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Aaron Paul estrela continuação de Breaking Bad

Breaking Bad acabou, mas a história continua para Jesse Pinkman. O americano interpreta novamente o personagem em filme lançado este mês

Por Mariane Morisawa
Atualizado em 17 fev 2020, 12h41 - Publicado em 12 out 2019, 11h51
Aaaron Paul
 (Eric Ray Davidson/Netflix/divulgação/CLAUDIA)
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Seis anos atrás, Jesse Pinkman entrou num carro Chevrolet El Camino 1978 e avançou sobre os portões do quartel-general de um grupo de neonazistas rindo, chorando e gritando histericamente. Assim nos despedimos do personagem de Aaron Paul na série Breaking Bad, vencedora de 16 prêmios Emmy Internacional (três deles para Paul). “Eu não pensava que iria interpretá-lo novamente”, admitiu o ator em entrevista exclusiva a CLAUDIA.

E, no entanto, Jesse está de volta em El Camino: A Breaking Bad Film, escrito e dirigido por Vince Gilligan, que está na Netflix – as cinco temporadas da série já estão disponíveis. O longa reencontra Jesse, que fabricava e traficava metanfetamina com o protagonista Walter White (Bryan Cranston), momentos depois de sua louca escapada. Mas por que retomar uma história que terminou no auge e sem críticas ao seu final?

“Também fiquei surpreso quando mencionaram a ideia de uma trama só sobre Jesse, mas logo assinei o contrato e estava pronto para começar”, conta o ator, que, durante a conversa, precisou se esforçar para não deixar escapar nenhum spoiler. “Eu confio cegamente em Vince Gilligan e faria qualquer coisa que ele me pedisse. Não precisei ler o roteiro nem saber do que se tratava, porque ele tinha uma visão e me incluía nela.”

Aaron nasceu no chão do banheiro de casa. Sua mãe cortou o cordão umbilical. Filho de um ministro da Igreja Batista, o jovem saiu de casa, em Idaho, nos Estados Unidos, aos 17 anos. De carro, percorreu 1,4 mil quilômetros para tentar uma chance em Hollywood. Participou do elenco de Missão: Impossível 3 e de séries como Barrados no Baile e Melrose Place. Nessas coincidências da vida, atuou no longa de Arquivo X, do qual Vince foi um dos roteiristas. Seu maior papel antes de Breaking Bad foi em Big Love.

Aaron é um dos milhares de admiradores de Breaking Bad e admite que nos últimos anos se pegou algumas vezes imaginando onde estaria Jesse. “Sabia que deveria estar escondido em algum lugar; nunca achei que seus problemas tinham acabado com o fim da série. É bom ter respostas para as questões que todo fã tem”, diz ele, lembrando que, mesmo seis anos depois de o último episódio ir ao ar, as pessoas continuavam perguntando sobre a trama. Um dia, o telefone tocou. Era um convite para o ator visitar o escritório de Vince.

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“Eu tirei os sapatos, deitei no sofá com o roteiro nas mãos e não consegui parar até terminar de ler. Fiquei atônito. Estava tomado por muitas emoções. E feliz de Vince ter, novamente, conseguido fazer algo estupendo”, conta o ator. Ele não deixa escapar nenhuma dica do que vai acontecer com o personagem, mas parece improvável que seja uma história feliz.

“Quando o vimos pela última vez, ele estava cheio de machucados e cicatrizes. Deu para perceber que tinha sido espancado, torturado o tempo todo que ficou detido. O que isso faz a um homem?”, questiona. “Não posso confirmar nem negar que haverá menos sofrimento”, comenta, esquivando-se.

Aaaron Paul
(Eric Ray Davidson/Netflix/divulgação/CLAUDIA)
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Daí para voltar à pele de Jesse foi rápido. “Eu o conheço melhor do que ninguém. O que acontecia a ele parecia que era comigo”, afirma. Em seguida, revela que precisou da ajuda do veterano Bryan Cranston para não ficar obcecado pelo personagem. “Eu e Bryan tivemos uma ligação forte desde o princípio. E esse vínculo nunca vai se romper. Eu o amo demais”, continua Paul. Eles se falam todos os dias, fizeram tatuagens em comemoração ao final da série e Bryan foi um dos poucos convidados para a festa de 40 anos de Aaron, que aconteceu num resort de luxo na República Dominicana. Os dois lançaram recentemente uma marca de mezcal, chamada Dos Hombres.

Não há previsão de Walter White aparecer em algum momento do filme, mas é sabido pelos espectadores que ele e Jesse fizeram coisas terríveis e sofreram por outras tantas. Antes mesmo de a série estrear, houve quem acusasse os criadores e o canal AMC de glamourizar a fabricação e venda de droga. Mas, assim que o primeiro episódio foi ao ar, ficou evidente que não se tratava de nada disso. “Na verdade, era um lembrete de como essa droga é terrível e do que faz com os usuários, sua família e seus amigos”, explica Aaron.

Ao longo dos anos, diversas vezes ele foi abordado por estranhos que estavam sóbrios depois da dependência. “Eles me abraçavam e agradeciam por fazê-los lembrar do terror que era esse mundo”, diz, emendando que, além da epidemia de viciados em metanfetamina, há outra criando enorme crise nos Estados Unidos, a dos opioides, presentes principalmente em analgésicos.

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A estimativa é de que, desde 1999, cerca de 1,7 milhão de pessoas tenham se viciado e 400 mil tenham morrido. “É um terror. Comemorei quando a companhia que produz o OxyContin (um dos analgésicos prescritos em demasia) entrou com pedido de falência. Eles são os maiores traficantes de drogas do planeta. E que vergonha eles empurrarem essas drogas para todas essas pessoas, porque elas se viciam facilmente. É um mundo louco esse em que vivemos”, completa.

Em meio a tanta confusão, ele encontra conforto em casa. Tem dedicado mais tempo a Lauren Parsekian – que conheceu durante o festival de música Coachella, na Califórnia, e com quem se casou em 2013 – e à filha, Story, de 1 ano e 8 meses. Claro que pegar leve não quer dizer se aposentar. Ele voltou à televisão com The Path e vai estar em Truth Be Told, da Apple, e na terceira temporada de Westworld (sobre a qual também não pode falar nada), mas tem escolhido seus projetos com mais cautela e sem a ansiedade de iniciante.

É a segurança que ter se tornado uma estrela renomada lhe dá. Agora, contudo, está feliz de finalmente poder falar do novo filme – que até agosto era segredo absoluto. “Eu só digo o seguinte: qualquer hesitação dos fãs vai desaparecer quando assistirem”, promete. “Vocês vão amar.”

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