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Ateliê Mão de Mãe leva o requinte do crochê para a SPFW

Inspirada na olaria de Maragogipinho, marca baiana traz um toque urbano às suas já famosas peças artesanais

Por Joana Oliveira
Atualizado em 12 nov 2022, 12h31 - Publicado em 5 jun 2022, 12h50
Desfile do Ateliê Mão de Mãe na SPFW N53.
Desfile do Ateliê Mão de Mãe na SPFW N53. (Marcelo Soubhia/Divulgação)
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Das mãos das oleiras de Maragogipinho, no interior da Bahia e um dos maiores polos cerâmicos da América Latina, veio a inspiração para a coleção homônima da marca soteropolitana Ateliê Mão de Mãe (AMM), que desfilou sua proposta de verão na noite de encerramento da São Paulo Fashion Week (SPFW), no sábado. A valorização do trabalho manual é o DNA da grife criada por Vinicius Santana, sua mãe, Luciene Brito, e, seu namorado e sócio, Patrick Fortuna: com modelos feitos exclusivamente de crochê, o AMM já havia deslumbrado a passarela mais importante do país com vestidos, camisas, calças e biquínis em tons de azul, creme e marrom quando estreou duas temporadas atrás por meio do Projeto Sankofa.

Desta vez, com mais maturidade,  o trio responsável pela marca trouxe o requinte das cerâmicas baianas: representando as texturas e cores das setes fases de trabalho com o barro, desde a modelagem, passando pela queima até a pintura, desfilaram vestidos com mangas voluminosas, tubinhos arrematados com barras em detalhe de franjas, búzios e miçangas e conjuntos nas cores marrom, lilás, vermelho e rosa. Os modelos, todos negros com destaque para a participação do ator Ícaro Silva—, também desfilaram sandálias e botas da marca Givanetti, que une solados de couro italiano com um design autoral baiano. 

Na coleção Maragogipinho, o requinte artesanal do AMM ganha um toque de streetwear, pensado para quem se veste para estar pronta para sair da praia a uma festa, por exemplo. Esse contexto urbano incorporou-se ao crochê artesanal (feito pela própria Luciene e outras 49 crocheteiras baianas) com maestria.

História

Meses antes da estreia no line-up oficial do AMM na SPFW, CLAUDIA visitou o ateliê da marca, em Salvador, onde Vinicius contou como tudo começou: “Minha mãe sempre fez artesanato e assim criou, sozinha, os quatro filhos. No início da pandemia, quando as coisas apertaram ainda mais, propus a ela que fizéssemos roupas de crochê”, contou Vinicius. Ele, que sempre gostou de fotografia, compartilhou no Instagram (@ateliemaodemae) as fotos de amigas usando os biquínis, tops e vestidos fabricados por Luciene, embelezados por detalhes como conchas, palhas e búzios e, quase imediatamente, a marca chamou a atenção pela beleza e requinte de suas peças.

Uma das coisas mais legais da proposta é que cada peça é praticamente exclusiva: apesar do padrão dos pontos de crochê dos modelos ser o mesmo, as mãos de cada crocheteira trabalham de um jeito, portanto, sempre há um detalhe ou outro que pertence apenas àquele vestido ou camiseta.

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“Vinicius vem e me apresenta um modelo, diz ‘mãe, vamos fazer assim’, mas já expliquei a ele que não funciona desse jeito. Quando sento para fazer uma peça, muita coisa da criação vem ali na hora, a criatividade às vezes chega quando estou com as agulhas na mão”, contou Luciene após o desfile. Ela, que se identifica como uma mulher essencialmente hippie, se diz feliz principalmente pela realização e alegria do filho com as conquistas e reconhecimento ao seu trabalho, mas não se deslumbra com as luzes e o glamour do principal evento de moda do país: “Para mim, é trabalho. Hoje tem festa, celebração, amanhã tem mais trabalho. Fico feliz mesmo é com a valorização da arte manual que se faz no Brasil, esse destaque é mais do que merecido para todas as artesãs, como as mulheres e homens que fazem as cerâmicas de Maragogipinho e as crocheteiras que trabalham com a gente”, afirma.

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