Atleta da seleção brasileira treina com galão de água em quarentena
Ana Paula Rodrigues, da seleção de handebol, vive na França, país em que a quarentena é obrigatória
Há um mês na França, a central da Seleção Brasileira de Handebol Feminino, Ana Paula Rodrigues, viu sua vida virar de ponta cabeça nas últimas semanas por conta da pandemia do novo coronavírus. A rotina de treinos e jogos do seu novo time, o Chambéry, no estado de Savoie, na França, foi substituída por um clima bucólico e delicado.
Segundo boletim divulgado nesta quinta-feira, 19, o país já tem 10.995 pessoas diagnosticadas com a covid-19, totalizando 108 mortes. “Aqui a situação tá muito complicada. Tudo fechado, os trens estão parados. A liga [de handebol] parou e ninguém sabe quando os jogos vão voltar”, disse atleta que se prepara para os Jogos Olímpicos 2020, ainda programados para o dia 24 de julho, em Tokyo, no Japão.
Em entrevista à BBC britânica, Sebastian Coe, presidente da World Athletics, afirmou que existe a possibilidade de adiar e reprogramar a competição mundial para o final deste ano. “Não é uma decisão para ser tomada neste momento, mas acho que a posição que o esporte assumiu e esse foi o sentimento da conversa que tive outro dia com o COI (Comitê Olímpico Internacional) e outras federações. É que ninguém diz que você deve ir adiante com os Jogos a todo custo”, disse Sebastian, que foi um dos responsáveis pela organização dos jogos em Londres, no ano de 2012.
Para a jogadora, é difícil de acreditar que esse momento tão esperado pode demorar um pouco mais para acontecer. “Apesar de ser triste, a saúde de todos é mais importante. Estou torcendo pra que tudo se normalize logo, mas sabemos que a situação está bastante complicada. Além disso, a preparação de todos os atletas está comprometida”, sinaliza a central.
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Adiando ou não, Ana Paula mantém sua rotina intensa de atividade física, mas com algumas adaptações para ser feita dentro de casa. Os halteres foram substituídos por garrafões de água cheios e os corredores que levam aos cômodos agora servem como espaço para corrida. Jorge Dueñas, técnico da seleção, acompanha a preparação das jogadoras durante a pandemia via internet. “Ele escreve pra saber como estou, me manda vídeos com exemplos de treino em casa”, conta Ana. A comissão técnica inteira também continua se comunicando pelos aplicativos de conversa, como já faziam anteriormente.
As autoridades francesas estimam que o período de quarentena ultrapasse os 15 dias previstos inicialmente. “Sei que é difícil, mas precisamos seguir. É um perigo pra todo mundo, principalmente aos idosos, nossos pais e avós. Por isso, peço que todos levem a sério. Eu, por exemplo, optei por ficar aqui com medo de contrair o vírus ao viajar para o Brasil e contaminar meus pais”, explica a maranhense.
A alimentação é a única coisa que Ana conseguiu manter sem grandes alterações, mesmo com alguns itens em falta nos mercados. Sobre a saúde mental, a atleta fala que a companhia do marido tem ajudado bastante. “Ele é bem otimista, por isso quando entro em desespero, ele sempre me mostra coisas boas para que possamos, juntos, superar tudo isso. Além dos treinos, também acompanho notícias, vejo algumas séries e faço compras pela internet e assim os dias vão passando”, diz Ana.