Quem foi Eunice Paiva, interpretada por Fernanda Torres em ‘Ainda Estou Aqui’
A advogada lutou pelo reconhecimento da morte de seu marido, Rubens Paiva, durante a Ditadura Militar brasileira
Interpretada por Fernanda Torres no premiado filme Ainda Estou Aqui, Maria Lucrécia Eunice Facciolla Paiva ‒ conhecida como Eunice Paiva ‒ foi uma advogada que dedicou sua vida à defesa dos direitos humanos, especialmente das famílias dos desaparecidos políticos durante a Ditadura Militar e das causas indígenas.
Eunice Paiva foi casada com o ex-deputado federal Rubens Paiva, brutalmente assassinado durante a Ditadura Militar. Ela e sua filha, Eliana, então com 15 anos, também foram detidas e ficaram, respectivamente, 12 dias e 24 horas na prisão. A partir de sua libertação, Eunice passou a exigir respostas sobre o paradeiro do marido.
Infância e juventude de Eunice Paiva
Nascida em 7 de novembro de 1929, Eunice cresceu em uma comunidade de italianos no bairro do Brás, em São Paulo, e mais tarde mudou-se com a família para o Higienópolis. Ainda muito nova, desenvolveu a paixão pela leitura e, aos 18 anos, formou-se em letras pela Universidade Mackenzie, falando francês e inglês, depois de brigar com o pai para estudar.
O casamento de Eunice Paiva
Aos 23 anos, ela se casou com o engenheiro Rubens Paiva, com quem teve cinco filhos: Vera Sílvia, Maria Eliana, Ana Lúcia, Marcelo Rubens e Maria Beatriz. O casal se mudou para o Rio de Janeiro após o golpe militar de 1965.
O assassinato de seu marido, Rubens Paiva, na Ditadura Militar
Em janeiro de 1971, Rubens foi preso e levado aos porões do DOI-CODI, no Rio de Janeiro, onde foi torturado e morto pela ditadura militar brasileira. Eunice e a filha, Eliana, também foram detidas, ficando presas por 12 dias e 24 horas, respectivamente.
Após ser libertada, Eunice passou a exigir respostas sobre o que havia acontecido com o marido. Ao descobrir que ele tinha sido assassinado, iniciou sua luta pelo reconhecimento de sua morte.
A luta de Eunice contra a ditadura militar
Após a morte de Rubens, Eunice ingressou novamente na Universidade Mackenzie, desta vez para cursar direito. Tornou-se uma das maiores especialistas em direito indígena do Brasil, atuando intensamente por meio do Instituto de Antropologia e Meio Ambiente (Iama), organização que cofundou e que operou de 1987 a 2001, e lutou para combater a ditadura militar.
Eunice também foi uma das ativistas responsáveis pela promulgação da Lei 9.140/95, que reconheceu como mortas pessoas desaparecidas por razões políticas durante a ditadura militar, incluindo Rubens Paiva.
O reconhecimento tardio da morte de Rubens Paiva
O reconhecimento oficial da morte de Rubens Paiva veio apenas em 1996, após sancionada a Lei dos Desaparecidos pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, quando o atestado de óbito do ex-deputado foi emitido.
Em 2014, a Comissão da Verdade revelou detalhes sobre a tortura e morte de Rubens, apontando o ex-tenente Antônio Fernando Hughes de Carvalho como responsável pelo crime. Um mês depois, depoimentos anônimos de militares para o jornal O Globo indicaram que o corpo de Rubens foi enterrado no Alto da Boa Vista, transferido para a Praia do Recreio e, posteriormente, lançado ao mar.
A morte de Eunice Paiva
Entre as maiores ativistas contra a ditadura militar no Brasil, Eunice conviveu por 14 anos com alzheimer e faleceu aos 86 anos, no dia 13 de dezembro de 2018, em São Paulo.
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