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Yndiara Asp mostra que skate e moda caminham juntos

Skatista é a primeira brasileira a criar uma coleção com a Vans

Por Joana Oliveira
Atualizado em 18 dez 2022, 10h14 - Publicado em 18 dez 2022, 08h37

Yndiara Asp ganhou seu primeiro shape com rodinhas aos 7 anos, de presente de Natal. Ela, que já surfava com o pai em Florianópolis, logo começou a tentar as primeiras manobras. Aos 15 anos, aprendeu a dropar e, desde então, não parou mais. Aos 25 anos, Yndi está no topo do skate park feminino e acaba de realizar mais um sonho: assinar uma coleção colaborativa com a Vans, com direito a um tênis com seu nome. “É uma realização muito grande. Fui a primeira mulher do skate no Brasil a ser patrocinada pela marca e agora sou a primeira skatista mulher lançando uma collab com ela no país”, comentou ela, cheia de sorrisos, em entrevista a CLAUDIA em São Paulo.

Quando começou a praticar o esporte, a mãe as avós de Yndi se preocupavam e reclamavam constantemente de que a menina voltavam para casa machucada, cheia de pontos roxos nos joelhos e nas pernas. Isso, no entanto, nunca a impediu de praticar. O pai, seu maior incentivador, construiu uma pista no quintal de casa, e foi sobre o skate que ela superou o período conturbado da separação dos pais. Enquanto treinava as manobras, ia também aprendendo a se expressar de outras formas. “Sempre gostei de vestir o que fizesse eu me sentir bem, independentemente do gênero. Sempre curti usar touca, por exemplo, e minha mãe reclamava, porque eu usava até no verão, mas eu me sentia super style, então não ligava”, lembra.

Para a coleção com a Vans, Yndi passou nove meses desenvolvendo uma camiseta, uma regata cropped e uma calça que trazem toda a sua essência. Mas o destaque, é claro, fica para o Skate Grosso Mid, tradicional modelo de cano médio da marca, repaginado com em violeta, a cor favorita da skatista, e amarelo, que ela aprecia por trazer “vitalidade e positividade”. Na parte de trás, o tênis traz detalhes cheios de simbolismo: os desenhos das duas únicas tatuagens de Yndi, uma em cada braço, que representam uma skatista e uma palmeira com uma onda e um skate (homenagem à sua ilha, Florianópolis).

Modelo Skate Grosso Mid , da Vans, assinado por Yndiara Asp.
Modelo Skate Grosso Mid , da Vans, assinado por Yndiara Asp. (Flavio Kenji/Divulgação)

Acredito que o skate e a moda caminham juntos. Nós sempre tivemos o nosso estilo próprio que inspira muita gente. O skate é arte, além de todas as coisas, e eu vejo a moda como se fosse as cores do quadro”, diz ela, que sonha em ter sua própria marca de roupa, voltada principalmente para calças, que são suas peças favoritas.

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No tênis concebido por ela, há ainda outro detalhe importante: as solas têm, cada uma, o esboço de metade de um girassol. “Oito meses antes das Olimpíadas de Tóquio, em 2021 [quando o skate figurou como esporte olímpico pela primeira vez], quebrei o tornozelo e tive que fazer minha primeira cirurgia, colocando uma placa com oito pinos. Quando eu estava me recuperando no hospital, muito triste, o dono da pista onde me machuquei me deu um girassol de presente, e isso foi muito especial. Virou um símbolo de esperança e positividade para mim”, conta. Não foi à toa que ela escolheu um enorme campo de girassóis, com uma pista de skate no meio, para gravar o vídeo da collab. Ela conseguiu competir no Japão e chegou à final do skate park, ficando em oitavo lugar, com 37.34 pontos.

Esporte e militância

A skatista Yndiara Asp veste sua coleção com a Vans.
A skatista Yndiara Asp veste sua coleção com a Vans. (Tauana Sofia/Divulgação)

Além do sol, seja sobre a prancha ou sobre o shape, Yndi sempre perseguiu a igualdade de gênero, principalmente no esporte. Em 2018, após vencer o campeonato Oi Skate Jam, ela pousou ao lado do campeão da categoria masculina, Pedro Barros, e ambos seguravam os cheques com os valores dos prêmios. Enquanto Yndiara recebia R$ 5.000, Pedro ganhava R$ 17.000, mais que o triplo. A foto trouxe à baila discussões sobre as diferenças de patrocínios e premiações entre homens e mulheres no skate, e Yndi passou a falar ainda mais abertamente sobre a importância de equiparar salários e demais valores, o que aconteceu em muitos campeonatos após a polêmica.

“Isso foi só um exemplo do poder do skate feminino. A gente avançou, desde então, e o fato de termos esse esporte nas Olimpíadas deu uma visibilidade enorme para as skatistas mulheres. Hoje, temos mais apoio, incentivo e liberdade, e acredito que isso só tem a melhorar. Cada vez vejo mais meninas e mulheres começando a andar de skate, com seus estilos próprios, usando saia, como quiserem…”, celebra Indy.

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Ela continua com o sonho de trazer uma medalha olímpica para casa e se prepara para enfrentar, em fevereiro, o primeiro campeonato classificatório para as Olimpíadas de Paris, em 2024. No momento, sua rotina é de treino constante, com foco em fortalecer o corpo e a mente. “Tenho ficado o máximo de tempo possível em cima do skate, mas sempre cuido da saúde mental. O controle emocional define tudo, e o autoconhecimento é meu grande propósito de vida”, diz.

Além de maior visibilidade, o status do skate como esporte olímpico acirrou também a competitividade entre as atletas. “A concorrência mudou, todo mundo está ainda melhor. Agora é sangue nos olhos”, ri Yndi. E logo acrescenta que, independentemente de subir ao pódio ou não, o skate sempre será a coisa que mais ama nessa vida.

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