Disciplina positiva: como aplicá-la na rotina dos filhos
Educadora parental explica como utilizar esta ferramenta que auxilia os pais na educação
A criação dos filhos, sem dúvidas, evoluiu consideravelmente com o passar dos anos. E a tecnologia, que para muitos ainda é vista como vilã, auxiliou para que os pais pudessem transmitir valores para os pequenos de modo claro e não-violento. A chamada Disciplina Positiva, apesar de muito abordada na atualidade, já existe há mais de 30 anos. Seu conceito foi idealizado por Jane Nelsen, a partir dos pensamentos dos psicólogos Alfred Adler e Rudolf Dreikurs. A proposta é encorajar crianças e adolescentes, casais e colaboradores das empresas a tornarem-se responsáveis, respeitosos, resilientes e com recursos para solucionarem problemas por toda a vida.
“Um dos princípios básicos do método é tratar e respeitar a criança com a mesma importância que tratamos um adulto ou que gostaríamos de ser tratados. Isso faz com a relação familiar seja pautada no respeito, na disciplina e no afeto. A empatia, resiliência e o encorajamento são importantes habilidades de vida e que devem ser estimuladas desde a infância. Crianças que aprendem a lidar com suas emoções e a desenvolver a empatia desde cedo, tendem a ser adultos mais respeitosos e menos egoístas”, explica a educadora parental Paloma Silveira Baumgart.
Ao todo, são cinco pilares para que a disciplina positiva seja efetiva, sendo eles:
- Conexão: surge quando os filhos sentem um senso de pertencimento e de importância na família;
- Respeito mútuo: prega a gentileza e firmeza ao mesmo tempo;
- Eficácia em longo prazo: considera o que as crianças estão pensando, sentindo e fazendo;
- Foco no desenvolvimento de habilidades de vida: responsabilidade, cooperação, autodisciplina, resolução de problemas e empatia, entre outros;
- Estímulo à autonomia.
“Conforme a criança cresce, vai tomando cada vez mais consciência do seu papel na família. Isso estimula a sensação de pertencimento. A disciplina positiva prega que os pais não devem partir para um discurso de ‘aqui quem manda sou eu’ ou ‘vai fazer porque eu estou mandando’. A criança que apanha, que é julgada, ameaçada e constantemente criticada em nome de uma educação autoritária sofre impactos extremamente negativos em sua autoestima e no senso de capacidade. Porém, se ela se enxerga parte de uma unidade e entende que suas ações têm impacto no coletivo, passa a cooperar de boa vontade, em vez de obedecer por medo. Por meio da cooperação é possível trabalhar a autodisciplina e o senso de responsabilidade”, detalha.
O método pode e deve ser aplicado desde a primeira infância: “Desde que o bebê nasce devemos olhar para ele com empatia, respeito e olhar de indivíduo único, respeitando as suas necessidades”. Paloma finaliza afirmando que os benefícios não são apenas destinados aos filhos, mas aos pais, a longo prazo. “Os pais desenvolvem o autocontrole e o autoconhecimento, além repensarem os padrões comportamentais. Passam a ensinar às crianças habilidades sociais e intrapessoais, como empatia e segurança em si mesma. Essas, são atendidas de forma consistente e amorosa”, pontua.