Por dentro da nova galeria dedicada a Yayoi Kusama em Inhotim
20ª galeria permanente do Inhotim, maior museu a céu aberto do mundo, exibe duas instalações da artista japonesa
Você pode não se identificar com o trabalho de Yayoi Kusama, mas é impossível não se sentir impactado por suas obras, caracterizadas pela imersão e pela provocação. É exatamente assim que Júlia Rebouças, diretora artística do Instituto Inhotim, enxerga a carreira da artista japonesa: “É um trabalho engajador, porque você pode até não se identificar, mas não sai indiferente”.
A artista de 94 anos, nascida em Matsumoto, é a mais nova homenageada pelo Inhotim, maior museu a céu aberto do mundo, localizado em Brumadinho (MG). Inaugurada em 16 de julho, a vigésima galeria permanente do espaço abriga agora duas obras da artista: I’m Here, But Nothing (2000) e Aftermath of Obliteration of Eternity (2009).
O impacto causado pelo novo espaço já acontece antes mesmo do visitante entrar nas obras. Conforme explica Allan Schwartzman, cofundador do Inhotim, a intenção de criar uma parede revestida com chapas metálicas é exatamente causar curiosidade sobre o que elas escondem.
Com uma área de quase 1.500 metros quadrados, o projeto arquitetônico foi desenvolvido por Fernando Maculan e Maria Paz e levou em conta a popularidade da artista e nas filas que suas obras costumam atrair. A área verde que recebe os visitantes é inspirada em um jardim tropical multicolorido, onde foram plantadas mais de quatro mil bromélias, todas cheias de pintinhas, em referência à artista.
“As Congeas, plantas trepadeiras, daqui cerca de quatro anos vão abraçar todo o teto da galeria. A ideia é criar um ambiente escuro, para que os olhos já se acostumem com o interior das salas”, explica Juliano Borin, curador Botânico do Inhotim, que revela ainda que as pedras do jardim foram inseridas de forma com que fiquem inclinadas em direção ao Japão.
I’m Here, But Nothing (2000)
Em I’m Here, But Nothing, a primeira impressão é de entrar num universo de diversão, preenchido por bolinhas que brilham no escuro – impossível não querer tirar dezenas de fotos. Ao observar com mais cautela, vemos que a sala recria um ambiente comum de um lar, com mesa, sofá e até televisão. A obra faz referência ao conceito da artista de anulação de si mesma (auto-obliteração), remetendo à dissolução do espectador no próprio ambiente.
Aftermath of Obliteration of Eternity (2009)
Já Aftermath of Obliteration of Eternity proporciona uma experiência individual, ou quase – são permitidas duas pessoas por vez na sala. Nela, Kusama nos coloca numa posição de contemplação: a obra é composta por uma sala escura, rodeada por espelhos e lanternas que esmaecem à medida que nossa percepção se afasta da realidade. O tempo de permanência é de apenas um minuto, que parece passar num piscar de olhos e deixa aquela vontade de curtir mais um pouquinho.
Os ingressos de acesso ao Inhotim custam R$ 50 e você encontra em inhotim.org.br