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O lado invisível de tentar engravidar: por que tantas mulheres se sentem solitárias

Além da pressão social, elas precisam encarar a autocobrança e a rotina para realizar o sonho da maternidade

Por Beatriz Lourenço
4 jun 2025, 08h00
As mulheres tentantes enfrentam o peso da cobrança, da rotina complicada e das perdas precoces
Mulheres que tentam engravidar podem se sentir sozinhas (Pexels/Reprodução)
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À primeira vista, gerar um bebê parece um processo natural repleto de esperança. Mas, para muitas mulheres, essa fase é marcada pelo silêncio e pela angústia. Isso porque elas vivem uma rotina invisível aos olhos de quem não está passando pelo mesmo desafio: exames recorrentes, relações sexuais cronometradas e, por vezes, injeções de hormônios para concluir o processo. 

10% das mulheres enfrentarão problemas de infertilidade

Ainda que não seja possível determinar quantas pessoas tentam engravidar a cada ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 10% terão problemas de infertilidade.

Além disso, um casal possui apenas 20% de chances de engravidar durante o período fértil da parceira – e daí surgem as tabelas com dias exatos da ovulação, os horários pré-definidos para transar e a medição da temperatura corporal basal todos os dias pela manhã, técnica que monitora o ciclo.

Esforço para engravidar nem sempre dá resultado

Todo esse esforço nem sempre dá certo, fazendo surgir os estágios de expectativa e frustração. Segundo a psicóloga Magda Tartarotti, a sociedade acredita que basta querer engravidar que isso irá acontecer, mas a realidade não é bem assim.

“A intensidade de emoções só vai numa crescente conforme o tempo vai passando. Há a cobrança externa e a cobrança de si mesma”, diz. “Elas, inclusive, relatam que não param de ver mães e filhos, carrinhos de bebês e grávidas. Aí a solidão começa a se instalar.” 

Ter um parceiro nem sempre é sinônimo de ajuda

Mesmo quando têm um parceiro e rede de apoio presentes, as transformações físicas e emocionais costumam ser vividas de forma isolada.

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Acontece que compartilhar as dificuldades de engravidar é, para muitas, um tabu – há quem tema parecer ingrata ou até mesmo menos mulher por não conseguir gerar um filho. 

“Os sentimentos circulam pela raiva, medo, desqualificação e muita, mas muita culpa. Ela está tão vulnerável que o comportamento por evitação pode se instalar. Já que ela não aguenta mais conversas em torno da maternidade, fugir disso pode significar saúde mental“, diz Magda. “Muitas falas até de profissionais responsabilizam a mulher pelo insucesso da gravidez.” 

Luta gestacional precoce aumenta a solidão

Outro fator que contribui para a solidão das tentantes é o luto gestacional precoce. Gravidezes que não evoluem, muitas vezes nas primeiras semanas, costumam ser silenciadas e desvalorizadas socialmente.

A mulher é orientada a “esperar o próximo ciclo”, como se não tivesse perdido algo importante. Esse tipo de perda, que pode ser recorrente, é vivido com dor mesmo com o acolhimento familiar necessário.

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Paula Barbosa divide um pouco sobre a sua segunda gravidez
(Freepik/Reprodução)

A dor compartilhada se transforma

Buscar ajuda psicológica, participar de grupos de apoio ou encontrar outras mulheres que passam pela mesma fase pode ser um caminho para amenizar o peso dessa jornada.

Conversas sinceras com amigas, familiares e parceiros também ajudam a reconstruir vínculos e aliviar o fardo emocional. Embora cada história seja única, dividir a experiência com quem entende – ou se dispõe a ouvir sem julgamento – pode fazer toda a diferença.

“O cenário está mudando porque a necessidade de falar sobre isso é urgente. Mas saber com quem falar é difícil. Por isso, buscar pares pode esclarecer o sofrimento cotidiano. As pessoas precisam saber como você está se sentindo de modo que as frases que cobram essa demora possam ser distinguidas”, compartilha a especialista.

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Também é fundamental ampliar o debate sobre a fertilidade feminina de forma inclusiva e empática, bem como desmistificar o ideal de que a maternidade acontece de forma simples e natural a todas.

“Tenho acompanhado casais de mulheres que passam por esse processo e elas ainda têm o agravante da necessidade de proteger os filhos contra o preconceito”, afirma Magda.

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