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“Victoria’s Secret Fashion Show” está de volta, mas não como esperávamos

Com o novo formato, o tradicional desfile da marca ganha status diverso, artístico e cool

Por Raíssa Basílio
Atualizado em 26 set 2023, 15h36 - Publicado em 26 set 2023, 15h21
"Victoria's Secret The Tour" se reinventa como filme de arte
"Victoria's Secret The Tour" ganha um formato artsy (SOFIA MALAMUTE PARA VICTORIA'S SECRET/Divulgação)
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O Victoria’s Secret Fashion Show está de volta, mas não da forma como a gente esperava. O novo formato está disponível na plataforma do Prime Video e é bem diferente de tudo que a marca já apresentou. O show ganhou um status artsy, com entrevistas, designers, músicos, modelos e performances artísticas dos looks, semelhante ao que o Savage X Fenty Show tem feito.

Com o título de Victoria’s Secret The Tour ’23, o evento foi filmado em lugares como Espanha, Nigéria, Colômbia, Inglaterra e Japão, pavimentando um toque completamento novo ao show que conhecemos. As diferenças vêm também com um grupo diversificado de modelos, com diferentes nacionalidades, mulheres mais velhas, corpos de diversos tamanhos, e nas roupas, quase não há lingeries – e nenhum talento usou as icônicas asas.

"Victoria's Secret The Tour" se reinventa como filme de arte
“Victoria’s Secret The Tour” foi filmado em Barcelona, Nigéria,  Colômbia, Londres e Tóquio (SOFIA MALAMUTE PARA VICTORIA'S SECRET/Divulgação)

Quais modelos estão no especial?

O especial trouxe os saudosos retornos de Adriana Lima, Naomi Campbell, Candice Swanepoel, entre outras. No entanto, Gisele Bündchen não fez parte desse comeback, a modelo está apenas na campanha publicitária da linha Icons da VS.

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O show conta também com rostos conhecidos da marca, como Gigi Hadid (que é também a narradora da produção), e novidades, como a brasileira Valentina Sampaio, primeiro modelo trans a desfilar pela label, Paloma Elsesser, Emily Ratajkowsi, Candice Huffine, Quannah Chasinghorse e mais.

No total, acompanhamos 20 mulheres de diferentes partes do mundo, em um formato que mescla uma imersão pela visão criativa das designers das coleções, todas mulheres, com monólogos de modelos, e desfiles, que atingem outro patamar de criatividade. Em Londres, é possível ver um desfile parcialmente submerso. No Japão, um congestionamento de carros se torna a passarela, com as modelos correndo em câmera lenta. Esses dois se destacam como os mais criativos.

"Victoria's Secret The Tour" se reinventa como filme de arte
Paloma Elsesser em fotos para o “Victoria’s Secret The Tour” (CARLIJN JACOBS PARA VICTORIA'S SECRET/Divulgação)

Quais são os convidados musicais?

Doja Cat é a atração principal do show deste ano. Em contraste com os anos anteriores, em que os artistas costumavam caminhar pela passarela enquanto as modelos desfilavam ao redor deles, a rapper se apresenta sozinha com lingeries da marca, introduzindo uma atmosfera totalmente nova às perfomances musicais que estávamos habituados na VS. A artista Goya, de Bogotá, também se apresenta no especial, com um dos looks da estilista Melissa Valdes.

No passado, artistas como Justin Timberlake, The Weeknd, Harry Styles, Taylor Swift e outros já se apresentaram. Na época, eles cantavam enquanto as modelos desfilavam com lingeries e par de asas, as Angels, que eram as mulheres mais bem pagas pela marca. O seleto grupo contava com nomes como Gisele, Adriana Lima, Naomi Campbell e Candice Swanepoel.

"Victoria's Secret The Tour" se reinventa como filme de arte
Doja Cat em ensaio para o “Victoria’s Secret The Tour” (CARLIJN JACOBS PARA VICTORIA'S SECRET/Divulgação)

Qual a polêmica em torno da marca?

A controvérsia sobre o Victoria’s Secret Fashion Show envolve críticas sobre a falta de diversidade e questões de abuso. O CEO anterior, Leslie H. Wexner, enfrentou um escrutínio por suas ligações comerciais com Jeffrey Epstein e renunciou em 2020. Mais de 100 modelos assinaram uma petição pedindo à empresa que protegesse modelos contra assédio sexual.

A marca passou por uma reformulação, abandonando o uso das Angels e focando na celebração das mulheres e na diversidade. Iniciativas como o VS Collective, com embaixadores como Priyanka Chopra e Megan Rapinoe, e o Victoria’s Secret Global Fund for Women’s Cancer, que destina fundos para abordar desigualdades de gênero e raciais no tratamento do câncer, fazem parte dessa nova fase da marca.

Esse novo formato é um acerto da Victoria’s Secret?

Chega até ser injusto, de fato, traçar um paralelo entre Victoria’s Secret Fashion Show e o The Tour 23, são dois formatos que funcionam para diferentes nichos. A versão deste ano contempla uma nova fase da moda, que abraça a inclusão em um patamar mais cult. No entanto, o dinamismo e a pegada mais pop da VS não contemplam o especial.

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O Victoria’s Secret Fashion Show tinha um forte apelo popular, colocando artistas com modelos em um desfile descontraído exibido anualmente durante as festividades de final do ano. Era praticamente uma tradição e, por mais estranho que seja, era algo divertido de ver. Claro que não podemos ignorar que era mais do que necessário a inserção da diversidade, mas ela poderia ser acrescentada de uma forma menos forçada.

Essa nova versão, inevitavelmente, dividirá opiniões: alguns vão amar, enquanto outros criticarão. A marca finalmente enfrentou a questão da diversidade, que gerou muitas críticas, mas, ao fazê-lo, também mudou a essência do desfile.

É admirável o destaque as mulheres da indústria, com apoio à estilistas jovens e de diferentes partes do mundo. Voltar os holofotes para o lado criativo, especialmente em criações artesanais muito bem confeccionadas, é incrível, mas existe uma nítida desconexão ao exibir roupas que a Victoria’s Secret não está efetivamente comercializando, sendo que esse era o principal propósito de do desfiles anteriores.

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"Victoria's Secret The Tour" se reinventa como filme de arte
Naomi Campbell em fotos para o “Victoria’s Secret The Tour” (CARLIJN JACOBS PARA VICTORIA'S SECRET/Divulgação)

O que mais incomoda em Victoria’s Secret The Tour ’23 é essa necessidade em ser inclusivo, o que não parece natural e sabemos que não é. Todas as críticas em torno da VS são válidas, mas esse rebranding poderia vir de uma forma mais orgânica. O mercado clama por uma reinvenção, que poderia ser feita sem perder a autenticidade da marca.

Uma das melhores partes do especial é a narração de Gigi Hadid, que traz o humor e diversão da VS, relembrando a fase em que as modelos realmente pareciam estar celebrando fazer parte de um desfile. Isso é algo que o Savage X Fenty Show faz muito bem, mesclando inclusão, diversidade e ótimos convidados musicais.

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Lembrando que você pode assistir ao Victoria’s Secret The Tour ’23 no Prime Video e opinar sobre o que achou desse novo formato.

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