SP Arte: papo com Vik Muniz, destaques e preparativos para próxima edição
A maior feira de arte e design da América Latina acabou no domingo, 2 de abril, e já deixa um gostinho de quero mais
A 19ª edição da SP-Arte chegou ao fim no último domingo (2). Ocupando três andares do Pavilhão da Bienal, a feira foi marcada por um aumento significativo no setor de design – que cresceu 30% em relação ao ano passado –, pela parceria entre Disney e Vik Muniz, e pela presença cada vez maior de diferentes etnias de povos indígenas.
Ainda que a feira de 2023 tenha encerrado há apenas dois dias, já estamos de olho na edição 2024, que promete uma grande celebração.
“Nesses 20 anos, a SP-Arte realmente contribuiu para transformar o mercado de arte brasileira, e acredito que tem também um papel muito importante para o design autoral. Então, estamos planejando que a 20ª edição seja algo muito especial”, revela Tamara Perlman, diretora de novos negócios da SP-Arte.
Mas enquanto aguardamos mais novidades desse aniversário, confira abaixo os destaques da SP-Arte 2023.
- Vik Muniz e Disney
Um admirador declarado da figura de Walt Disney, Vik Muniz foi o escolhido para assinar as obras que compuseram o estande da Disney na SP-Arte 2023. Essa é a primeira vez que a companhia participa da feira, mas chega em grande estilo para comemorar o centenário da empresa.
O artista desenvolveu sete obras para a exposição GIBI. Nelas, histórias em quadrinhos da Disney publicadas no mundo todo foram recortadas e coladas em formatos de personagens e outras intervenções características de Vik, que revelou ter sido nostálgica a produção das obras.
“Eu não me dei conta até começar a fazer os trabalhos, o tanto que tinha de pessoal nesse material. O cheiro do gibi, a releitura deles. Eu recebi alguns que havia lido quando era criança, ali entre 1960 e 1970”, contou em entrevista exclusiva à CLAUDIA.
Além da memória afetiva despertada, Vik também pôde homenagear o fundador da companhia, do qual é um grande fã. “Ele conseguiu levar a cultura americana para o mundo todo, de forma sutil, e através de personagens absurdos, como um camundongo e um pato”, pontuou o artista.
- Wentz Design
A série de luminárias Fungi nasceu do resultado da observação e exploração do designer Guilherme Wentz sobre as infinitas possibilidades do universo dos fungos, suas profundas e silenciosas conexões naturais e suas capacidades de expansão de consciência e, portanto, de luz. A série é desdobrada em luminárias de mesa, piso, pendentes e arandelas.
- Plataforma4
Em parceria com o Grupo Indusparquet, o estúdio de design Plataforma4, das designers Amélia Tarozzo, Camila Fix, Flávia Pagotti Silva e Rejane Carvalho Leite, levou para a SP-Arte uma mesa de centro colaborativa.
A peça é assinada por 12 arquitetos e designers que realizaram uma interferência criativa, usando tacos de madeira provenientes de resíduos da produção da Indusparquet, em uma base também feita de madeira. Posteriormente, cada peça foi unida em uma estrutura de metal desenhada pela Plataforma4.
Os profissionais que participaram da ação foram Albert Sugal, Karina Bsoficce, Alice Martins, Arthur Athayde, Cristina Rocha, Flávia Cardozo, Luciana Almeida, Luciana Penna, Nelson Kabarite, Olegário de Sá, Patrícia Martinez e Rogério Shinagawa.
- Suite Design
A Suite Design – liderada pelos sócios Carolina Mauro, Daniela Frugiuele e Filipe Troncon – apresentou uma edição inédita e seriada da poltrona Lina, em parceria com a Lider Interiores e a Botteh.
A peça ganhou cinco novas versões elevadas a nível de arte e lançadas de forma exclusiva na feira. Com caráter excepcional e de exposição, as poltronas foram reeditadas em colaboração com as marcas Srta. Galante, Nani Chinellato, Ecosimple, Adriana e Carlota Atelier. Além disso, a emblemática bola de madeira — detalhe da peça — foi substituída por pedras naturais, nas versões bruta e lisa.
- deezign
O estande do marketplace deezign reuniu muitas novidades. Entre elas, a coleção de tapetes Tramas Urbanas, assinada pelo designer Jorge Elmor, que exibiu a peça Nova York, com cortes geográficos a partir de fotos aéreas de pontos turísticos da cidade.
Confeccionado manualmente, o tapete é tecido em 100% lã, com formas orgânicas e uma combinação de cores em tons pastel, o desenho cria uma sensação óptica de profundidade em diversas dimensões.
