Flip 2023: tudo o que você precisa saber sobre a edição
O Festival Literário Internacional de Paraty acontece entre os dias 22 e 26 de novembro
A multiplicidade da linguagem literária proposta por Patrícia Galvão forma o coração da 21ª Flip – Festa Literária Internacional de Paraty. A edição de 2023 conta novamente com a curadoria de Fernanda Bastos e Milena Britto, que assinaram a edição do ano passado, junto ao professor Pedro Meira Monteiro.
“Quando a gente começou a ler sobre Pagu, vimos que, enquanto viva, foi muito mais criticada e perseguida que elogiada. Era como se o Brasil a visse como uma figura errante, sem olhar profundamente para o que ela contribuiu”, comenta Milena.
“Pretendemos cruzar um pouco os caminhos da poesia com a rebeldia. E a valorização da poesia não como algo passageiro ou sagrado, mas que faz parte de uma base vinculada ao presente, tanto no sentido semântico do que significa a gente pensar a palavra poética ou como atravessar os caminhos da poesia em zonas de conflito, mas também como ela se propõe”, explica a professora da Universidade Federal da Bahia.
Por isso, o artista em destaque deste ano é Augusto de Campos, um dos grandes nomes da poesia concreta no país. “Ele é muito bom para propor conversas que cruzam essas linguagens. Afinal, a literatura não está fechada em si e para si.”
Livros
Além das autoras-destaque desta edição, vale colocar na sua lista de próximos livros as obras de e sobre Pagu. O recém-lançado Até Onde Chega a Sonda (R$ 72,90, Fósforo) é um texto inacabado e inédito até o momento, um escrito prisional feito em 1939, entre o período de um de seus encarceramentos (1936-1940).
O contexto de tortura faz com que a obra tenha um tom diferente dos seus outros livros, mais pessoal e íntimo. O prefácio de Silvana Jeha e Eloah Pina contextualiza os escritos no tempo-espaço em que a autora estava inserida, dando alicerces para seguir bem a leitura.
Já Pagu no Metro (R$ 75, Nós) é uma investigação da pesquisadora Adriana Armony sobre os anos que Patrícia Galvão viveu em Paris, na França, entre 1934 e 1935. Entre fotografias inéditas, documentos políticos, arquivos e descobertas importantes, a obra apresenta uma realidade de Pagu (e outras mulheres militantes) que vai ao encontro da própria autora.
Aqui, a escrita em primeira pessoa vai muito além de uma escolha narrativa. Ela é quase impossível de desviar, num espaço feminista de questionamento, tensão e perspectiva. “Meu nome é Adriana Armony. Parece nome artístico, mas não . Não tem a ver com harmonia, como alguns imaginam. Armony sem agá. E com ípsilon. Significa ‘meu castelo’, em hebraico”, começa.
Mesas de debate
Tradicionalmente, a Flip organiza rodas de conversa sobre literatura e todas os recortes possíveis dentro da proposta curatorial, além, claro, de discussões do contemporâneo. Entre os dias 22 e 26 de novembro, uma média de três encontros marcam a dinâmica dos dias.
A primeira mesa, A Mulher do Povo, com Adriana Armony e David Jackson, visa mostrar as contribuições literárias de Pagu para as diversas vertentes artísticas – quarta-feira, 22, às 19h. No dia seguinte, a mesa que encerra quinta-feira, 20h45, Lembranças de Todas as Coisas Ocorridas, tem Natalia Timerman e Sinéad Gleeson conversando sobre memória e ensaísmo.
Na sexta-feira, 24, às 17h, não perca Carla Akotirene e Akwaeke Emezi, com mediação de Maria Carolina Casati, conversando sobre ancestralidade e tradições afrodiaspóricas na mesa Contra a Mentalidade Decadente. Sábado, às 19h, Christina Sharpe e Leda Maria Martins sobem no palco para discutir sobre a potência da arte negra em Vocês Servirão de Lenha para a Fogueira Transformadora.
Onde ficar
A cidade ferve quando o festival literário acontece. Para conseguir dar conta da correria ao longo da intensa programação de eventos, a dica fica com o Selina Paraty, que está entre as estadias parceiras da Flip 2023.
Além de quartos compartilhados (para quem for viajar em grupo) ou privativos (para até duas pessoas), o hotel também oferece um generoso espaço de cowork para facilitar o trabalho remoto.
A localização privilegiada, próximo ao centro histórico, facilita ainda os momentos de descanso com lazer em meio a paisagem de Mata Atlântica. selina.com/pt