Danega Conservas: auxiliar de enfermagem faz sucesso com conservas artesanais
Lucimara Augusto se divide entre o hospital e as encomendas de geleias e conservas em Presidente Prudente, extremo Oeste de São Paulo

Há 5 anos, a auxiliar de enfermagem Lucimara Augusto se desdobra entre o trabalho na área da saúde em Presidente Prudente (SP) e um talento que apostou durante a pandemia: produzir geleias, molhos e conservas de forma artesanal. Após testar alguns sabores e os amigos aprovarem, ela decidiu empreender, conciliar a rotina do centro cirúrgico e fundar sua marca, a Danega Conservas.
Com simpatia, Lucimara recebeu CLAUDIA em sua casa, no bairro Vila Flores, para falar da trajetória que a incluiu na Rota Gastronômica Pontal do Paranapanema, que reúne, em um raio de 24 cidades do extremo Oeste de São Paulo, 14 pontos da gastronomia regional que merecem ser conhecidos. A rota faz parte do programa Sabor de São Paulo, parceria da Secretaria estadual de Turismo e Viagens (Setur-SP) com o Mundo Mesa e o Senac-SP, para incentivar o turismo e gastronomia de diferentes regiões.
“No começo, eu tinha feito o rótulo com meu nome. Ofereci o molho de pimenta a um amigo, ele experimentou e falou: ‘isso não tem a ver com Lucimara Augusto, é um negócio Danega, coisa boa que a gente conhece’. E pegou”, diverte-se, sobre o nome escolhido para o produto.

O dom para a cozinha veio da mãe, Maria Lúcia, que tinha a mesma profissão. “Antes de ser auxiliar de enfermagem, ela foi cozinheira de forno e fogão em casas de família, então sempre gostamos muito de cozinhar. A primeira receita que fiz para vender foi do molho de pimenta, é o queridinho até hoje”.
Atualmente, 20 produtos estão no catálogo, como geleia de batata-doce com conhaque, pasta de batata-doce com pimenta, geleia de maçã e abacaxi com peppermint e escabeche com quiabo, que variam entre R$ 30 e R$ 32 o pote com 250 g.
Lucimara chega a vender até 400 potes por mês, para pessoas que vão até sua porta, feiras livres, dois estabelecimentos de Presidente Prudente e também nas cidades vizinhas de Rancharia, Regente Feijó e Anhumas.
Processo artesanal

“Eu não tenho nada de máquinas. As receitas, o fechamento, o envaso, tudo é feito na mão. Perguntam como eu dou conta, nem eu sei. Pretendemos aumentar nossa produção. Daqui a pouquinho já está internacional”, diz, soltando sua gargalhada que preenche o ambiente.
Os amigos do hospital, os patrões e amigas do ramo de gastronomia são seus “degustadores”, que provam as inovações em primeira mão. Quando recebe a aprovação da maioria, Lucimara coloca o produto para vender.
Rotina
Para dar conta da produção, ela vai todos os dias 5h30 para a academia e, após o banho lá mesmo, corre para o Centro Cirúrgico, onde fica até as 16h00. Depois, dedica-se à produção da Danega.
“É tudo programado, se não, não consigo dar conta. Minha agenda do mês que vem está todinha pronta. Aos domingos de manhã boto a casa em ordem, porque parece a Marquês de Sapucaí depois do carnaval. De tarde, descanso”.
Empreendedorismo feminino e conquistas
No quintal de sua casa, ela realiza eventos em que convida outras duas empreendedoras a cada edição para, juntas, inspirarem outras mulheres. Os encontros, divulgados pelo Instagram, atraem pessoas não só de Prudente como das cidades vizinhas.
“Eu não tinha referência. Comecei com a cara e a coragem, com vontade, e hoje muitas mulheres e pessoas da cidade realmente me veem como referência. Trago um conteúdo de relevância sobre autoestima, motivação e superação, em uma palestra para até 36 pessoas com uma mesa para que a gente possa dar risada e conversar”, explica.
Aos 55 anos e trabalhando desde os 17, a técnica de enfermagem deu entrada na aposentadoria. Após deixar a profissão, pretende se dedicar à produção das geleias e conservas. “Antes eu pensava que, quando fosse me aposentar, esse trabalho seria o complemento da minha aposentadoria. Agora a chave já virou, a aposentadoria será a complementação da Danega.”
Entre as conquistas da vida, Lucimara celebra a casa em que mora há 14 anos. “Eu nasci aqui nesta rua, em uma casa de madeira na esquina, e esta casa, naquela época, era a mais chique do bairro, a gente falava, quando passava para a escola, que era ‘a casa dos ricos’. Nós compramos a casa dos ricos e reformamos”, recorda.

Entre as dicas que ela dá para as mulheres – 50+ ou não – que queriam empreender, a principal é colocar no papel seus planos e vontades e começar.
“As demais coisas vão vindo com o tempo. Se eu não tivesse dado o primeiro passo, feito as conservas e levado para o hospital nem tivesse mandado recadinho ‘olha, eu estou fazendo isso, você quer experimentar?’, eu não estaria agora no Sabor de São Paulo. Estude, se forme e, principalmente, conecte-se com pessoas. Sozinho, a gente não vai a lugar nenhum. Seus amigos, as pessoas que gostam de você, te indicam e te levam”.
Lucimara se considera realizada. “Eu sempre sonhei em ter um negócio, receber pessoas, conseguir empreender, fazer algo para colocar nas mesas das pessoas. Acreditar é uma coisa e você ver acontecendo, conseguir fazer e as pessoas enxergarem que isso é possível é muito bom. Eu me emociono porque lembro que minha mãe falava: ‘Maricota, você vai fazer muita coisa. Tem que deixar algo bom, para as pessoas lembrarem de você por algo bem feito’.”
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