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“Mrs. America”, série imperdível com Cate Blanchett, estreia no Brasil

Cate Blanchett conta a trajetória de Phyllis Schlafly, ativista conservadora americana cujas ideias iam contra às de feministas como Gloria Steinem

Por Mariane Morisawa, de Los Angeles
Atualizado em 21 set 2020, 15h47 - Publicado em 19 set 2020, 10h00

Cate Blanchett não é de fugir de personagens desafiadores – já interpretou figuras como a rainha Elizabeth I e o cantor e compositor Bob Dylan. Desta vez, porém, a polêmica promete ser maior. Na minissérie Mrs. America, que estreia este mês no canal Fox Premium 1 e no aplicativo da Fox, a vencedora de dois Oscar assume o papel da ativista conservadora Phyllis Schlafly. Nos anos 1970, ela lutou contra a aprovação da Equal Rights Amendment (Emenda dos Direitos Iguais), que visava garantir a igualdade de gênero nos Estados Unidos. Sua luta não poderia ser mais diferente da de Cate, feminista assumida. “Minha concordância ou discordância com a personagem não vem ao caso”, disse a atriz em um evento da Associação de Críticos de Televisão, em janeiro, em Los Angeles. “Não apoio a demonização de ninguém. Todos somos cheios de contradições e hipocrisias. Ninguém é perfeito – embora o cabelo dela sempre estivesse impecável. Meu objetivo é mostrar suas nuances humanizando-a.”

A primeira vez que Phyllis Schlafly chamou a atenção da atriz australiana, presidente do júri do Festival de Veneza deste ano, foi quando ela endossou a candidatura de Donald Trump à presidência – Phyllis morreria em seguida, em 2016. Quem era aquela senhorinha em cadeira de rodas que apareceu em comícios? Cate mergulhou na pesquisa para entender a história da mulher que conseguiu evitar a ratificação da emenda em favor dos direitos femininos, montou um movimento de base com a participação de milhares de donas de casa, fez da campanha antiaborto uma das principais plataformas do Partido Republicano, fomentou a divisão entre os conservadores e os progressistas e ajudou a eleger presidentes como Ronald Reagan. “Phyllis foi imensamente influente”, explica Cate. “Eu fiquei chocada com sua habilidade de inspirar e mobilizar as pessoas usando diferentes táticas – algumas no mínimo duvidosas. Ela era uma alfa e uma força da natureza, assim como eu.”

A minissérie criada e escrita por Dahvi Waller apresenta Phyllis em contraponto ao movimento feminista dos anos 1970 ao colocar em foco outras mulheres. Dos 12 nomes que aparecem nos créditos iniciais de Mrs. America, 11 são femininos – uma raridade na indústria de cinema e TV. Rose Byrne interpreta a feminista Gloria Steinem; Margo Martindale faz o papel da congressista Bella Abzug; Tracey Ullman é a radical Betty Friedan; Elizabeth Banks encarna a conservadora Jill Ruckelshaus; e Uzo Aduba dá vida a Shirley Chisholm, primeira mulher – e negra – a concorrer à Presidência,. “A série realmente destrói a noção de que as mulheres são todas iguais”, afirma Cate. “Nós somos de diversos espectros políticos e origens socioeconômicas e raciais; então há muitas perspectivas diferentes.” A trama mostra esses pontos de choque, mas também os de contato. Bella Abzug e Phyllis Schlafly concorreram ao Congresso com o mesmo slogan “O lugar de uma mulher é na Casa”, referindo-se à Casa dos Representantes, o equivalente à Câmara dos Deputados. “Tem complexidade nas personagens. Elas brigam, há alegria, amor, ódio. Eu queria essa multiplicidade”, acrescenta Dahvi.

(Divulgação/Fox)

Durante o desenvolvimento do projeto, Cate ficou impressionada com a relevância dos temas discutidos em Mrs. America nos dias de hoje. “No início dos anos 1970, estávamos falando sobre banheiros unissex, casamento entre pessoas do mesmo sexo, se as mulheres deveriam ser convocadas pelas Forças Armadas ou não.” Ela ressalta que a ideia é não julgar, mas promover conversas. “Quem sabe assim você consegue entender melhor sua mãe ou sua avó”, diz. Para a atriz Elizabeth Banks, a série é fundamental por mostrar a trajetória do movimento feminista até agora. “Estamos dando prosseguimento ao caminho trilhado por Gloria Steinem e Bella Abzug. Se podemos trabalhar e às vezes recebemos os mesmos salários dos homens ou se temos controle sobre nosso corpo, é por causa delas”, acredita.

Segundo Dahvi, a disputa pela Emenda foi o início das guerras culturais que perduram até os nossos dias. “Dá para traçar uma linha entre 1972 e o momento presente por meio de Phyllis Schlafly e entender realmente como os Estados Unidos se tornaram uma nação tão dividida”, afirma a criadora. As batalhas para vencer não diminuíram – talvez tenham até aumentado. Discutem-se muito atualmente a questão da interseccionalidade e a falha do feminismo em abraçar as questões raciais e sociais. “A diferença é que o movimento agora reconhece esse erro”, ressalta Uzo Aduba. “A série como um todo nos faz pensar se progredimos tanto quanto imaginamos. E, se não, o que cada uma de nós está fazendo efetivamente para mudar a situação?”, pergunta.

Uzo Aduba interpretando Shirley Chisholm (Divulgação/Fox)

O que falta para termos mais mulheres eleitas na política

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