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Vladimir Brichta faz uma declaração de amor à família

Em entrevista a CLAUDIA, o ator fala da carreira (até de uns bons micos) e da relação com os filhos.

Por Ana Claudia Paixão
Atualizado em 7 Maio 2020, 15h25 - Publicado em 10 abr 2020, 09h00
Vladimir Brichta
 (Sergio Zalis/Globo/CLAUDIA)
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Na internet, Davi, personagem de Vladimir Brichta em Amor de Mãe, novela das 9 da Globo, ganhou o apelido de Greto. É uma referência à jovem Greta Thunberg, ativista ambiental sueca que se tornou mundialmente conhecida. A gracinha faz sentido, já que Davi é um ecologista que tem como meta limpar completamente a Baía de Guanabara. Criado pela autora Manuela Dias, o personagem não poderia ser mais atual. E, pelo engajamento e o apelido recorrente no Twitter, vê-se que a estratégia de gerar discussão sobre o assunto tem funcionado.

Para o mineiro Brichta, que cresceu na Bahia, tem pai geólogo e irmão biólogo, o papel, além de relevante, carrega um significado especial. A realidade de Davi muitas vezes remete aos momentos compartilhados pelo ator com a família. “Eu fiz faculdade de teatro, mas, curiosamente, tinha como quarta opção no vestibular geologia. De alguma forma, estava em mim essa herança genética. Meu pai também é professor em universidade e fez muito trabalho de campo; então, aos meus olhos, era uma espécie de Indiana Jones”, entrega, referindo-se ao famoso personagem aventureiro interpretado por Harrison Ford.

Em conversa com CLAUDIA, Brichta, agora em intervalo das gravações da novela por causa da pandemia do novo coronavírus, fala sobre a família e os sonhos de carreira.

CLAUDIA: Você não é de aparecer nas redes sociais, assim como sua companheira (Brichta é casado com a atriz Adriana Esteves há 15 anos). Não curtem mesmo ou querem preservar ao máximo a privacidade de vocês?

Isso é pensado e conversado. Nós dois não temos interesse, mas não é um decreto. Eu sempre falo que, se fosse contra, proibiria meus filhos de ter perfil. É mais uma questão de saber administrar. Acredito que contribui para alimentar a ansiedade. Hoje consigo administrar a ansiedade e os meus impulsos, mas isso levou muitos anos e foi a muito custo que cheguei até aqui. Acham que sou a pessoa mais zen do mundo, só que não foi sempre assim. Percebi que as redes sociais não seriam úteis para mim nesse sentido. Na verdade, até me fariam mal. Por exemplo, se as pessoas fossem agressivas com meus filhos, com a minha esposa, certamente me tiraria do sério. Eu estaria flertando com essa possibilidade.

Vladimir Brichta
(Sergio Zalis/Globo/CLAUDIA)

CLAUDIA: Como é sua vida em família?

É uma demanda normal, tem aquilo que a gente faz pra dar conta da casa e as atividades de lazer. Não temos uma secretária. Nossos filhos são grandes, mas, como moram com a gente, ainda temos um pouco aquela coisa de cobrar a hora dos compromissos, de ficar de olho. É uma dedicação, faço isso com muito prazer. Acho uma delícia curtir e cuidar. Vejo muito filme com o Vicente, que é o menor, tem 13 anos. Ele é cinéfilo. Outro dia a gente assistiu Taxi Driver. E também O Iluminado. Ele me disse: “Eu preciso ver”. A Agnes está com 23 anos e é a minha parceira para assistir a peças de teatro. Claro, tem sempre a Dri, mas às vezes ela está gravando e não consegue ir. Com o Felipe, de 20, eu converso mais sobre música. Ele surfa também. Leva jeito, e eu me esforço, acabo indo mais pra praia do que ele. A gente viaja quando é possível. Em dezembro, fomos conhecer a roda-gigante no porto do Rio. Foi muito legal.

CLAUDIA: E você consegue passar despercebido quando sai por aí nesses passeios?

Comprei os ingressos para a roda-gigante com antecedência e fomos de metrô. No trajeto me pediram duas fotos. Descemos na estação Carioca e aluguei duas bicicletas pra nós. Nunca tinha feito isso. A gente foi até Flamengo, pegamos o Aterro, passamos em frente ao Aeroporto Santos Dumont, pela Praça XV… Recentemente, andei lendo sobre a história do Rio de Janeiro e fiquei muito interessado. Então fui dando uma aulinha para o Felipe. Foi um dos melhores passeios que eu fiz na vida aqui na cidade.

