Com aulas suspensas, coronavírus muda rotina de estudantes e pais
22 estados e o Distrito Federal decretaram a paralisação das escolas, o que deve afetar principalmente crianças em idade pré-escolar
Para tentar conter os avanços do novo coronavírus, diversos estados brasileiros, como Paraná, São Paulo, Piauí e o Distrito Federal, decretaram a suspensão total ou parcial das aulas em escolas públicas e privadas. A medida, é claro, visa proteger os estudantes contra a doença e minimizar o contágio pelo vírus que, até a publicação desta matéria, já contaminou pelo menos 314 pessoas e deixou um morto.
Apesar de serem experts nas plataformas digitais, a nova rotina de estudos em tempos de pandemia não é tão simples assim. Pela falta de uniformidade, cada instituição está decidindo suas próprias atividades de acordo com a disponibilidade das crianças e suas famílias.
Na escola da pequena Júlia Leão, 12 anos, os professores passam lições através do site da instituição, mas não há uma rotina de aulas online, o que preocupa a mãe da jovem, que também está trabalhando em home office. “É claro que a situação pegou a todos de surpresa. O mais importante é a saúde e a segurança das crianças, mas me preocupo com a suspensão das aulas no processo de aprendizagem. Estamos fazendo todas as atividades passadas online e, quando as aulas retornarem, vamos correr atrás do prejuízo”, diz a analista de sistemas Mara Leão.
Para a orientadora pedagógico-educacional e diretora da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Marlene Isepi, os desafios de aprendizagem durante a quarentena atingem todas as faixas etárias, mas as crianças da educação infantil podem sentir mais esses efeitos. “Quanto menor a criança mais difícil é desenvolver o conteúdo [em casa]. Isso porque o aprendizado nessa fase exige interação com outras crianças e com os professores também. Além do que, algumas disciplinas ficam muito prejudicadas, como Artes e Educação Física”, afirma.
Criar um ambiente livre de distrações já é um bom começo para tentar organizar uma rotina de estudos, como explica Fátima Morissawa, orientadora pedagógico-educacional e vice-diretora da Escola de Aplicação. “Não temos como garantir que haja uma similaridade entre escola e casa. Por isso, o que podemos fazer para ter um mínimo de identidade escolar é organizar as atividades e orientar de forma clara e objetiva os responsáveis, dando lições que os alunos possam fazer de forma autônoma. O importante é seguir as orientações passadas pelos professores e fazer com que os alunos se dediquem aos estudos”.
Isepi ressalta também a importância do acompanhamento dos pais e responsáveis nessas mudanças. “Acompanhar a vida escolar é acompanhar a vida do seu filho. A maioria das crianças e adolescentes tem a vida centrada na escola. Para uma família que sempre acompanha a rotina do filho, essas alterações com a quarentena serão mais fáceis. Mas para quem se isenta dessa responsabilidade, esse momento fica ainda mais difícil. É necessário acompanhar o que é passado pela escola e ouvir o que essas crianças têm a dizer, se aproximar delas, até porque elas também estão com medo”, finaliza.
E depois da lição? Calma, tem solução!
Após terminar as atividades passadas pelos professores, o que fazer durante o resto do dia? As pedagogas Isepi e Morissawa dão a letra: aposte nas atividades extracurriculares. “É legal propor jogos educativos, assistir a filmes, ler livros. O jogo da forca, por exemplo, é ótimo para o processo de alfabetização. Além disso, dá pra colocar todas aquelas ideias que não deram tempo de fazer nas férias em prática”, lembram.
De onde tirar forças para enfrentar a dor: