No Emmy, Michaela Coel dedica prêmio a sobreviventes de abuso sexual
Atriz é criadora e protagonista da minissérie "I May Destroy You", um manifesto sobre a importância do consentimento sexual na atualidade
Vencedora do Emmy de melhor roteiro de minissérie de 2021, a britânica Michaela Coel, criadora e protagonista de I May Destroy You, produção da HBO, dedicou o prêmio conquistado neste domingo (19) a sobreviventes de abuso sexual.
Produzida em 2020, a minissérie trouxe para as telas a discussão sobre o consentimento sexual na atualidade através da história de Arabella, idealizada com base na experiência da própria Michaela, intérprete da personagem e criadora da série.
Com a conquista, a atriz também se tornou a primeira mulher negra da história da premiação à conquistar o Emmy de melhor roteiro.
“Dedico essa história a sobreviventes de abuso sexual”, disse Michaela durante seu discurso do Emmy.
“Escreva a história que te assusta, que te faz se sentir inseguro, que não é confortável. Eu te desafio. Em um mundo que nos seduz a navegar pela vida de outras pessoas para nos ajudar a determinar melhor como nos sentimos sobre nós mesmos e, por sua vez, sentir a necessidade de estarmos constantemente visíveis – pois a visibilidade hoje em dia parece de alguma forma equivaler ao sucesso – não tenha medo de desaparecer dela, de nós, por um tempo e ver o que vem para você no silêncio”, propôs a atriz.
Ela, que em junho deste mesmo ano também conquistou um Bafta de melhor atriz pela produção, dedicou na época o prêmio à Ita O’Brien, coordenadora de intimidade da série. Ita, assim como outros profissionais de mesma ocupação, acompanha filmagens de cenas de nudez e sexo, afim de zelar pelo bem-estar dos atores e evitar constrangimentos e abusos.
“Obrigado por sua existência na nossa indústria, por tornar o espaço seguro físico, emocional e profissionalmente”, declarou durante discurso do Bafta. “Eu sei como é filmar sem um coordenador de intimidade – a bagunça e a vergonha para a equipe e devastação interna para a atriz. A sua direção foi essencial para a minha série, e acredito que seja essencial para toda produtora que queira trabalhar com temas de consentimento.”