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Gravidez na faculdade: o que fazer quando a gestação acontece sem planejar

A chegada de uma criança é um momento de mudanças, transformações e adaptações. Para quem ainda estuda, é necessário um cuidado a mais

Por Colaborou: Esmeralda Santos
Atualizado em 17 fev 2020, 11h35 - Publicado em 14 nov 2019, 11h54
gravidez
 (View Stock/Getty Images)
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“A depressão de longe é a pior parte porque só sei chorar todos os dias. Sei que isso interage com o turbilhão de hormônios da gravidez, então estou muito ansiosa para ela nascer logo”. Foi o que disse a jovem Barbara Cristalina de Souza, de 22 anos, estudante de enfermagem e no sexto semestre da faculdade.

Ela está à espera de Aurora, de 7 meses, e quando descobriu a gravidez cogitou trancar o curso por 6 meses, caso seu parto seja uma cesárea. “Quando houve a confirmação de gravidez pensei que não poderia desistir nem se eu quisesse. Não tenho ajuda do pai da criança, somente dos meus pais e agora preciso pensar no meu bebê”.

As mulheres representam 55,49% dos ingressantes nas universidades. Encarar uma rotina de estudos nem sempre é fácil e tudo se torna um pouco mais confuso quando a gravidez bate na porta durante a graduação. Além de aprender os conteúdos disciplinares, a universitária grávida acumula novas preocupações, como exames do pré-natal, futuro do bebê e realização profissional.

As dificuldades enfrentadas por Barbara desde que descobriu a gravidez a fez desenvolver um quadro intenso de depressão. “Tudo isso me levou a fumar sem parar e ingerir bebida alcóolica. Por conta disso a minha gestação é de risco, minha bebê com 7 meses não está desenvolvendo e corre o risco de vir prematura a qualquer momento”.

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Apesar dos obstáculos, Barbara teve o total apoio de seus familiares, além de contar com a ajuda de sua professora da universidade e essa parceria tem a motivado a prosseguir seus estudos apesar dos problemas que rondam sua gestação. “Contei com a ajuda da minha professora que foi o ponto chave pra que eu não desistisse de tudo, me dando suporte emocional dentro da instituição que é um dos lugares que me sinto muito sozinha”, disse ela.

Em 2017, a rotina da Gabriela dos Santos Alves, que na época tinha 19 anos, se resumia em trabalho, faculdade e saída com os amigos e o namorado durante o fim de semana. Mas, no terceiro ano da faculdade de Propaganda e Publicidade, Gabriela ficou grávida do Enzo, que agora tem 2 anos. “Eu senti muito medo, muito mesmo. Pelo fato de ser nova, meu maior receio era sobre o que as pessoas pensariam. Meu namorado ficou em choque, não conversava comigo direito, eu não sabia o que ele estava pensando, para ser sincera. Mas passaram-se alguns dias, nós conversamos e ele disse que estaríamos juntos nessa”.

Desde então, seu dia a dia ganhou uma nova dinâmica, mas seu maior desafio era a rotina quando voltou a trabalhar. “Quando os seis meses de licença acabaram, foi complicado. Eu saía de casa sem vê-lo acordado e quando chegava ele já estava dormindo. Nessa questão precisei de muita força de vontade”, contou a jovem. Desistir nunca foi sua opção, já que ela era bolsista e faltava pouco tempo para se formar e sua maior preocupação era continuar a faculdade depois do nascimento do Enzo.

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A psicóloga Camila Cury revela que diante dessa situação o apoio familiar é fundamental para que a grávida se sinta motivada a não parar o curso. “Se ela se sentir apoiada e segura, terá autoestima elevada, autoconfiança para enfrentar todos os desafios ou as dificuldades que por ventura surjam”, contou a psicóloga.

Gabriela teve total apoio de seus familiares, em especial da mãe, que cuidou do pequeno para que ela pudesse trabalhar e concluir o curso. Obstinada, seu maior objetivo era terminar a faculdade e a gravidez não se tornou um problema.

Por ser uma fase delicada e que exige atenção e cuidados, Camila reforça que, além do apoio familiar, um acompanhamento psicológico é essencial quando uma gravidez acontece durante os estudos. Assim, a mulher poderá lidar melhor com as questões emocionais e ressignificar a vida como um todo. “Ter o apoio de um profissional qualificado, que esteja em parceria com a escola da nova mãe, permitirá passar por esse momento com mais estabilidade emocional, fator que  trará mais qualidade de vida no período gestacional para os dois, mãe e bebê”, completou.

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A professora Universitária no curso de Comunicação Social, Claudia Cruz de Souza, 44 anos, é a favor do apoio aos alunos que precisam de ajuda, e entende que a chegada de uma criança pode ser um momento delicado. “Acompanhar, enviar mensagens e ouvir a gestante é indispensável. As vezes elas precisam falar, e também mostro como é importante amar a criança, por que estamos falando da formação de uma nova vida”, disse ela.

A professora tenta passar uma mensagem de apoio e solidariedade para quem está vivenciando este momento. “Mesmo que elas enfrentem dificuldades mil, um dia vai passar. A formação dessa nova vida precisa de fortes laços de amor e se der problema nisso, o tempo não repara”.

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Camila reforça ainda mais o posicionamento da professora Claudia, “Nesse momento, apontamentos e julgamentos não ajudam, mas tendem a atrapalhar, confundir os pensamentos e, com certeza, trarão mais peso sobre as decisões da futura mãe”, explica.

Quando não se tem uma rede familiar que a apoie nesse momento, outras opções como conversar com a coordenação do curso e seus professores para conseguir conciliar as aulas e trabalhos. Contar com a ajuda de colegas para que eles sejam pontes entre a gestante e a faculdade é uma das alternativas: diminuindo distâncias e facilitando o desempenho.

Essas medidas podem ser tomadas nos primeiros meses da gestação. Mas o que muitas mães e futuras mamães não sabem, é que existe uma lei de nº 6. 202 criada em 1975 que garante ás gestantes o direito de estudar pelo exercício domiciliares a partir do oitavo mês de gestação.

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Em casos de gravidez de risco esse período pode ser estendido por mais meses além do direito ás provas finais, independente do período de gestação. “Isso é direito da mulher, e durante esse período a faculdade precisa flexibilizar a grade horária para viabilizar a permanência dela na instituição, por exemplo, dando a permissão para fazer trabalhos e provas em casa, ou a possibilidade de acompanhar algumas disciplinas on-line”, afirmou a psicóloga.

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