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“Ele disse que ninguém acreditaria numa criança e seguiu me violentando”

A leitora Isa* compartilha a primeira vez que foi violentada, aos 8 anos, pelo próprio pai. Até hoje ela tem flashes do momento

Por Da Redação
31 jul 2020, 09h00

“É algo mais comum do que podemos imaginar. E não deve jamais ser banalizado. Aliás, precisa ser punido, denunciado, gritado aos quatro cantos deste mundo. Abuso infantil é um tema do qual precisamos falar.

Sou uma entre as milhões de vítimas dessa maldade, dessa tragédia, dessa situação que ainda acontece com nossas crianças. Eu era apenas uma garotinha de maria chiquinha nos cabelos, ainda brincava de boneca e acreditava em Papai Noel.

Estava em casa em um dia de sol quando ele chegou e me chamou para ir tomar banho de piscina, fazer sauna. É tudo que uma criança de 8 ou 9 anos gosta de fazer. Rapidamente, troquei de roupas e coloquei meu biquíni. Estava calor e o que eu queria era me divertir.

Desci para o térreo e fui em direção à sauna, que ainda não estava ligada. Perguntei se ele não ia lugar e ele me disse para ir entrando que logo funcionaria. Ele entrou logo depois de mim e aí começou o horror.

Ele começou a me olhar de um jeito muito diferente, muito estranho e eu perguntei o que estava acontecendo. Ele mandou que eu calasse a boca e tirasse o biquíni. Eu, na minha inocência, perguntei pra que. Ele tampou a minha boca e, me segurando por trás, começou a se esfregar em mim. Ele mandou eu tirar meu biquíni mais uma vez. Eu não estava entendendo nada, mas obedeci. Não sabia o que ele estava fazendo e nem o por quê. Queria gritar, mas ele disse que ninguém me escutaria porque as portas estavam fechadas.

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Eu me lembro perfeitamente da cor da sua bermuda: vermelha. Lembro-me do cheiro e da música que tocava na salinha ao lado. Eu me lembro de tudo como se fosse hoje, agora. Ainda tenho flashes daquele dia e de diversos outros abusos que sofri na vida, durante a infância e adolescência.

Ele se esfregava em mim e gemia. Hoje eu entendo o que estava acontecendo, mas na época eu não sabia. Só queria que acabasse logo. Fiquei com muito medo. Depois, ele me virou de frente para ele e me mandou colocar a mão dentro de sua bermuda. Eu não quis, mas eu não conseguia gritar. Ele segurou minha mão com força. Eu não queria, estava com nojo, puxava a mão e ele segurava enquanto me batia nas pernas com algum objeto que tinha. Até hoje não consigo me lembrar o que era, mas doía muito.

Quando ele chegou ao orgasmo e ejaculou, coisas que fui aprender o que eram muito tempo depois, ele parou. Eu estava toda suja. Ele me mandou tomar banho no chuveiro da sauna e colocar o biquíni. Me disse para não falar nada para ninguém senão da próxima vez seria pior, ele me bateria mais. Também me lembro dele dizer que mesmo que eu tentasse contar para alguém, ninguém acreditaria. Quem ouviria uma criança. Ele só me desmentiria e me bateria mais. Ele falou que eu não era ninguém, não era nada, que ninguém me escutaria.

E assim eu me calei. Dessa vez e todas as outras que ele me molestou. De várias maneiras, incontáveis vezes. Esse traste que me machucou e me machuca até hoje é meu pai, se é que ele pode ser chamado assim.”

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A partir de agora, CLAUDIA mantém esse canal aberto e oferece acolhimento para quem quiser libertar as palavras e as dores que elas carregam. Fale com CLAUDIA em falecomclaudia@abril.com.br.

*Nome trocado a pedido da personagem

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