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Festival Verão Sem Censura põe São Paulo na dianteira da defesa da cultura

Com 15 dias de duração, festival abre espaço para produções censuradas pelo governo federal.

Por Colaborou: Gabriela Teixeira
Atualizado em 17 fev 2020, 10h20 - Publicado em 14 jan 2020, 18h43

Há um ano no comando da Secretaria de Cultura da cidade de São Paulo, Alê Youssef parece afeito a projetos ambiciosos. Sob a tutela dele, a Virada Cultural realizada em maio de 2019 teve recorde de público, atraindo 5 milhões de pessoas. Para o próximo Carnaval, mais um número grandioso: 865 blocos e cordões devem tomar as ruas da capital durante a folia, que pode se tornar a maior do país. Antes, porém, um outro evento já está marcado na agenda cultural de São Paulo.

Entre os dias 17 e 31 de janeiro, o Festival Verão Sem Censura se compromete a acolher manifestações culturais que passaram por algum tipo de repressão recentemente. Com uma programação repleta de peças, filmes, exposições, debates e outras atrações, os 15 dias de evento contam com mais de 45 atividades gratuitas, nas cinco regiões da cidade.

Youssef define o projeto como uma “concretização coletiva da defesa da cultura”, que tem sido alvo de ataques por parte do governo Bolsonaro “O festival é fundamental para a defesa da liberdade de expressão, democracia, da civilização e do pensamento. Ao realizá-lo, estamos posicionando a maior cidade do Brasil, que é a capital nacional da cultura, na defesa contundente desses valores”, explica o secretário.

Muito antes de ser eleito presidente da República, Jair Bolsonaro já fazia questão de não esconder sua aversão à cultura. Crítico ferrenho da Lei Rouanet, um dos pilares de sua campanha foi a promessa de “acabar com a mamata” de artistas que estariam desperdiçando dinheiro público. Dito e feito. Tão logo assumiu a presidência, ele tratou de desmontar o Ministério da Cultura, primeiro o transformando em Secretaria Especial da Cultura e, em seguida, subordinando a pasta ao Ministério do Turismo.

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Alvo de críticas, a medida não foi a única polêmica do presidente em relação ao setor cultural. Em junho de 2019, ele nomeou o diretor de teatro Roberto Alvim para a diretoria do Centro de Artes Cênicas da Funarte (Fundação Nacional de Artes). Seguindo sua linha ideológica conservadora, uma das primeiras ações de Alvim foi censurar a realização da peça Res Publica 2023, produção da companhia “A Motosserra Perfumada”. A obra aborda, entre outros temas, a ditadura militar. Proibida de ocupar um espaço na Fundação, a peça recebeu o aval do prefeito Bruno Covas para ser encenada no Centro Cultural São Paulo.

“Depois disso, veio uma avalanche de situações parecidas e continuamos acolhendo essas peças. Então percebemos que seria importante condensar todo esse trabalho em um movimento importante, impactante e simbólico”, revela Youssef. Uma vez nascida a ideia, o secretário afirma que não houve dificuldade para realizar o festival, abraçado por todas as áreas do governo municipal. “Tivemos também um ‘apoio curatorial’ do Governo Federal, que nos forneceu muito conteúdo”, brinca.

Já em sua primeira noite, o Verão Sem Censura será aberto com show de Arnaldo Antunes na Praça das Artes, cujo videoclipe O Real Resiste teve exibição barrada na TV Brasil por conter temas críticos ao governo. Um pouco mais tarde, o DJ Rennan da Penha se apresentará na sacada do Theatro Municipal, levando o som do funk a um espaço tradicionalmente elitizado. “Não dá para falar de censura e repressão sem falar do funk. Assim como movimentos musicais como o samba e o hip hop, o funk sofre muito preconceito e perseguição enquanto cultura e expressão legítima. Por isso fizemos questão de colocá-lo no festival.”

O secretário explica que o show também dá continuidade a uma série de ações que a prefeitura tem feito para popularizar o Municipal. Em 2019, 52% das pessoas que estiveram no local jamais haviam visitado o espaço antes. “Acreditamos que o Theatro tem que estar aberto para todos. No lugar de um antagonismo, [o show de Rennan da Penha] deve ser visto como um elemento natural de ocupação do nosso maior palco.”

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Questionado sobre possíveis represálias, Youssef afirma não ter receios. “É natural que o festival seja visto como um contraponto à postura do governo federal. Mas São Paulo é um berço cultural e continuará sendo, independentemente de qualquer ação deste Governo. E, como já disse o prefeito Bruno Covas, é nosso papel enquanto maior cidade do país ser um grande ponto de defesa e de luta pela democracia.”

A programação completa do Festival Verão Sem Censura pode ser conferida aqui. Para as peças de teatro, a distribuição de ingressos será feita com 1h de antecedência. No caso das apresentações na Praça das Artes, o acesso é livre.

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