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Vanessa Barbara lança livro sobre maternidade e saúde mental

Autora visita a vida íntima de autores que lidaram com depressão para criar seu relato de maternidade durante a pandemia de Covid-19

Por Karin Hueck
Atualizado em 15 Maio 2024, 19h33 - Publicado em 14 Maio 2024, 08h00

A escritora Vanessa Barbara volta às livrarias com Três Camadas de Noite, seu primeiro livro  depois que se tornou mãe. Conversamos com a autora – ganhadora de um prêmio Jabuti e colunista do The New York Times – sobre a nova empreitada.

“Estou com medo, e agora?” | CLAUDIA (abril.com.br)

Confira entrevista com Vanessa Barbara

Clarice Lispector se casou aos 23 anos com um diplomata e passou as próximas décadas escrevendo cartas em que se queixava de saudades do Brasil. Ao seguir o trabalho do marido ao redor do mundo – morou em Nápoles, Berna e Washington –, Clarice tinha crises de depressão agravadas pela distância. Já o escritor norte-americano Henry James se deprimia no estado inverso: quando ficava em casa. Seu humor só melhorava em movimento, passeando pelas capitais europeias, visitando museus e igrejas compulsivamente.

Por sua vez, quando a brasileira Vanessa Barbara enfrentou a depressão pós-parto depois do nascimento de sua filha, a única coisa que conseguia fazer era… ler biografias de escritores com transtornos mentais. Foi a partir dessas leituras que surgiu Três Camadas de Noite.

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A obra é um relato mordaz, terno e cômico de sua maternidade durante a pandemia de Covid, entrecortado pelas vidas dos autores, passagens de mitos gregos e pensatas sobre escrita. A mistura, nem um pouco óbvia, culmina em uma obra fluida e muitas vezes comovente.

Três camadas de noite

três camadas de noite

Confira nossa conversa com a autora:

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Como foi pesquisar a biografia de autores que lidaram com depressão?
Foi ótimo. Gosto muito de ler sobre o cotidiano dos outros, e dessa vez mergulhei na vida real de escritores que, como eu, tentavam lidar com graves distúrbios mentais enquanto se dedicavam ao trabalho criativo.

No livro, falo de Sylvia Plath, Clarice Lispector, Henry e Alice James e Franz Kafka, mas também li biografias de David Foster Wallace, Virginia Woolf, Jane Austen, Charlotte Brontë, Edith Wharton.

Eu partia de curiosidades bem prosaicas: como eles faziam para calar as ruminações e produzir qualquer coisa, uma linha que fosse? Que horas eles acordavam? Como ganhavam a vida? Como descreviam seus transtornos mentais em suas cartas e produções ficcionais? Tinham ou não filhos? Quais eram suas motivações para sair de casa e lavar os cabelos?

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Nos momentos em que eu era incapaz de fazer qualquer outra coisa, eu ia absorvendo a trajetória desses outros escritores, com seus dramas tão reconhecíveis.

No livro você menciona seu distúrbio de ciclo circadiano, em que só adormece de manhã. Ou seja, você estava acordada nas madrugadas, em que bebês também costumam não dormir. Como foi esse maternar?

Durante os primeiros meses eu dormia em qualquer horário, onde quer que estivesse, porque estava tentando amamentar em livre demanda e a minha privação de sono era absoluta.

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Quando entendi que isso estava acentuando minha depressão, procurei voltar ao meu ritmo circadiano natural e dormir no período da manhã – abençoadas sejam as mamadeiras e a fórmula. Eu ficava “de plantão” no turno da noite enquanto a bebê dormia no quarto dela.

Na época eu estava escrevendo mensalmente para o New York Times e tentava trabalhar de madrugada, que é o meu período mais produtivo, mas ela acordava inúmeras vezes, então o trabalho era interrompido o tempo todo para dar de mamar, trocar a fralda, tentar fazê-la voltar a dormir. Ela só foi dormir a noite toda depois dos 18 meses.

É comum que mães deixem de escrever durante a primeira infância dos seus filhos. Como foi o seu caso?

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Poucas semanas depois do parto, continuei tentando produzir meus textos mensais para o New York Times, já que eu só recebia por publicação. (Ah, a doce vida dos freelancers…) Também estávamos às vésperas das eleições de 2018 e eu precisava continuar trabalhando. Consegui manter essa produção a um custo muito alto, mas não fazia nada além do estritamente necessário e vivia exausta.

Só consegui concluir minha primeira reportagem maior quase dois anos depois, à razão de uma página por mês. E só voltei a pensar melhor – e escrever alguma coisa mais livre – quando minha filha tinha três ou quatro anos, e ainda assim de forma fragmentada.

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