Paolla Oliveira fala sobre carreira, amor e seus desejos para o futuro
No ar como a dublê Pat, em Cara e Coragem, e lançando sua primeira coleção de moda, a atriz celebra o momento atual e a alegria de ser quem é
Não é exagero dizer que Paolla Oliveira é uma potência dentro e fora das telas. No ar como a dublê Pat em Cara e Coragem, lançando sua primeira coleção de moda e se preparando para desfilar no Carnaval como rainha de bateria da Grande Rio, ela garante que o momento é de plenitude, no trabalho e na vida pessoal. “Estou bem e feliz e isso se deve em boa parte por me sentir hoje mais livre e mais franca comigo mesma e com os outros do que nunca. É um momento de me apropriar mais da minha autenticidade e isso faz dele especial por isso”, conta.
Quem a acompanha nas redes sociais já notou que Paolla está mais aberta – seja na hora de expressar a sua felicidade no relacionamento com Diogo Nogueira, ou a sua opinião sobre assuntos relevantes, como política e seus ideais – algo que a maturidade tornou mais natural. “Acho que há uma virada de chave em algum momento da potência da nossa voz.”
CLAUDIA: Ultimamente, temos visto mais sobre seu relacionamento e vida pessoal nas redes sociais. Como tem sido esse processo de se permitir mostrar mais, e de estar em uma relação com outra pessoa que também tem grande visibilidade pública?
Paolla: É natural. Na verdade, o relacionamento amoroso é uma parte – importante – da vida de uma pessoa. Como nós dois estamos nesse lugar, naturalmente isso acaba também aparecendo. Tenho encarado apenas como bons momentos compartilhados, momentos de amor, alegria. Ainda assim, preservamos e somos discretos com o que queremos, isso é parte da nossa personalidade, aliás. Mas, acima de tudo, é um relacionamento leve, maduro e me permiti vivê-lo sem esta preocupação específica.
Conciliar a agenda de ambos não deve ser fácil, como fazem para se manterem próximos e estarem presentes mesmo com toda a agenda profissional?
A agenda é cheia mas a vontade de estar perto faz a gente ajustar daqui e dali pra dar certo. Então nos programamos e aproveitamos muito quando estamos juntos.
Neste ano, você declarou apoio ao candidato Lula, em uma das eleições mais polarizadas que já presenciamos. O que considera que foi decisivo para se posicionar?
Acho que há uma virada de chave em algum momento da potência da nossa voz. Para uma artista, mulher, inclusive, este é um processo de entender a importância e responsabilidade do seu alcance. Meu posicionamento sempre existiu e para mim era claro, mas entendi que o momento pedia clareza sobre o que penso também para todos, especialmente diante dos aspectos que estavam em jogo. Apesar da polarização e do desafio em se comunicar diante dela, era impossível me calar.
Como foi a repercussão deste apoio? Sofreu muitos ataques e, se sim, como lidou com eles?
Alguns, mas eu sabia que isso aconteceria, considerando o cenário. Vivemos um momento de grande identificação entre pessoas que pensam de maneira semelhante, têm as mesmas crenças, enquanto outras reagem de forma violenta àquilo que não acreditam ou gostam. Acho sempre saudável e importante podermos discordar, mas atacar é algo diferente, isso nunca. Disse de forma respeitosa o que achei necessário ser dito. Honestamente, quem se identificou com premissas que repudio, não se identifica com aquilo que acho mais precioso e isso não é uma questão de partido, por este motivo, não me importo com possíveis ataques nesse sentido.
As Fake News, infelizmente, têm se propagado constantemente na internet – sejam sobre política, ou sobre a vida de pessoas públicas. Como você enxerga essa propagação, e como lida com casos que envolvem seu nome?
Isso é muito perigoso. A internet é um mundo sem controle e tudo se propaga em uma velocidade impressionante. Temos que nos reeducar diante dela, principalmente os mais jovens que se descobrem já conectados. Precisamos usar com responsabilidade, com olhar questionador, checando fontes, perguntando sempre de onde vem a informação, e se desse lugar isto é um fato, uma verdade imparcial. Simplesmente absorver o que chega na nossa bolha, sem nenhum critério, nos faz reféns de mentiras e nos torna facilmente manipulados. E estamos todos cientes do problema a esta altura. Para as mentiras contadas sobre mim eu escolho usar a rede social pra esclarecer aquilo que vale a pena ser esclarecido, principalmente pro meu público, pras pessoas que respeito e que acompanham meu trabalho.
Agora, falando um pouco de trabalho: como está sendo viver Pat em Cara e Coragem? O papel mudou algo na sua percepção sobre a atuação dos dublês?
Pat é uma delÍcia. Leve, divertida, mãezona. É uma personagem que a gente se identifica em vários aspectos. Vou sentir saudades. Além disso, claro, muda não só a nossa percepção sobre os dublês, mas também com relação a outras profissões que muitas vezes são “invisibilizadas” ou não têm a atenção merecida. Os dublês se arriscam por nós, nos possibilitam fazer nosso trabalho, então precisam ser valorizados e aplaudidos, sempre.
O papel parece ser intenso fisicamente, isso foi um desafio para você, ou conseguiu tirar de letra? Como foi esse preparo?
Gosto de compor meus personagens através do fÍsico e a Pat já veio com essa demanda. Ela é bastante intensa fisicamente sim, o preparo foi grande e os desafios continuam a cada nova cena. Mas é mais divertido do que cansativo, estou adorando
Você também acaba de lançar uma collab exclusiva com a Pernambucanas. Como foi atuar em uma coleção de moda e quais diria que são os destaques?
Foi incrível. Eu tive durante um tempo uma relação dúbia com a moda, ao mesmo tempo em que amava e queria transitar nesse universo, sentia que ele nem sempre era para mim, a não ser que me encaixasse de muitas formas. Hoje, meu desejo é que as mulheres possam acreditar e VESTIR uma moda para todas. Para que elas se expressem, se sintam valorizadas, lindas e potentes. E foi o que fizemos eu e Pernambucanas juntas: criamos peças pensadas e desenvolvidas com todo cuidado, acessíveis, básicas, mas únicas na forma, modelagem, com opções de regulagem e combinações pra vestir mais mulheres com corpos e estilos de vida diferentes. Estou muito orgulhosa e feliz com o resultado.
O que veremos da Paolla nas peças?
É uma coleção bem brasileira, feita para nós. Eu e a equipe Pernambucanas vimos o que eu já gostava de usar e trabalhamos em conjunto para criar uma modelagem que parece que foi feita pra cada mulher, se ajustando a corpos diferentes, mais atemporal e que também ajudasse a dar personalidade no estilo único de cada uma.
Quais são os destaques para você?
Adoro as possibilidades de combinação das peças. Mas os macacões são meus xodós. Descolados e fáceis de usar!
Para finalizar: o que a Paolla quer para o futuro? O que falta alcançar, e onde quer estar nos próximos 5 ou 10 anos?
Olha, sinceramente, não sou de pensar em metas distantes assim e hoje nem consigo pensar em metas tão individuais que não incluam o desejo de um futuro menos agressivo e julgador, em que respeito, diversidade, inclusão não estejam como lemas de vida. O que mais desejo pros próximos anos é ter energia como agora pra continuar trabalhando, com saúde, apaixonada por tudo que faço (é a condição que me move) e criando oportunidades.