Brasileira fala como é viver na Itália com pandemia de coronavírus
A publicitária brasileira Deb Waldmann relata que situação atual é de apreensão
“Fratelli d’Italia”, a primeira estrofe do hino italiano quer dizer “irmãos italianos”. É assim que funciona a Itália, um país que historicamente é unido, que gosta de boa comida, bom vinho e, sobretudo, estar com os amigos e a família. Desde o início do surto do coronavírus, os italianos se viram no epicentro da pandemia. Algo que parecia longe de se tornar real.
Com quase 13 mil casos confirmados, a Itália passou o Irã e se tornou o segundo país com maior número de contaminados. Foram 1.016 mortes até a última terça, sendo 189 somente nas últimas 24 horas. A região mais afetada é a Lombardia, com 744 mortes.
Na segunda-feira (9), Giuseppe Conte, primeiro-ministro da Itália, decretou bloqueio do país como medida para conter a propagação do coronavírus. A declaração de zona protegida restringiu deslocamentos e ordenando o fechamento de bares e restaurantes após as 18h (escolas, museus teatros e cinemas já estavam fechados desde o final de fevereiro). Para viajar, é necessário apresentar um documento como justificativa.
MEDIDAS DRÁSTICAS
O governo isolou a Lombardia, região mais afetada pelo surto, e algumas províncias adjacentes no Vêneto e Piemonte. No entanto, com o contínuo aumento dos contágios, assim como a elevação do número de óbitos e dos casos graves que requerem terapia intensiva, o governo foi gradualmente tomando medidas mais drásticas. As novas restrições passaram então a fechar todas as lojas, restaurantes e bares – que até então seguiam sendo muito frequentados pelos italianos, que dificilmente abrem mão se deu tradicional “aperitivo”, o happy hour italiano.
Na última quarta, o governo impôs ainda mais restrições, incluindo o fechamento de todas as lojas, salões de cabeleireiro e demais negócios que não sejam de primeira necessidade. Só podem permanecer abertos lojas de alimentação, feiras livres, supermercados e farmácias, assim como postos de gasolina e lojas de artigos específicos. Dessa forma, espera-se reduzir ainda mais a circulação de pessoas.
A ROTINA DE QUEM VIVE NA ITÁLIA
A carioca Deb Waldmann, 42 anos, vive no norte da Itália e descreve a rotina atual como uma apreensão constante. “Continuamos a não conhecer a real gravidade dessa ameaça”, relatou à CLAUDIA. “É permitido sair de casa para se exercitar, mas com extremo cuidado para não se aproximar de outras pessoas”, conta a publicitária que vive em Turim há três anos.
De acordo com ela, no último final de semana ainda se viam grupos de amigos reunidos na rua. Entretanto, nesta quinta-feira a capital da região Piemonte amanheceu praticamente deserta. “As pessoas estão se conscientizando de que mesmo não estando em grupos de risco, podem se tornar vetores de contágio. Tenho feito ligações de vídeo com amigos para nos encorajarmos mutuamente”, explica.
Deb relata que, no início da epidemia os sentimentos eram contrastantes. “Havia pessoas que estavam em pânico e fizeram estoque de álcool gel, e quem julgasse as medidas de prevenção excessivas, e continuaram a levar a vida normalmente. Agora, impera o sentimento de apreensão”, pontua.
A brasileira trabalha em uma multinacional e conta que foi possível montar um escritório em casa e atuar remotamente. “Sinto pelo grande número de empreendedores e autônomos que não podem ficar sem faturar. É um período difícil sobretudo para eles”, relata. Ela também produz conteúdo sobre turismo na Itália em um perfil no Instagram.
Sobre a situação no Brasil, Deb acredita que parentes e amigos daqui estão “menos preocupados do que deveriam”. Do seu ponto de vista, eles estão levando suas vidas normalmente sem medidas mais cautelosas de prevenção. “Eu digo a eles que estou no futuro e que eles têm a chance de mudá-lo, evitando o contato próximo com outras pessoas, antes que seja tarde demais”, finaliza.
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