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503 mulheres sofrem ataques físicos a cada hora no Brasil

Especialistas dizem que dados são ponta do iceberg da questão nacional, já que a maior parte das vítimas ainda não têm coragem de denunciar os agressores

Por Maria Beatriz Melero Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 mar 2017, 13h53 - Publicado em 8 mar 2017, 16h29

Neste Dia Internacional da Mulher, o Datafolha divulgou números alarmantes sobre o cenário da violência contra a mulher no Brasil. Os dados, porém, refletem a ponta do iceberg da realidade vivida pelas mulheres no país.

Encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a pesquisa divulgada nesta quarta-feira (8) mostrou que 66% dos brasileiros presenciou casos de agressões físicas ou verbais ao gênero em seu bairro, em 2016. O instituto também constatou que 503 mulheres sofrem ataques físicos a cada hora no Brasil.

Os números, contudo, são apenas uma pequena amostra da realidade brasileira. Para especialistas, a situação pode ser mais grave.

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“Dados oficiais, apesar de serem assustadores, refletem uma parcela da realidade brasileira. Porque eles mostram apenas os casos que foram denunciados pelas mulheres. E muitas vítimas de agressões físicas e sexuais sentem medo de relatar o que aconteceu com elas“, explica Marina Ruzzi, advogada especializada em políticas de superação da desigualdade de gênero.

De fato, o medo em realizar a denúncia faz parte do cotidiano feminino. Segundo uma pesquisa da Ipsos realizada em 24 países, o Brasil aparece em terceiro lugar no ranking de nações que têm medo de lutar por seus direitos – atrás apenas de Índia e Turquia.

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“Estatisticamente, as mulheres demoram de 8 a 10 anos para denunciar seus agressores e apenas 5% delas denunciam a primeira agressão sofrida”, explica Tatiane Moreira Lima, juíza da Vara de Violência Contra a Mulher e Família.

Mais emporaderada ou mais vulneráveis?

Diante deste cenário de vulnerabilidade feminina, 73% dos brasileiros tiveram a sensação de que a violência contra a mulher aumentou nas últimas décadas. Para Tatiane essa percepção pode ter duas causas: “Ou as mulheres estão se empoderando mais e denunciando ou a violência está, de fato, aumentando”, diz a jurista.

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Para Marina, conquistas como a Lei Maria da Penha – promulgada há mais de dez anos – trouxeram outra visão para as agressões. “Conseguimos fazer com que casos de violência contra a mulher venham à tona. Antes, tratávamos as situações como brigas entre marido e mulher”, conta a advogada. A pesquisa do Datafolha, inclusive, constatou que, no último ano, 37% do brasileiros ouviram vizinhas recebendo ameaças de seus respectivos companheiros.

Tatiana também acredita na mudança na relação entre a população brasileira e a violência. “Ela está mais visível. Antes, ela acontecia no espaço privado, mas não no espaço público.”

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Para a juíza, casos como a denúncia feita pela atriz Luiza Brunet contra seu ex-parceiro  por duas agressões sofridas no casamento servem de inspiração para que outras mulheres sigam o modelo. “Estimulam outras mulheres e denunciar.”

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Soluções

O estímulo a denúncia é um dos mecanismos para reverter o atual cenário brasileiro de violência a mulher, na opinião de Mariana. “Seria interessante criar campanhas de não-silenciamento das vítimas e de conscientização das mulheres. Muitas delas nem sabem os canais [para realizar suas denúncias]. Além disso, seria ideal a criação de mais delegacias da mulher e mais centros de referência” defende.

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Além das campanhas, Tatiana acredita que a educação de base e investimento em valores de igualdade na infância podem ajudar na mudança da realidade do Brasil. “Na base da formação da criança, a casa é de todo mundo e os serviços domésticos são divididos – homens e mulheres são iguais (…) Esses valores existem na constituição, mas não são postos em prática.

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Ela vai além e também aposta na ressocialização dos agressores após o cumprimento da pena para que ele não cometa novos crimes ao retornar ao convívio social. “Ele vai criar nova família. Então temos que trabalhar para que esse homem não volte a agredir sua esposa ou filha”, finaliza.

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