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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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Como não ser vítima da positividade tóxica

Não negar as emoções negativas é o primeiro passo para não cair na armadilha de que a vida precisa ser sempre perfeita

Por Stéphanie Habrich Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
15 fev 2024, 09h55
positividade tóxica
Positividade também pode ser negativa. Entenda.  (Jacqueline Munguía/Unsplash)
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Você sabe o que é positividade tóxica? Entrei em contato com o tema quando comecei a ler o livro Positividade Tóxica – Como ser autêntico em um mundo obcecado pela felicidade, de Whitney Goodman. A obra começa com a história de uma pessoa que acabou de perder o emprego e decide compartilhar seu problema com um amigo. Ao contar, a resposta que houve é: “pelo menos você tem todo esse tempo de folga agora! Poderia ser muito pior. Pense em tudo que vai aprender com isso”. 

Segundo a autora, nesse momento do diálogo, a positividade tóxica entrou oficialmente em campo. Esse começo da leitura me impactou, especialmente porque consegui me reconhecer dos dois lados da conversa. 

Acredito que essa seja uma realidade para muitas pessoas. Quem nunca sentiu que teve sua dor diminuída por um amigo? E quem nunca soltou uma frase do tipo “olha pelo lado bom” durante uma conversa? 

Minha sensação é que temos dificuldade em lidar com algumas emoções – tanto as nossas quanto a dos outros. Mas para não ficar só com a minha sensação, decidi conversar com uma especialista para entender mais a fundo o que é a positividade tóxica e como podemos nos proteger em relação a ela. 

Falei com Alessandra Aragão, que é comunicadora e trabalha com terapia sistêmica, mentoria positiva e coaching de vida e carreira. Segundo ela, existe uma má interpretação sobre as emoções quando as classificamos como positivas ou negativas.

Todas são válidas e necessárias. É importante sabermos validar as emoções, pois através do que sentimos, conseguimos perceber o que está acontecendo dentro de nós. A emoção é uma maneira da mente nos mostrar num nível mais profundo o que estamos vivenciando.

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“O problema é que as pessoas vivem nos extremos. Ou elas são vitimistas ou otimistas demais. Está faltando equilíbrio para a maioria das pessoas”, diz a terapeuta. 

O que é a positividade tóxica 

A positividade tóxica entra em cena quando acreditamos que temos que estar felizes o tempo inteiro e por isso reprimimos emoções vistas como negativas, como tristeza, raiva ou medo. É quando criamos uma crença de que precisamos ser positivos, felizes e alegres o tempo inteiro.

Isso acaba prejudicando a nossa saúde mental e nos causa frustração e culpa. Nunca achamos que está bom. Precisamos ter mais, precisamos ser felizes, bem remunerados, ter o melhor emprego e o corpo perfeito. 

Segundo Alessandra, o excesso de exposição nas redes sociais é um dos grandes problemas do momento. É o que nos traz essa falsa realidade de que a vida precisa ser um conto de fadas. Não conseguimos perceber que o que está no Instagram é um recorte da vida da pessoa e não o seu dia a dia. “Quantos de nós tem um amigo que está passando por um problema na intimidade, mas na rede social parece que o problema não existe?” 

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Vale destacar positividade tóxica é diferente de ser otimista. “A positividade tóxica nega os problemas reais e dificuldades e exige a felicidade o tempo inteiro. O otimismo nos faz reconhecer que temos desafios, mas acreditamos que temos capacidade para superar”, afirma a terapeuta. 

positividade tóxica - leite derramado
É essencial compreender que todos os sentimentos são válidos, inclusive os negativos. (Estúdio Bloom/Unsplash)

Vítimas e algozes 

Em alguns momentos somos vítimas, mas também podemos ser algozes de outras pessoas com nossa positividade tóxica. Às vezes, por não saber como lidar com a dor de um amigo querido, invalidamos seu sentimento.

“O mimimi é a dor do outro que não conseguimos ver, então, temos que ter o cuidado de não ficar criticando e negando a dor do outro”, alerta.

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Positividade tóxica de pais para filhos

Até com nossos filhos precisamos tomar esse cuidado. Segundo Alessandra, os pais precisam se mostrar mais humanos para os filhos. Mostrar que também ficam tristes e frustrados e que sentem raiva em determinadas situações. Mas, para isso, os pais também precisam se autoconhecer. 

Se o filho está triste porque não passou no vestibular, dizer para ele não ficar triste porque no ano que vem tem outra prova não vai ajudar. O melhor a fazer é se colocar ao lado do filho dando apoio para enfrentar a situação, pois assim vão desenvolver habilidades para superar os desafios ao longo da vida. 

“Precisamos entender que nossos filhos não são de cristal e precisam ser preparados para a vida. Viver a dor com o filho é importante, mas hoje os pais estão fazendo o contrário, colocando os filhos numa redoma, como se nada de errado pudesse acontecer, como se eles tivessem que ser felizes 24 horas sem nenhuma frustração. Dessa forma, os pais acabam se tornando tóxicos para os filhos.” 

Para nos defendermos da positividade tóxica, o primeiro passo é cultivar uma mentalidade de aceitação e validação de todas as nossas emoções. Nosso sistema de luta e fuga vai existir a vida inteira, mas precisamos enfrentar os desafios de uma forma saudável, com inteligência e domínio emocional. Para isso o autoconhecimento é o mais importante.

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