A importância da luta contra a LGBTfobia no ambiente familiar
No Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia, uma plataforma online é lançada no Brasil para conscientizar crianças sobre identidade de gênero
Em 17 de maio de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID). Por isso a data é marcada como o Dia Internacional da Luta contra a LGBTfobia. O marco, apesar de muito importante, não significou o fim da discriminação das pessoas LGBTQIA+.
Em decorrência da data, a organização não governamental brasileira CEPIA e as iniciativas internacionais voltadas para os direitos humanos, a Advocates for Youth, Answer y Youth Tech Health (AMAZE LAC) e International Planned Parenthood Federation Western Hemisphere Region a (IPPFWHR), se juntaram para trazer ao Brasil uma plataforma online para instruir pais e filhos sobre identidade de gênero. Por meio de animações e vídeos curtos, a plataforma traz informações sobre educação sexual.
O primeiro vídeo explica nomenclaturas e conceitos de identidade de gênero de um jeito descomplicado e didático. “Não importa sua aparência, atitude ou roupa, isso não define por quais pessoas você se sente atraída ou atraído ou a que gênero você pertence”, aponta a animação.
A psicóloga Mariana Luz ressalta a importância da data para as famílias LGBTs, que não são inseridas nos padrões estabelecidos socialmente. O que, para ela, fere os direitos das pessoas de serem quem são. “Essa data é importante porque a gente vive em uma sociedade heteronormativa, que o tempo todo é pautada por valores conservadores, considerando só um modelo de família”, comenta.
Mariana aponta que a educação é essencial para a normalização da criança acerca da comunidade e de famílias LGBTs. “Uma boa dica é buscar alguns materiais didáticos com a temática LGBT”, afirma.
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“Essa criança vai poder ser quem ela é porque a construção da nossa orientação sexual, bem como da nossa identidade de gênero, é uma construção que vai acontecendo ao longo da nossa vida”, finaliza.
Sem acolhimento
Diversos levantamentos apontam que o ambiente doméstico é hostil. O Instituto Data Popular realizou uma pesquisa, em 2013, mostrando que 37% dos brasileiros não aceitariam um filho ou filha homossexual. No levantamento, 38% das pessoas entrevistadas se demonstraram contrárias aos direitos civis para casais do mesmo sexo.
Em 2018, o Grupo Gay da Bahia (GGB), que analisa e cole dados sobre assassinatos de homossexuais e transgêneros no país há mais de 40 anos, apontou que jovens rejeitados por suas famílias possuem 8,4 vezes mais chances de tentarem suicídio.
Além dos impactos na saúde mental, o grupo sofre sistematicamente com a violência física. Segundo o relatório do Observatório de Mortes Violentas de LGBTI+, no Brasil, em 2020, 237 pessoas LGBTQIA+ morreram de forma violenta, sendo que 94,5% dessas vítimas faleceram em decorrência de homicídio. Ainda de acordo com o relatório, de 2000 até 2020, 5047 vidas de pertencentes a esse grupo foram interrompidas.
“Quanto mais a gente fala sobre a normalidade que é ser alguém LGBT ou ter uma família, menos violência as pessoas LGBTs sofrem”, afirma a psicóloga.