Isto é tão Black Mirror: Microsoft já tem o poder de “reencarnar pessoas”
Empresa cria chatbot que usa dados das redes sociais para reproduzir gostos da pessoa que faleceu e gerar uma conversa
Um chatbot (programa de computador que simula um ser humano nas conversas) modelado a partir de uma pessoa específica, possibilitaria, por meio de um perfil das redes sociais, recriar personalidade de um indivíduo e, a partir disso, gerar um bate papo como se fosse ele. A patente da nova invenção foi concedida à Microsoft no mês passado, de acordo com o pedido junto ao escritório de patentes dos EUA, o US Patent and Trademark Office – noticiado pela CNN.
A ideia lembra um episódio da série Black Mirror, em que a protagonista perdia seu namorado em um acidente de carro e ela continuava conversando com ele por meio de um aplicativo após a morte.
Apesar de ser uma ideia genial para matar a saudade de quem se foi, a empresa não planeja transformar a tecnologia em um produto real. O gerente geral de programas de Inteligência Artificial (IA), da Microsoft, Tim O´Brien, disse pelo Twitter na sexta-feira, 22, que não há planos para esse tipo de tecnologia e concorda que a alternativa é perturbadora.
Se virasse mesmo um produto, a ferramenta coletaria dados sociais, como imagens, postagens em mídias sociais, mensagens, dados de voz e cartas escritas do indivíduo escolhido. Os dados seriam utilizados para criar o chatbot para conversar e interagir de acordo com a personalidade de uma pessoa específica. Também poderiam ser usadas fontes de dados externas, caso o usuário fizesse uma pergunta ao bot que não pudesse ser respondida com o banco de dados com base nos dados sociais da pessoa.
Em alguns casos, a ferramenta poderia até ser usada para aplicar algoritmos de reconhecimento facial e de voz a gravações, imagens e vídeos para criar uma voz e um modelo 2D ou 3D da pessoa para aprimorar o chatbot.
Embora a Microsoft não tenha planos de criar um produto a partir da tecnologia, a patente indica que as possibilidades de inteligência artificial ( IA) foram além de criar pessoas falsas com modelos virtuais de pessoas reais.
O pedido de patente da Microsoft foi protocolado em abril de 2017. Segundo O’Brien disse no Twitter, o período é anterior às análises de ética de IA que fazemos hoje. Atualmente, a empresa tem um Escritório de IA responsável e um comitê de IA, Ética e Efeitos em Engenharia e Pesquisa, que ajudam a supervisionar suas invenções.