Mulheres se destacam em noite de discursos engajados no Emmy Awards 2019
Viola Davis usa tênis, atrizes discursam por trans, salários e tolerância
“Tenho a sorte de fazer parte de uma comunidade que defende tolerância e diversidade. Eu não estaria nesse palco”, declarou um emocionado Peter Dinklage ao estabelecer um recorde ao ganhar seu 4º prêmio pela série Game of Thrones, domingo (22), na noite do 71º Emmy Awards. Dinklage acompanhou o tom engajado dos vencedores que aproveitaram o palco para defender igualdade, reconhecimento e tolerância.
A noite foi marcada também por algumas zebras e a vitória da Amazon Prime Video: algumas das principais vencedoras da premiação são séries exibidas na plataforma de streaming, como The Marvelous Mrs Maisel e o atual fenômeno pop, Fleabag. A série, que começou despretensiosamente em 2016 e foi ganhando peso, é um projeto pessoal da roteirista e atriz Phoebe Waller-Bridge, que também levou o prêmio de Melhor Roteiro Comédia, Melhor Atriz Comédia e Melhor Série Comédia. Waller-Bridge subiu três vezes ao palco, mas foi uma das poucas a evitar fazer algum discurso politizado. Atualmente, envolvida com o roteiro do próximo filme de James Bond, em que é a primeira roteirista mulher a assinar um roteiro para o espião inglês, ela creditou – com razão – o sucesso da segunda temporada ao ator Andrew Scott, ex-vilão da série Sherlock e atualmente conhecido como o “padre gato”. “A segunda temporada não teria sido esse sucesso sem [Andrew Scott], que entrou no universo de Fleabag como um furacão”, ela agradeceu.
O tom de seriedade foi aberto no discurso de Alex Bornstein, que levou o segundo Emmy de Atriz Coadjuvante Comédia por The Marvelous Mrs Maisel. Ela citou a história da avó, que sobreviveu ao Holocausto por desafiar as regras do campo de concentração. “Saiam da fila, meninas”, a atriz aconselhou.
Quem acompanha premiações sabe que, quando Patricia Arquette sobe aos palcos, ela nunca deixa de aproveitar para fazer declarações importantes. Ao receber o prêmio de Atriz Coadjuvante por The Act, ela citou sua irmã trans, Alexis, que morreu em 2016. “As pessoas trans estão sendo perseguidas, e eu choro todo dia da minha vida, Alexis, e vou chorar todo dia por você até que a gente mude o mundo para que as pessoas trans não sejam mais perseguidas. Deem trabalho para eles, são seres humanos. Chega de preconceito”, pediu.
O ator Billy Potter, que venceu a categoria de Melhor Ator Drama por Pose, lembrou que a crença limitante interferiu por muitos anos na sua carreira. “Foram muitos anos vomitando aquela sujeira que aprendi sobre mim e que meio que acreditei até que eu pudesse andar no mundo como se tivesse o direito de estar aqui”, disse o ator citando o escritor James Baldwin. “Eu tenho o direito de estar aqui. Nós todos temos o direito”, completou.
A linda e elegante Michelle Williams endereçou dois assuntos em uma mesma declaração. Uma das vítimas mais conhecidas das diferenças salariais que ainda existem em relação a homens e mulheres em Hollywood, ela ressaltou que alcançou a igualdade, mas que ainda falta fazer mais. “Na próxima vez que uma mulher, especialmente uma mulher de cor, disser do que precisa para fazer seu trabalho, ouça-a. Acredite nela. Um dia, ela pode aparecer na sua frente e dizer: ‘Obrigada’. Por permitir que ela tenha sucesso com seu trabalho, e não apesar dele”, declarou.
E quem lacrou a cerimônia (e internet) mesmo foi uma Viola Davis cada vez mais à vontade e poderosa. Ela desfilou no tapete vermelho de salto, mas entrou no palco de tênis. A imagem desafiadora dispensou discursos. Por isso mesmo vale muito ouvir o que ela conta à CLAUDIA na edição de outubro.
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