13 Reasons Why: Kate Walsh fala sobre a importância de se debater tabus
Estupro, bullying e suicídio são alguns dos temas trabalhados na 2ª temporada que estreia sexta-feira. Atriz conversou com CLAUDIA sobre seu papel na série
Após o sucesso da primeira temporada contribuir para o aumento do debate e, consequentemente, da conscientização sobre suicídio, a série 13 Reasons Why ganha novos episódios na Netflix nesta sexta-feira (18). Apesar de ter grande impacto sobre o público jovem, a produção levanta temas que merecem reflexão de toda a sociedade, com destaque ainda maior nessa segunda temporada para a cultura do estupro e as consequências do bullying.
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“Quando aceitei o papel, o produtor Brian Yorkey me explicou que achava muito importante mostrar que, quando um adolescente se sente isolado, sofre bullying ou é abusado sexualmente, isso reflete em toda a comunidade”, explica a atriz Kate Walsh, intérprete de Olivia Baker, a CLAUDIA por telefone. Enquanto na primeira temporada Olivia está tentando compreender o que levou a sua filha Hannah (Katherine Langford) a cometer suicídio, nos novos episódios ela busca justiça à memória da filha. A mãe leva a escola Liberty High aos tribunais acusando-a de corroborar com a cultura de bullying por parte dos alunos sem dar suporte emocional às vítimas.
Para a atriz, é negativo que o suicídio e, até mesmo, o luto sigam sendo um tabu em nossa cultura – bem como as outras temáticas abordadas em 13 Reasons Why. “As pessoas acreditam que se você não tem uma solução para o problema, você não pode conversar sobre ele, o que eu acho completamente errado”, diz Kate. “É importante mostrar alguém passando por essas perdas terríveis, bem como o que acontece com elas, com suas famílias, com seus negócios, com suas posições na sociedade. Falar sobre isso é tentar promover mudanças”, defende.
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Junto à primeira temporada, a Netflix lançou um programa extra em que reuniu o elenco com pais e especialistas em saúde mental para falar sobre os temas trabalhados na série. “Um dos profissionais disse que os adultos sentem como se não pudessem dialogar com os adolescentes. Eles querem consertar a situação ou fazer com que os filhos não sintam dor”, relembra Kate. “Porém, o importante é mostrá-los que você os escuta.”
No entanto, a atriz reconhece a dificuldade de se manter esse vínculo quando os filhos chegam na adolescência, já que nessa idade “eles buscam sua individualidade e querem privacidade, ao mesmo tempo em que tentam aprender a como se tornar um adulto.” A própria série retrata os pais tentando ganhar a confiança dos jovens sem sucesso, mas Kate reforça que o importante é manter a porta aberta para que os filhos saibam que podem contar com os pais quando estão passando por dificuldades.
Problema real
No Brasil, são 5,6 mortes por suicídio a cada 100 mil jovens de 15 a 29 anos, segundo pesquisa Violência Letal contra as Crianças e Adolescentes do Brasil. “Os suicídios vêm crescendo à sombra dos dois gigantes de nossa mortalidade violenta: os acidentes de trânsito e os homicídios. É preciso jogar luz sobre esses dados”, defende o sociólogo Julio Jacopo Waiselfiz.
Em relação ao estupro, são registrados 45 mil casos por anos no país. A mulher está sob risco de ser estuprada ao longo de toda sua vida. A infância e a adolescência são as etapas de maior vulnerabilidade – estudo do Ipea mostra que 70% das vítimas que chegam aos serviços de saúde são crianças e adolescentes.