Larissa Luz encarna Afrodite em novo EP, ‘Deusa Dulov’
Larissa Luz mergulhou na mitologia grega, na representação de Afrodite e nos símbolos das religiões de matriz africana para lançar Deusa Dulov
Nuances de simbologias sempre fascinaram Larissa Luz. “Minha mãe é professora de literatura. Mergulhei por muito tempo nas figuras femininas, entre deusas e mulheres ícones, para entender como a história foi formada e pode ser desconstruída na sequência”, conta a artista nascida em Salvador, na Bahia. Na sua trajetória pessoal, ela também precisou compreender seu próprio poder de transformação: “Nesse processo de tomar as rédeas, fui entendendo a negociação do que eu estou disposta a abrir mão em função do que a sociedade exige. Não faço nada porque as pessoas esperam que eu faça. Entendi que posso me priorizar”. É assim, com a autoestima fortalecida e energia para envolver todos a sua volta, que ela fala sobre relacionamentos amorosos no seu novo EP Deusa Dulov Vol. 1.
O trabalho que chega às plataformas digitais no fim do mês mostra a versatilidade de Larissa. Além de cantora e compositora, ela desempenha muitas outras funções. Com a bagagem de produtora, atriz (em 2018, interpretou Elza Soares no palco e ganhou o Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Atriz em Musicais), empresária e curadora (ela cuidou das edições 2020 e 2021 do festival Afropunk no Brasil), ela participou de cada etapa da obra que tem produção de Tropkillaz, sem nunca perder o humor. “Acho fundamental ver graça nas coisas. A leveza é extremamente importante para conseguirmos nos manter de pé, dentro dessa realidade em que o sofrimento é inerente”, defende.
Do candomblé, sua religião, fez questão de incluir referências em faixas como Afrodate (Dreadlov), lançada previamente como single e que ganhou clipe com direção Ygor de Oliveira, e Cupido Erê, a próxima a ganhar um filme. “A convivência com os signos das religiões de matriz africana precisa existir de maneira harmoniosa, deixar de ser utopia. Tem gente que coloca rosa para Iemanjá e depois comete atos racistas. Essas conversas têm que estar no cotidiano para desfazer preconceitos.”