A poltrona Paulistano, de Paulo Mendes da Rocha, também marcou presença no estande, mas em versões reeditadas. Uma delas, a Xingu, teve projeto capitaneado por Naná Mendes da Rocha, filha de Paulo. Nela, o assento de couro foi substituído por buriti com design assinado por índios da comunidade Kamayurá.
- 31 Mobiliário
O espaço da 31 Mobiliário na SP-Arte 2023 teve curadoria do designer Zanini de Zanine, que também é diretor criativo da marca mineira.
Por lá, Zanini reuniu reedições de Ruy Ohtake e José Zanine Caldas e lançamentos dos contemporâneos Olavo Machado, Rodrigo Ohtake, Studio Sala, além de peças autorais.
- Bancos Indígenas
Um dos mais importantes acervos brasileiros de arte indígena, a Coleção BEĨ compreende mais de 900 bancos produzidos por artistas de 45 etnias indígenas do Brasil, provenientes do Território Indígena do Xingu, da Amazônia e do sul do Brasil.
Grande parte dessas peças está documentada em Bancos indígenas do Brasil, livro lançado durante a SP-Arte 2023. Por lá, a obra ganhou um estande repleto de bancos e obras assinadas por diferentes comunidades de povos originários. Vale lembrar que o livro é uma nova edição, revista e aumentada, da obra homônima lançada em 2015 e esgotada.
- Etel
Quem passou pelo estande da Etel pôde conferir uma reunião de grandes nomes do design e da arquitetura.
Entre eles, estavam peças de Joaquim Tenreiro, Oscar Niemeyer, Claudia Moreira Salles e, a grande novidade da marca, Percival Lafer. O designer de 85 anos foi anunciado como novo membro da Coleção Etel. Para a brand, ele reeditou as peças PL 61, PL 115 e PL 13.
- Herança Cultural
A Herança Cultural anunciou a Coleção Zabumba que reúne peças únicas do artista e designer Ronald Sasson. O projeto é uma homenagem à essência do Brasil.
Peças monolíticas produzidas em Bronzite Teerão do Espírito Santo que mais lembram uma terra seca ou até um resto de madeira de construção ligado a Imbuia, memória afetiva do designer.
- +55design
O encontro entre o designer Rodrigo Silveira e Yuta, Kawakanamu e Ontxa, indígenas da etnia Mehinako, resultou no projeto SOMA – uma coleção de nove bancos que assumem formas de animais.
Nela, as cabeças e rabos são esculpidos pelos indígenas, enquanto o corpo é desenhado por Rodrigo.
- Leandro Garcia
O marcante espelho Aro, de Leandro Garcia, ganhou novas variações que foram lançadas durante a SP-Arte 2023.
A partir da combinação de aros com diâmetros e acabamentos diversos, Leandro desenvolveu 20 peças, entre bandejas e espelhos de parede e de mesa.
- Mel Kawahara
A designer Mel Kawahara encontrou uma forma de reaproveitar as sobras do filme de polietileno utilizado na produção de suas luminárias plissadas. Assim nasceu a coleção Tramas.
Nela, Mel cria diferentes tramados a partir dessas sobras. Com um resultado orgânico, as luminárias produzem um efeito de luz e sombras único em cada peça.
- Humberto da Mata
A criatividade orgânica e múltipla de Humberto da Mata também marcou presença na SP-Arte 2023.
O designer apresentou em um estande minimalista a pluralidade de materiais com os quais trabalha marcados – como não poderia deixar de ser – pela paleta de cores vivas que é sua marca registrada.
- Estúdio Dentro
O Estúdio Dentro, dos mineiros Marllon Morais e Rodrigo Queiroz, realizou uma reflexão de seu próprio trabalho e apresentou em sua primeira participação na mostra lançamentos que traduzem a sua atuação no mercado de modo amplo – mobiliário, luminária e objeto.
A dupla mostrou durante a feira três lançamentos exclusivos: a poltrona Sueto, o Espelho Arco e a Coleção Solta.
- Cultivando em Casa
Inspirada em elementos naturais bastante comuns em Minas Gerais, a linha Murundu, assinada pelo Cultivando em Casa, fala de paisagens afetivas, da natureza rural e da ligação com o campo.
Nela, volumes de terra que remetem àqueles construídos pelos insetos nas matas e pastos convivem aqui com o aço, frio e urbano, imperfeito e invasivo, das construções dos homens. O encontro em vida urbana e natureza.