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Leitora de CLAUDIA desde a 1ª edição fala de mudanças para mulheres

No nosso mês de aniversário, Vera Maria Lacerda, de Porto Alegre, lembra da rotina das mulheres em 1961, quando CLAUDIA foi lançada

Por Vera Maria Lacerda
Atualizado em 16 out 2020, 12h58 - Publicado em 16 out 2020, 12h00
 (Pedrita Junckes/Estilo)
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Lembro-me como se fosse hoje do dia do lançamento da primeira edição da revista CLAUDIA. Vivíamos o início da década de 1960. Meus pais, minha irmã, dois anos mais velha, eu e meu irmão caçula morávamos no interior do Rio Grande do Sul.

Adolescentes, nós três estudávamos no colégio das Irmãs de Notre Dame e seguíamos as rigorosas regras de comportamento daquele tempo. Não tínhamos televisão; as notícias chegavam pelo rádio e pelo jornal Correio do Povo, que meu pai assinava.

Era uma época opressora para as mulheres e, pior ainda, para as adolescentes. Todas debutavam aos 15 ou 16 anos e eram preparadas para casar e ser prendadas. Aprendiam a obedecer ao marido e a ser mães dedicadas. Curtiam Elvis Presley e rock’n’roll. Profissionalmente, podiam, no máximo, ser professoras ou enfermeiras.

E aí surge a revista CLAUDIA, com os artigos da famosa Carmen da Silva, que, ao longo dos anos, foi minando com suas ideias modernas o rígido sistema no qual as mulheres estavam inseridas.

Essa autora foi responsável por mudanças profundas nos comportamentos femininos, principalmente os que diziam respeito ao casamento, à virgindade e ao controle da natalidade. Ela desmistificou a ideia de que a mulher havia nascido para ser mãe e esposa; de que precisava se guardar virgem até o dia do casamento; de que não podia escolher uma profissão, pois devia cuidar do marido, dos filhos e da casa.

Ao longo de muitos anos, Carmen da Silva e outros articulistas de CLAUDIA foram influenciando as jovens a estudar e escolher uma profissão; a usar métodos que impediam a gravidez; a virar as costas para as doutrinas cristãs, que eram machistas e proibiam opções contraceptivas, a não ser a de não transar nos dias férteis.

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Esse caminho muitas vezes não funcionava, e as mulheres tinham vários partos consecutivos. Os filhos nasciam com dez meses de diferença entre um e outro.

CLAUDIA fez uma verdadeira revolução nos costumes, nas crendices, nos tabus. A década de 1960 foi palco para várias mudanças, com livros, revistas, filmes, mulheres decididas, pílula anticoncepcional, o festival de música brasileira. Foi uma época maravilhosa de libertação. Nada mais iria ser como antes.

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(Foto/Acervo pessoal)

Vera Maria Lacerda é de Porto Alegre. Ela é fiel leitora de CLAUDIA há 59 anos

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