criativa. Foi dele, por exemplo, a idéia de colocar um CDR virgem dentro CD de lançamento… pra estimular pessoas a basicamente copiar o disco q eles acabaram de comprar e dar de graça pra um amigo (isso na época que as gravadoras morriam de medo dos Napsters da vida).
Ele era um cara revolucionário, entendia de cultura pop e de música como poucos, e era uma das pessoas mais queridas, engraçadas, amorosas e alegres que passaram pela nossa vida. E temos certeza que ele significa tudo isso e muito mais pra muitas bandas e artistas brasileiros, o que mostra o impacto que ele teve no cenário musical do país.
Muito triste ver uma pessoa tão boa ir embora tão cedo. Nosso coração está partido. Mandando nosso amor pra família, e pra todos os incontáveis amigos tocados pelo carinho, senso de humor e alegria do Miranda. Valeu, Velinho.”
Além de publicar um vídeo em que Miranda aparece falando sobre a banda Raimundos, o vocalista e guitarrista Digão disse que vai manter sempre em seu coração a expressão “Bah, velhinho”, tão utilizada pelo produtor:
“Perdemos nosso Guru da música e arte, um homem sem fronteiras, explorador do estranho, esquisito e legal! Nosso Rick Rubin!!! Não existem palavras suficientes pra expressar a minha eterna gratidão por ter acreditado nesses malucos de Brasília aqui! “Bah velhinho” vai ecoar pra sempre no meu coração… Muita luz pra você e sua família meu Grande Amigo!!! “
A Mundo Livre S/A lamentou que, após ter feito isso tantas vezes, Miranda não irá ouvir junto com eles o novo disco da banda, previsto para ser lançado ainda este ano:
“Difícil expressar o profundo choque e a tristeza que se abateram sobre a banda com o súbito falecimento do músico, produtor e brilhante agitador cultural Carlos Eduardo Miranda. Amigo e parceiro desde o Abril Pro Rock 93, o popular Veinho foi um dos primeiros a nos abrigar no Sudeste, patrocinando e produzindo – através dos selos Banguela e Excelente Discos – os álbuns Samba Esquema Noise (94), Guentando A Ôia (96) e Carnaval Na Obra (98).
Desejamos muita luz e energia a todos os familiares e amigos mais próximos para suportar a imensurável perda dessa figura sempre otimista, cuja máxima era ‘só alegria’. Tristes demais por terem nos roubado aquele que prometia ser um dos momentos mais felizes dos próximos meses: ouvir junto com Miranda o novo disco e presenciar suas primeiras reações. Suas expressões de êxtase artístico, gozo e nirvana, afinal, marcaram nossas vidas…”