Os destaques da 16ª edição da Flip
De 25 a 29 deste mês, acontece a 16ª Festa Literária Internacional de Paraty, que homenageia a paulista Hilda Hilst
Uma vez por ano, as ruas da pequena e histórica cidade litorânea do Rio de Janeiro são ocupadas por amantes dos livros e das artes durante a Festa Literária Internacional de Paraty. O festival chamou a atenção ao reunir autores renomados para discutir atualidades e a importância da escrita como ferramenta de mudança sociais e culturais.
Recentemente, pequenas intervenções da curadoria tornaram o evento mais atraente para o grande público. São esperadas mais de 25 mil pessoas de diferentes regiões, níveis de escolaridade e idade, enriquecendo a discussão.
Este ano, o evento acontece entre 25 e 29 de julho e a homenageada é a paulista Hilda Hilst. Além das mesas de conversa, estão na agenda workshops e exposições de arte. Haverá transmissão pela internet de alguns dos debates.
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No comando
Este é o segundo ano em que a jornalista baiana Joselia Aguiar atua como curadora do evento. Exaltada em 2017 por ter aumentado a participação feminina e de negros na Flip, Joselia assegura que, nesta edição, o número de mulheres até supera o de homens. “O diferencial é que incluímos mais artistas de outras áreas, reforçando a ideia de que a literatura vai além dos livros”, explica ela, que convidou o músico maranhense Zeca Baleiro e a atriz Fernanda Montenegro para a festa.
Outras artes
A ideia de provocar reflexões fez com que outros profissionais, além dos autores, fossem chamados para participar, caso da compositora e música Jocy de Oliveira, que hoje se dedica à ópera multimídia, e do poeta e artista visual maranhense Reuben da Rocha.
Destaque para a performance da slammer pernambucana Bell Puã (foto), inspirada em Hilda Hilst. “Lê-la é como receber um afago a cada verso. Hilda se preocupa em entender a si mesma, admite-se como sensível, mas nunca frágil”, afirma Bell.
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Lá de fora
Como de costume, a Flip receberá autores estrangeiros. Um dos mais esperados é o egípcio naturalizado americano André Aciman, autor de Me Chame pelo Seu Nome, que inspirou o filme homônimo indicado ao Oscar.
A feminista argentina Selva Almada (foto) participará de uma mesa com Djamila Ribeiro para discutir a escrita como uma forma de resistência à violência. Sobre seu encontro coma poesia de Hilda, ela disse a CLAUDIA: “É impossível passar por ela de maneira inadvertida ou indiferente”.
História celebrada
Além de Hilda, será homenageada a Editora Corrupio. Fundada há quase 40 anos, na Bahia, por Arlete Soares e Rina Angulo (foto), foi a primeira a publicar as obras do etnofotógrafo francês Pierre Verger. A Corrupio consagrou-se ainda por dar destaque a títulos sobre cultura afro-brasileira. “As dificuldades eram tantas. Duas mulheres fazendo livros fora do eixo Rio de Janeiro–São Paulo, um projeto ousado”, explica Rina. A exposição da editora acontecerá na Casa do Sesi.
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A dona da festa
Morta em 2004, Hilda Hilst só se tornou popular para o grande público recentemente – em vida, teve seus livros publicados por pequenas editoras e era lida somente por alguns nichos. Sempre foi, contudo, aclamada pela crítica, sendo comparada a Guimarães Rosa pelo estilo rebuscado e audacioso.
“Ela não escrevia frases curtas, lineares. A compreensão era mais difícil. Hoje, os leitores estão abertos ao que se estranhava antes”, explica Joselia Aguiar. O aumento da procura por seus títulos levou ao relançamento de sua obra pela Companhia das Letras. Além de poesias, Hilda escreveu ficção e peças de teatro.
Aventurou-se ainda pelas narrativas eróticas, criando uma de suas personagens mais conhecidas, Lori Lamby. Em 1966, deixou de vez a carreira em direito, sua formação, e mudou-se para a Casa do Sol, chácara em Campinas (SP), onde aproveitava o isolamento para se dedicar à literatura. Lá também cuidava dos cães que resgatava – chegou a ter 60 bichos.
Para ver e ouvir
A cineasta Gabriela Greeb e o designer de som português Vasco Pimentel falam, no primeiro dia do evento, sobre as fitas deixadas por Hilda com registros da voz da escritora tentando contatar os mortos nos anos 1970.
Gabriela encontrou-as durante uma visita à casa da paulista. Com base nelas, fez o filme de ficção Hilda Hilst Pede Contato (acima, cena do longa), que lança em Paraty. “A trama ressalta a possibilidade do encontro entre as coisas visíveis e as não visíveis. Afinal, esse é o trabalho do poeta: tornar real aquilo que não se vê”, diz ela.
Aos pequenos
A fotógrafa Marina Klink foi à Antártica pela primeira vez em 1995 e já escreveu livros sobre o continente. Mas em Vamos Dar a Volta ao Mundo? (Companhia das Letrinhas), ilustrado por Gonzalo Cárcamo, ela compartilha a experiência com as crianças em fase de alfabetização. “Quero que
elas saibam que existe esse lugar de natureza intocada”, diz. O lançamento acontece em Paraty.
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