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‘Garota do Momento’ reconstrói o imaginário brasileiro, diz diretora

Em entrevista, Mayara Aguiar comenta o sucesso do folhetim e comenta os temas abordados na trama

Por Beatriz Lourenço
17 Maio 2025, 09h00
‘Garota do Momento’ reconstrói o imaginário brasileiro, diz diretora
‘Garota do Momento’ reconstrói o imaginário brasileiro, diz diretora (Reprodução/Reprodução)
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Beatriz acredita ter sido abandonada pela mãe, Clarice. Mas, quando decide encontrar a moça para buscar respostas sobre seu passado, ela a encontra com uma nova família. Porém, ela faz de tudo para conquistar esse amor que perdeu ainda na infância. Nesse processo, ela encontra novos amigos, descobre um amor puro e ainda precisa lidar com alguns inimigos.

Essa é a trama central de Garota do Momento, escrita por Alessandra Poggi e exibida na TV Globo. A novela, que está em reta final, não passou despercebida pelo público – ela chegou até a desbancar a audiência da recém-lançada Vale Tudo por três dias seguidos. Segundo a diretora Mayara Aguiar, esse sucesso todo se dá pela forma sensível que o roteiro aborda questões identidade, relações familiares e os desafios enfrentados por mulheres em busca de seu lugar na sociedade. Abaixo, confira a entrevista completa:

CLAUDIA: Garota do Momento é uma das novelas de maior sucesso da Globo. Por que você acha que ela tem tanto alcance?

O que conquista o público é uma protagonista como a Duda Santos e como conseguimos nos ver dentro da história. E o que nos aproxima são as temáticas e o jeito como cuidamos delas. Há um equilíbrio dos assuntos na tela: falamos sobre racismo, por exemplo, sem deixar aquela sensação de desconforto. Além disso, essa é uma novela romântica, uma fábula de esperança – tanto que até os vilões são um sucesso.

CLAUDIA: Um dos pontos que mais chamam atenção é o do casal interpretado por Paloma Duarte e o de Danton Mello. É um relacionamento que tem tantas camadas, como vocês construíram isso?

O inicial plot da Lígia era o de viver sem ter amarras. Mas olha só como era ser mulher, em 1958, e ir embora de casa, deixando os filhos com o pai. Ela é mal falada e mal vista. E isso acontece tanto com os homens, que largam as mulheres para seguir uma carreira. É óbvio que tem um amor entre os dois, mas a mágoa vai destruindo a relação. Mas o que é mais interessante dessa dupla é pensar que vale correr atrás dos seus desejos. Os escritores desenham essa loucurinha muito bem. E era importante contar essa história porque essas mulheres existem hoje e muitos ainda jogam pedra. 

Segundo Mayara Aguiar, diretora da novela, o sucesso se deu pela sensibilidade com que os temas são tratados
Segundo Mayara Aguiar, diretora da novela, o sucesso se deu pela sensibilidade com que os temas são tratados (Maju Magalhães/Divulgação)

CLAUDIA: Essa novela que projetou a atriz Duda Santos. Como você percebe o trabalho dela?

Desde a preparação, entendemos que tinha uma força dentro dela. Ela tem um brilho potente, é estudiosa e se joga na personagem. E é curioso porque, apesar de muito jovem, ela consegue segurar as responsabilidades muito bem – tudo com uma escuta valiosa. A Duda escuta os mais velhos, conversa com os câmeras, com a fotografia, com a tecnologia… E entende que o nosso jogo não é um jogo individual. 

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CLAUDIA: A existência do clube Gente Fina é importante para o movimento negro da história. Como você avalia esse espaço?

A ideia era fazer um espaço cultural forte inspirado nos coletivos pretos que existem até hoje. Há, inclusive, algumas cenas que homenageiam pessoas que foram desses movimentos. Há algumas semanas, por exemplo, exaltamos uma apresentação de jongo com alguns convidados e foi incrível fazer isso. Levar para o público um imaginário que não havia sido construído até agora é muito emocionante.

CLAUDIA: Costumamos falar que a novela é um reflexo da população e que ela responde às nossas demandas. Dito isso, estamos pedindo por mais diversidade nas telas?

Sim, estamos exigindo mais do audiovisual brasileiro e não tem como nenhuma empresa ou grupo ir contra a maré da diversidade. No Brasil, somos a maior parte da população e estamos começando a ser ouvidos. Ter uma protagonista negra era uma necessidade e uma demanda de mercado que a gente nem sabia que era possível. O público está desejando e, quando chega na tela, é uma felicidade imensa. Estamos sendo muito acolhidos.

Em entrevista, Mayara Aguiar comenta o sucesso do folhetim e comenta os temas abordados na trama
Em entrevista, Mayara Aguiar comenta o sucesso do folhetim e comenta os temas abordados na trama (Reprodução/Reprodução)

CLAUDIA: Uma das vilãs que mais têm destaque é a personagem da Bia, interpretada por Maisa Silva. Como tem sido trabalhar com ela?

Maisa está em um momento de carreira brilhante. O ódio que sentimos pela personagem é bom porque isso significa que ela está trabalhando muito bem. Ela é extremamente dedicada e, apesar de muito jovem, já tem muita experiência. O elenco jovem tem muita vontade de fazer acontecer e é muito entregue. Às vezes, olho para ela quando está no celular e ela está lendo, estudando as falas e as cenas – o que é mega valioso.

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Bia é cruel, o que ela sente pelo Beto não é amor, talvez seja algo de uma adolescente mimada que não está disposta a perder. Ela quer subir até conseguir se sobressair, mas vamos ver o que o futuro prepara para ela, né?!

CLAUDIA: A novela já está na reta final. Quais são as conversas que ela trouxe para o público?

Sinto que essa novela foi a mais provocativa e a mais receptiva no quesito diálogo – e diálogos que poderiam ter sido difíceis. Costumo ter receio da palavra “diversidade” porque estamos falando muito e às vezes se esvazia de significado. Mas, no caso de Garota do Momento, sinto que construímos isso com muita responsabilidade e respeito. 

O questionamento que deixamos é: e se no passado a gente tivesse tido a oportunidade de debater mais, será que seríamos assim hoje? Acho que esse projeto foi um diálogo entre todos: mulheres, pessoas pretas, pessoas brancas e os nossos aliados. Quando acabar, todo mundo vai se sentir inspirado para recriar o imaginário brasileiro. 

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