Doreen Bogdan diz que tecnologia não tem gênero – ou não deveria
Chefe do Departamento de Planejamento Estratégico da UIT mostra como educação machista afeta introdução das mulheres na tecnologia
Inclusão feminina na tecnologia é um tema cada vez mais atual e que ainda demanda muitos esforços para podermos observar algum avanço – não só no mercado de trabalho da área, mas também no acesso às ferramentas. CLAUDIA está acompanhando em Nova Iorque, nos Estados Unidos, participando do SDG Media Zone, e mulheres na tecnologia foi um dos assuntos abordados na reunião.
O evento reúne políticos, imprensa e especialistas para debaterem juntos temas relacionados às metas de desenvolvimento sustentável propostas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e acontece paralelo a Assembleia Geral.
Durante o painel, Doreen Bogdan, chefe do Departamento de Planejamento Estratégico da União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência das Nações Unidas especializada em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), levantou a bandeira de que a tecnologia não tem gênero – ou não deveria ter.
Uma pesquisa recente promovida pela ITU mostrou que a situação feminina na tecnologia é cada vez mais ultrapassada. Em média, 200 mil mulheres a menos do que homens possuem um celular, 250 mil mulheres a menos do que homens usam a internet e apenas 10% dos postos de trabalho no Vale do Silício são ocupados por mulheres.
Com resultados alarmantes, a pesquisa analisa também as causas desses número negativos. Estereótipos de gênero (padrões sociais como “meninas devem brincar de boneca enquanto meninos com o carrinho”), falta de autoestima, falta de conhecimento e informação e poucas oportunidades de trabalho foram as principais causas apontadas para o atraso da inclusão feminina na tecnologia.
“Mesmo que a mulheres tenham acesso à tecnologia, ela não tem todo o conhecimento necessário para aproveitar totalmente. É assustador pensarmos que apenas 6% dos aplicativos são criados por mulheres, precisamos mudar isso”, defende Doreen.
Para melhorar essa situação, ela acredita que quatro atitudes são necessárias: “Políticas públicas, planos, estratégias e investimento são algumas das ações essenciais para revertermos esse quadro e darmos oportunidades para as mulheres na tecnologia. Se conseguirmos proporcionar acesso igual à internet para homens e mulheres, iremos atingir as metas para o desenvolvimento sustentável”.