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CLAUDIA: É muito legal poder compartilhar um momento entre pai e filho. Você divide várias paixões com as crianças, pelo que conta. A Agnes, inclusive, segue seu caminho profissionalmente. Isso deixa você emocionado?

Ela cursa psicologia, mas já declarou que o negócio dela é teatro. Não é nem teatro, é atuação. Eu dou força, apoio. Não sou aquele pai que vai montar uma peça ou pedir emprego para ela. Adriana e eu temos muito medo de ela entrar nessa profissão, que até pode ser encantadora, porque a Agnes tem referência de pai e mãe, além do pai do Felipe (o ator Marco Ricca). São pessoas bem-sucedidas na profissão, mas é um puta lugar bacana de privilégio, uma minoria. Sabemos que as coisas também podem dar muito errado. A gente tem exemplos em volta de pessoas que ralam até hoje, que terminam um trabalho e logo depois já estão numa situação difícil. Eu não posso chegar pra ela e dizer: “Filha, vem porque é tudo uma maravilha”. Ao mesmo tempo, reafirmo que, se ela tem vontade, tem que tentar. Eu digo: “Vá. Vá para o mundo, vá para a profissão. Não venha para a minha profissão, não venha para o meu mundo. Se a gente se cruzar lá na frente, tudo bem”. Eu pago todos os cursos, transporte, troco ideias, assisto a todas as coisas que ela faz. A gente conversa bastante sobre o trabalho. Sempre conto da minha experiência. Acredito que esses papos podem ser úteis para a Agnes. Mas não fico agindo como mãe de miss, não quero dar a ela nenhuma ilusão.

Vladimir Brichta
(Sergio Zalis/Globo/CLAUDIA)

CLAUDIA: Hoje você está na novela, mas também faz muito cinema. Foi um sucesso em Bingo: O Rei das Manhãs. Tem um preferido?

Bingo foi uma experiência muito especial. Era uma história que eu queria contar desde que li a respeito. O filme foi incrível, teve essa repercussão enorme, viagem internacional para divulgação. Quando acabou, deu um vazio. Fiquei quase três anos sem fazer cinema. Mas preenchi com muita TV, coisa legal, novela, série, um pouquinho de férias. Surgiram alguns convites para cinema, e eu acabei declinando. Até que entendi o que estava acontecendo internamente, essa confusão pessoal. Aí, em 2019, apareceu a possibilidade de estar em Alemão 2. É a continuação do filme lançado em 2014, nove anos depois do que se tornaram as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), que aborda a questão da segurança pública.

CLAUDIA: Como escolhe seus personagens?

Sempre fui eclético. O que acontece é que começo a me vestir igual aos personagens. Virou piada em casa, porque a Adriana faz o oposto. Se é uma mulher mais classuda, ela se veste mais despojada. Na época da novela Rock Story, comecei a usar botas de couro. Quando atuava em Segundo Sol, comprei umas blusas coloridas. Pensava: “Eu gosto disso, por que nunca comprei antes? Ou será que é só o personagem que gosta?”. A Adriana acha graça.

CLAUDIA: Vocês já estiveram no mesmo elenco em quatro novelas. Vão contracenar de novo?

Teve também a série Justiça, mas era só uma cena, em que eu prostituía a filha dela. Quer dizer, eu não. O personagem. Essa mania de falar em primeira pessoa… Quando eu estava fazendo Muitos Homens num Só, filme da Mini Kerti, isso me rendeu uma enrascada. Eu interpretava um ladrão e aguardava para fazer uma cena em que entrava num quarto de hotel pra roubar. Só que, no intervalo das gravações, estava acertando uma viagem com a família. Coloquei tanta coisa no meu cartão que travou. Liguei na central para resolver e me disseram para esperar, que teria que passar por uma etapa de segurança. Enquanto tocava aquela musiquinha, eu falei com alguém da equipe: “Já entrei no primeiro quarto e roubei as joias. Vou agora para o segundo quarto roubar não sei o que lá”. Aí a pessoa do cartão voltou e disse: “Por questões de segurança, o seu cartão está sendo cancelado. Entre em contato com seu banco”. Essa cena foi boa.

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